Impossíveis

Murilo Araujo, no livro "Carrilhões" (1917)


Ah! poeira por poeira e mundo por mundo,
o caos redemoinha a vibrar - vibrar!
No céu... na terra... no espaço profundo
há os mesmos ions num torvelinhar!

E em febre também num ciclo fecundo
há de o nosso ser evolucionar!
... Se se pudesse parar num segundo...?
Que sonho doce e impossível - parar!

Mas toda a força inicial agitada
com o movimento é forçada a viver?
Ah, Vive: Pareça paralisada
na morte e vive: é cristal ou é ser!

Porque tal lei na matéria plasmada?
Viver não é quase sempre sofrer?!
E sofre-se tanto!... Oh! se houvesse o Nada...
Que sonho impossível: parar-morrer!



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