A Editora UNIMEP
e a Equipe de Psicanálise da Faculdade de Psicologia da PUC-SP

convidam para o lançamento do livro de

Franklin W. Goldgrub

A Máquina do Fantasma
Aquisição de Linguagem & Constituição do Sujeito

Dia 05 de junho, terça-feira, às 19:30 hs
no Saguão do TUCA (PUC-SP)
Rua Monte Alegre, 984
Perdizes - São Paulo

ISBN:   85-85541-23-7
R$ 32,00

Sumário do Livro

INTRODUÇÃO  – LINGUÍSTICA E PSICANÁLISE – UM DIÁLOGO INTERROMPIDO
PREÂMBULO

CAPÍTULO I    REFLEXÕES SOBRE O INATISMO CHOMSKYANO

Chomsky vs Skinner ou inato vs adquirido
Chomsky e Saussure ou a busca dos universais
Alcances e limitações do chomskysmo
Chomsky e Piaget
Chomsky e o inconsciente
Chomsky e as críticas de procedência wittgensteiniana.
A regra gramatical e a lei
Uma weltanschauung chomskyana.
Chomsky e Freud – algumas afinidades eletivas
Sintaxe e relação sujeito-objeto – gramática e loucura.

CAPÍTULO II – VYGOTSKY OU A CONSCIÊNCIA ESTRUTURADA COMO LINGUAGEM

Vygotsky e seu cenário: psicologia, linguagem, epistemologia
Vygotsky, Chomsky e Freud
Inconsciente e linguagem em Vygotsky
A hipótese vygotskyana sobre a aquisição de linguagem. O debate com Piaget
Encontro e desencontro com Freud
O sétimo capítulo de Pensamento e Linguagem e o discurso interno
Recapitulação

CAPÍTULO III – CLÁUDIA DE LEMOS E A AQUISIÇÃO NA PERSPECTIVA SAUSSUREANA

Os modelos teóricos
A história da aquisição
O esquecimento da fonologia.
Cláudia de Lemos e a história do interacionismo.
“Processos metafóricos e metonímicos”
Sintagma e paradigma
A aquisição na perspectiva de Saussure

CAPÍTULO IV – O ESPELHO E A LETRA

A hipótese fonético-fonológica/especular sobre a aquisição da linguagem
Análise de exemplos na perspectiva fonológica
Os escritos de Jakobson sobre a afasia e a questão da aquisição.
A filogenia da linguagem segundo Philip Lieberman.

A emergência do trato vocal
As críticas de Lieberman a Chomsky
Sintaxe
Algumas críticas a Lieberman

CAPÍTULO V – LÍNGUA DE SINAIS E AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM

A aquisição da linguagem na surdez

Língua de sinais e a questão ética
A aquisição na surdez e a questão da constituição do sujeito
Linguagem e cultura
Línguas orais, línguas de sinais e línguas crioulas
Hipótese sobre o processo de constituição de identidade na criança surda filha de pais ouvintes

As línguas crioulas e a aquisição de linguagem

Bickerton e o inatismo radical.
Questionamento da hipótese da aprendizagem lexical de Bickerton.

CAPÍTULO VI – O PRIMATA E A LINGUAGEM

O encontro entre Apolo e Pan
Cócegas na sintaxe
Macacos me falem
A hipótese fonético-fonológica/especular e a linguagem dos primatas
A identificação nos primatas “falantes”

CAPÍTULO VII – O FANTASMA DA MÁQUINA

Aquisição de linguagem e estádio do espelho: preliminares
Freud e a questão da constituição do sujeito
A identificação
Klein e Lacan ou o debate epistemológico em psicanálise
As dificuldades de Lacan com a articulação entre significante e significado
A solução proposta por Laplanche e Leclaire
O testemunho clínico
Lacan e o questionamento da identificação à imagem
A questão da etiologia no autismo e na esquizofrenia
Édipo e Linguagem

CONCLUSÃO    LINGUÍSTICA E PSICANÁLISE - AUTONOMIA E DIÁLOGO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

                                                                    

A p r e s e n t a ç ã o

O leitor talvez se surpreenda com o índice deste livro, em cujos sub-títulos comparecem, lado a lado, autores pertencentes a famílias teóricas em princípio antagônicas ou pelo menos distantes. Não é muito comum que Skinner,  Lacan, Vygotsky,  Jakobson, Freud, Chomsky e Piaget compartilhem as páginas do mesmo ensaio — a menos que se trate de um livro introdutório à psicologia ou à linguística, o que não é o caso. Acontece que as mais sólidas abordagens teóricas já se debruçaram sobre o balbucio e a algaravia.  Os teóricos da infância e da linguagem sempre foram atraidos  por um enigma: como sucede que esse ser ainda perplexo com talheres e penicos, apaixonado por chupetas e fraldas, passe de repente a conversar sobre os mais diversos temas, fazendo perguntas altamente constrangedoras  proferidas nas ocasiões menos propícias, com o dedo enfiado na tomada ou no nariz?

