Aos Estados Gerais da Psicanálise

Maria Auxiliadora Arantes

Como não pude participar ainda de nenhuma das reuniões do grupo "Caraíbas", estou encaminhando através desta breve carta, algumas questões que desejo compartilhar com os psicanalistas que vêm se interessando pela relação psicanálise-política.

Sei que um dos "disparadores" dos Estados Gerais, foi o livro "Não conte a ninguém"de Helena Besserman Vianna, editado e publicado na Franca, mas sabemos que já em 1994 fora feita sua publicação no Brasil, pela editora Imago/RJ, embora a edição francesa seja mais completa. O Sedes Sapientae fez um lançamento do livro em 1997, com a presença da autora e de uma das principais testemunhas das atividades de Amilcar Lobo - a ex-presa política Inês Etienne Romeu. O evento foi esclarecedor e comovente inclusive pela determinação de Helena B. Vianna de tornar públicas questões que envolvem as relações entre política e psicanalistas, as relações políticas nas instituições psicanalíticas e/ou a política da instituição psicanalítica.

Considero que a psicanálise tem coisas a dizer sobre política e esta é uma vertente que pode ampliar os debates que vêm ocorrendo quer entre nós, quer entre os que consideram que a psicanálise pode contribuir para análise de aspectos da vida política e social do país.

Dentro dessa perspectiva, que há muito me preocupa, estudei a clandestinidade política no Brasil, entre 1964.1979, e este foi o tema de minha dissertação de mestrado na programa de Psicologia clínica da PUC - SP (1993).

A Escuta publicou meu texto em 1994 e o livro ficou chamando Pacto Re-Velado, psicanálise e clandestinidade política.

Gostaria de colocar este livro à disposição dos que se interessam por essa vertente de reflexão e sugerir também a leitura do texto " Insuficiência imunológica psíquica e toxicomania" de M.T. Berlinck- Boletim de Atividades Pulsional, nº 13/novembro de 1997.

Dentro dos psicanalistas latino-americanos, Marcelo Vinãr tem um texto publicado na Revista Percurso nº 13/ 2º sem. 1994, intitulado "O Reconhecimento do Próximo".

Acho que nossa condição de brasileiros e latino-americanos nos instiga a pensar e a refletir sobre estas questões inerentes à história e à política de nosso país. Somos psicanalistas dentro destas circunstâncias, frente às quais a clínica não nos deixa escapar...

Maria Auxiliadora Arantes
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