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Composições de Flausino Vale

 

FLAUSINO VALE

Flausino Rodrigues Vale

( Continuação da página anterior )

Segundo meu antigo professor, José Martins de Mattos, amigo íntimo de Flausino e o testemunho de meus pais que o ouviram tocar diversas vezes, Flausino Vale era um "especialista" em interpretar Charles de Bériot: "Scène de Ballet", "Air Varié", e todos os concertos do mestre belga. Além disso sabia, de cor, os estudos da Ècole Transcendente, op 123.

 

Flausino com Villa-Lobos; à direita, Charles de Bériot - o encontro de duas culturas

Flausino Vale era jornalista, escritor e poeta. Escreveu e colaborou em vários jornais do país como cronista musical. Interessou-se por tudo que fosse brasileiro e publicou debates sobre a autóctone dos índios. Escreveu um tratado sobre folclore musical e um ensaio sobre músicos mineiros.

Publicou um livro de poesias - Calidoscópio, e escreveu outro que permanece inédito, com o prefácio de Augusto de Lima. Foi também poeta, autor de "Calidoscópio", seu único livro de poesias publicado. Além destes, escreveu "Ânfora de Rimas", "Lérias e Pilhérias" (contos anedóticos), "Provérbios" e "Elementos de Folclore Musical Mineiro".

Flausino Vale interessava-se por tudo; lia ininterruptamente, anotando e comentando à margem. Estudava história, e técnicas musicais de harmonia e contraponto, ciências, literatura brasileira e estrangeira, filosofia, religião, história natural, etnografia e arqueologia.

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Flausino era um homem alegre, gostava de contar anedotas e discorrer longamente sobre folclore, a vida e os costumes dos índios brasileiros.

Muitos de seus contemporâneos nos transmitiram uma série de fatos bizarros e anedotas divertidas sobre seu modo de viver, tocar e lecionar.

Nunca foi rico. De certa forma, desprezava o dinheiro. Considerava como verdadeira riqueza a arte e a cultura, bens que os ladrões não roubam e nem a morte pode levar. Mas não era compreendido. Alguns amigos lhe diziam que tocasse menos suas composições, que talvez elas não valessem nada... Flausino não se deixava atingir por estas opiniões desanimadoras. Ele tinha consciência do que produzia musicalmente e dizia: ‘Depois que eu morrer vocês poderão julgar melhor se têm ou não valor".

Certa vez confessou à imprensa com tristeza: "não acreditam em mim, meus prelúdios permanecem inéditos..." Entristecia-lhe o fato de uma enciclopédia argentina ter publicado sua biografia apontando-o como natural de Barcelona ao invés de Barbacena.

Mas ele não poderia supor que Jascha Heifetz, o maior violinista do século, logo iria gravar o Prelúdio XV intitulado "Ao Pé da Fogueira". Quando Heifetz esteve no Brasil fez questão de conhecer o compositor e cumprimentá-lo. Tornaram-se amigos e por muitos anos mantiveram correspondência.

Transcrição de Jascha Heifetz de "Ao pé da Fogueira", com acompanhamento de piano

Sua personalidade era complexa: apesar de tudo isso, não se considerava um "virtuose" e tão pouco um verdadeiro compositor. Dizia que precisar de mais quatro encarnações para começar a aprender de verdade. Admitia, entretanto, o valor de suas composições, pelo conteúdo nacionalista que continham.

Compôs com simplicidade e verdade, sem o artificialismo dos que tentam imitar os clássicos e que não passam de ridículas falsificações. A música de Flausino Vale tem um discurso raro, uma manifestação espontânea e genuinamente brasileira: vibra em uníssono com o canto dos passarinhos misturados às doces harmonias dos regatos, o ranger das porteiras e dos carros de boi.

Flausino Vale faleceu em 1954 vítima de um ataque cardíaco, quando ainda conservava no espírito a mesma alegria e disposição com que, na infância, corria pelos campos de sua querida Barbacena.

 

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