Proposta de Trabalho sobre o Cotidiano da Clínica

Entendo o fenômeno cultural como um aspecto indissociável do psiquismo, que no caso do atendimento clínico de pacientes orientais nos leva a refletir sobre nosso método e sobre a universalidade — ou não — da psicanálise.

Se pensarmos a clínica psicanalítica como eminentemente ocidental, fundamentada numa formação e numa teoria também eminentemente ocidentais, como enfrentarmos e discutirmos o tratamento clínico de pessoas vindas, por exemplo, do Oriente? No Brasil, e principalmente na cidade de São Paulo, esta é uma questão pertinente, pois somos um país onde a imigração japonesa foi muito expressiva e onde o intercâmbio cultural Brasil-Japão continua sendo.

Buscando respostas clínicas para essa questão, como lidar com as diferenças culturais, que tantas vezes pedem uma reflexão profunda e minuciosa do método psicanalítico? Quais são essas diferenças e como lidamos com elas? Será o individualismo ocidental um viés suficientemente deturpante à escuta de pessoas vindas de outras culturas? Como lidar com nossos conceitos fundantes — transferência, neutralidade, consciente/inconsciente, id-ego-superego, conflito edípico, castração — na análise de um japonês ou de um indiano? Como fica a questão religiosa?

Quais as consequências transferenciais a enfrentar na análise de alguém proveniente de uma cultura tradicional? O que representa, para ela, o processo de diferenciação e de autoconhecimento, numa trajetória narrada na primeira pessoa e baseada na livre-associação?

O que a psicanálise tem de universal e de especificamente ocidental? Podemos afirmar que a psicanálise é um método adequado para o tratamento de pessoas vindas de culturas tão radicalmente distintas da nossa?

Estas e outras questões de interesse do cotidiano clínico poderão ser discutidas no grupo Caraíbas dos Estados Gerais da Psicanálise de São Paulo

Maria de Fátima Siqueira
tel.: 8153291
mfmarques@uol.com.br


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