A aquisição de linguagem, disciplina inscrita oficialmente no campo da psicolingüística, tem inspirado à psicanálise um amor platônico. Freud tratou do tema em sua monografia sobre a afasia (1891) e no artigo metapsicológico sobre o inconsciente (1915). Melanie Klein se ocupou da emergência da simbolização no âmbito da oposição entre realidade e fantasia. Lacan fez parcas menções a esse campo empírico que nas décadas de 50 e 60 foi trabalhado exaustivamente pela psicologia comportamental e pelo gerativismo chomskyano, no marco da acirrada polêmica que opôs os defensores das teorias da aprendizagem aos adeptos da hereditariedade. O referido debate apresentou um saldo sobretudo inconclusivo... para não dizer decepcionante.

As décadas de 60 e 70 testemunharam o ingresso dos darwinianos na discussão. Houve uma pletora  de experimentos com primatas, fornecendo dados surpreendentes que pareciam contrariar simultaneamente as expectativas simetricamente opostas das correntes organicistas e ambientalistas. Os chimpanzés, gorilas e orangotangos iam muito além do que autorizariam supor os postulados inatistas de Chomsky e permaneciam perversamente aquém dos resultados que os psicólogos de inspiração behaviorista esperavam alcançar.

Ao mesmo tempo, a descoberta da psicose infantil reativou o interesse dos psicanalistas pelo tema. A respectiva literatura, porém,  trata sobretudo de aspectos emocionais, deixando na sombra a questão da aquisição.

Essa situação tem suas consequências. Mencione-se, em relação à teoria lacaniana,  o imperativo, apontado pelo próprio Lacan, de rever o conceito de “identificação à imagem do corpo”, elaborado em seu artigo sobre o estádio do espelho (1949). Acrescente-se a isso o estado ainda lacunar da teoria da constituição do sujeito e do método interpretativo, áreas que poderiam beneficiar-se de uma melhor compreensão das condições que regem a emergência do discurso.

Levando em conta tais questões, A máquina do fantasma apresenta uma hipótese sobre a aquisição da linguagem, formulada a partir de uma reflexão sobre as pesquisas de Cláudia de Lemos, as elaborações de Lev S. Vygotsky, a teoria do valor de Ferdinand de Saussure, a metapsicologia freudiana, as conceituações lacanianas acerca do significante e os estudos de Roman Jakobson sobre a afasia.

 

C o n t r a c a p a

A aquisição da língua materna, milagre a que se assiste cotidianamente com  perplexidade e encantamento e cujos momentos cômicos são habitualmente registrados na memória anedótica da família, constitui, do ponto de vista teórico, um enigma que tem desafiado as diversas tentativas de solução empreendidas pela psicolingüística, tanto a behaviorista como a de inspiração chomskyana.

A máquina do fantasma aborda o tema através do exame crítico da contribuição de vários autores bem como mediante a interrogação de diversos campos de pesquisa, com a finalidade de estabelecer uma hipótese precisa, cujo núcleo tem por referência a teoria psicanalítica da constituição do sujeito.

Assim, o estudo da afasia por Jakobson, a descrição vygotskyana do discurso interno em Pensamento e Linguagem, as pesquisas de Cláudia de Lemos sobre a aquisição da língua materna, a teoria do valor de Saussure, as conceituações lacanianas acerca do significante, o debate relativo ao estatuto da língua de sinais, as hipóteses de D. Bickerton referentes às condições de emergência das línguas crioulas, os experimentos de  ensino de linguagem a primatas e a vinculação proposta por Ph. Lieberman entre a teoria da evolução e a origem da linguagem, são tratados como peças de um quebra-cabeças cuja montagem exige uma cuidadosa articulação dos resultados alcançados nesses campos disciplinares.

Franklin W. Goldgrub é professor da Faculdade de Psicologia da PUC (SP). Publicou Trauma, amor e fantasia,
O Complexo de Édipo, Futebol – arte ou guerra,  Freud, Marlowe & Cia e  Mito e Fantasia – o imaginário
segundo Lévi-Strauss e Freud.

E-mail:
sanlorenzo@mail.com

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