VERSIONES 14/15

Año del Buey - Junio/Julio - Agosto/Setiembre de 1997


Director, editor y operador: Diego Martínez Lora.
Versiones se elabora desde la ciudad de Vila Nova de Gaia, Portugal


Rui de Barros:
Quem vê caras não vê corações

Os pesquisadores afirmam que o homem evolui a partir do macaco e, essa passou a ser a verdade aceite nos meios científicos. Entretanto, se olharmos à nossa volta, ficamos com a impressão que a espécie humana não só se originou do macaco, mas também de outras raças de répteis, aves, anfíbios e mamíferos, o que vem contradizer a teoria que os antropólogos defendem. Vejamos.

É só olhar para os rostos que se cruzam com o nosso para que este pensamento nos assalte, tal é a semelhança na forma anatómica e também interior. Se não vejamos. Nunca viu alguém parecido com um gorila? Por certo que sim. Porém esta parecença é a mais fácil porque de um antropoide se trata. Mas dissequemos a parecença. Como o chimpazé e o orangotango, o gorila pertence à super-família dos Hominóides, sendo o maior e o mais forte de todos e o mais semelhante ao homem. Devido aos seus braços compridos e pernas curtas, costumam andar como quadrúpedes, com o dorso dos dedos apoiados no chão Uma das principais características é que, quando se sente provocado, levanta o corpo, solta grunhidos e bate no peito e no chão. Alguns homens são assim.

Todavia há outros que parecem gatos. O gato é um mamífero carnívoro da famílias dos Felídeos. Se o conhecemos como apreciador de carapaus, é porque a crise milenária o habituou a não comer carne. Existem diversas raças de gatos, mas todas apresentam características comuns: pelagem densa, dentes ponteagudos, unhas retrácteis e hábitos nocturnos. Como os seus parentes mais ferozes - o tigre e o leão -, o gato é també um animal predador, caçando especialmente ratos, que é o que tem mais à mão e encontra aliás com mais facilidade. Distinguem-se por apresentar um tufo de pelos nas orelhas.

Existem também homens parecidos com o cavalo. Até ao início do século XIX era o meio mais importante que o homem dispunha para viajar. Substituidos nas longas viagens por combóios, a que os índios designavam de «cavalo de ferro», são hoje criados para correr em hipódromos e outros divertimentos aos quais os UHF já dedicaram uma cançao, e até, para serem exibidos nos circos e nas corridas «à portuguesa». Continuamos a enxergar que há homens assim.

Outros há que se assemelham a tartarugas, nome dado aos répteis da ordem dos Quelóneos, que tem o corpo protegido por uma carapaça formada por placas ósseas e a boca sem dentes. Características principais: lentidão a locomover-se e possuirem casca grossa.

Deparamo-nos muitas vezes com homens de aspecto de coruja. Esta ave, pertencente à família dos Estrigiformes, como as demais aves de rapina, a coruja dormita no ninho durante o dia, apanha sol nos galhos das á e à noite sai para caçar. À volta dos olhos tem penas distribuidas em forma de círculo, o chamado disco facial, semelhante a um par de óculos ou a uma máscara. Como as cavidades orbitais são muito grandes, a massa cerebral é muito pouca.

Outros assemelhan-se a pavões. O pavão común e o pavão real são criados na Europa desde a antiguidade devido à sua beleza. De temperamento agressivo, o pavão deve ser mantido afastado das outras aves. No seu habitat natural é tímido e oculta-se sempre que se sente ameaçado. Além de possuir uma bela plumagem verde com reflexos metálicos, o pavão oferece um belo espectáculo ao abrir a cauda em leque para cortejar as fêmeas. Por certo já conheceram alguém assim.

De todos os espécimens há um que é bastante vulgar no nosso meio: o camaleão. O camaleão é um réptil que abandonou o meio aquático para viver em terra firme. A sua principal característica é a faculdade de mudar de cor para se confundir com o meio ambiente e enganar os seus inimigos e as suas presas. A sua língua comprida esta à altura da sua reputação e os seus olhos são independientes um do outro, podendo assim olhar para dois lados distintos ao mesmo tempo, permitindo-lhe fixar a vítima sem que esta s aperceba.

Vou falar agora do veado, nome comum dado aos mamíferos Artiodáctilos da família dos Cervídeos. Todos os veados possuem pernas fortes e caminham na ponta dos cascos formados por dois dedos. A pelagem varia de cor com a estação: arruivada no verão e castanha no inverno, sendo formada por uma mescla de pelos finos e pelos ásperos e grossos, existindo porém alguns totalmente pelados. Vivem em bandos numerosos e possuem ramificadas astes, aproveitadas às vezes para bengaleiros. Possuem temperamento familiar e condescendente.

Mas há mais. temos poe exemplo a baleia. A baleia é um mamíferro pertencente à família dos Cetáceos. Grande, gorda, pachorrenta, tem que vir à superfície para respirar. Quando toca a comer, abre a enorme boca e mete um cardume inteiro nela. Depois fecha as chamadas barbas, que substituem a ausência de dentes, expele a água e vai digerindo pausadamente, procurando não ser incomodada durante o repasto. A maior de todas é a baleia azul, que décadas atrás se encontrava com abundância por esses mares. Agora os especímens são raros e as que ainda conseguem navegar por aí tem outros cores. Fazem lembrar alguém?

Finalmente temos os ursos, família dos Ursídeos, que se distribuem pelas diferentes regiões do globo. Alguns de pelo escuro, outros de pelo claro. Sendo pesadões, têm mesmo assim a faculdade de trepar às árvores o que dificulta a defesa das suas vítimas. Têm um andar bambolenate, mas apesar de lento, atinge às vezes velocidades na corrida e é um óptimo nadador. Dizem que a partir da dédaca de 70 está em vias de extinção, o que sinceramente não acredito, porque de ursos ainda anda o mundo cheio. mas quem vê caras não vê corações e eu estou aperrado a esta frase feita: quanto mais conheço o homem mais gosto dos animais. A verdade é que gosto mesmo. Agora que acabei esta trapalhada, vou direitinho ao espelho para tentar descobrir as minhas afinidades V


(*)Rui de Barros, pintor e poeta português. Mora no Porto