Um paraíso regado à natureza e história


Artur Araujo


Reportagem publicada em 02 de agosto de 1998 no jornal Diário do Povo (Campinas / São Paulo / Brasil)



Sol, mar, história e belezas naturais aguardam o turista que se aventura a conhecer o Cabo de Santo Agostinho. Localizado a 33 quilômetros de Recife, a capital de Pernambuco, o local cativa o visitante com sua paisagem, ostentando praias limpíssimas, um rio cristalino, um sítio histórico e uma vegetação deslumbrante.

Águas claras e areia branca, polvilhadas aqui e ali de sargaço (um tipo de alga), e verdadeiras piscinas de águas quentes, rasas e calmas. Essas são as características da praia do Paraíso e da simpática praia da Preguiça - uma pequena faixa de areia rodeada de pedras e mato - do Cabo de Santo Agostinho.

Protegidas ambas por um recife natural de rochedos, que contém a arrebentação das ondas, elas são um convite ao sossego. Degustar um camarãozinho, embalado com uma cerveja gelada ou, para aqueles que gostam de bebidas mais fortes, de uma boa cachaça de rolha, fazem qualquer um se sentir um rei no próprio Jardim do Éden.

Mas nem só de mar vive o Cabo. O pequeno rio Massangana, de águas transparentes e salgadas, também seduz o visitante. Sua vegetação de manguezal está praticamente intacta e abriga caranguejos e outros exemplares da fauna e flora deste tipo de ecossistema. Por se manter protegido da depredação, o Massangana é um fornecedor generoso de matéria-prima para a culinária local, que se aproveita de seus caranguejos e peixes para deleitar turistas e a população que ali vive. O seu estreito curso, de menos de cinco quilômetros, também abriga um pouco de história. Nas proximidades de sua nascente fica a fazenda Massangana, do estadista pernambucano Joaquim Nabuco (1849/1910), que passou a infância ali. A casa da fazenda é atração turística e está aberta à visitação.

O valor histórico da região entretanto não se esgota aí. Muito mais há o que falar, inclusive a polêmica que até hoje existe entre os historiadores, pois muitos crêem que, antes de Cabral, o Brasil foi descoberto pelo navegador espanhol Vicente Pinzon, que teria chegado ao Cabo de Santo Agostinho em 26 de janeiro de 1500, três meses antes do português. O descobridor teria chamado o Cabo de Santo Agostinho de Rosto Hermoso — Rosto Formoso — e à baia formada pela praia e a barreira de recifes de Baia de La Consolacion - Baía da Consolação.

Falso ou verdadeiro, a região está toda impregnada da história do Brasil. Oficialmente, ela foi registrada em mapa pelo famoso navegador italiano Américo Vespúcio (1451-1512) em 18 de agosto de 1501, a serviço da coroa portuguesa. Um pouco depois, no século 16, a região se tornou pólo de exportação de cana-de-açúcar e de madeira para Portugal. Preocupados em não perderem a possessão, os portugueses construíram, em 1630, um forte, conhecido como Castelo do Mar, pelo desenho de suas torres, que lembram a de um castelo medieval, e um quartel no Cabo de Santo Agostinho, para enfrentar qualquer potência invasora que tentasse usurpar aquela terra.

O potencial econômico da região entretanto chamou a atenção dos holandeses, então a grande potência da época, e, em março de 1637, sete anos após a construção do forte, os holandeses tomaram Pernambuco. Por sua importância estratégica, o local continuou a ser explorado. Além do forte do castelo, os holandeses construíram outro na praia do Paraíso - deste, entretanto, só restou um amontoado pedras, destruído que foi pela ação corrosiva do mar.

Essas verdadeiras relíquias históricas, que são o quartel português, o forte Castelo do Mar e os restos do forte holandês, encontram-se maltratados pelo tempo e pelo descaso, mas a situação promete melhorar, pois o hotel Caesar Park do Cabo de Santo Agostinho tem a intenção de propor um projeto de preservação destes patrimônios.

O jornalista Artur Araujo viajou a convite do Caesar Park do Cabo de Santo Agostinho.



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