Esta foto corresponde ao modelo que foi, sem dúvida,
a maior referência do transporte rodoviário de passageiros,
não só no Brasil, mas em muitos outros países,
como Estados Unidos e Argentina, Uruguai e Peru entre outros.
Na Argentina o modelo foi copiado por mais de 15 encarroçadoras
locais.
Todos queriam produzir o seu Diplomata.
No Brasil, a Nielson o produziu por muitos anos e no Uruguai,
fez parte da frota da Onda, uma empresa que buscava operar de forma
similar à Greyhound americana, a maior operadora do modelo.
No Peru foi utilizado durante muitos anos por diversos transportadores e,
na época, considerado um ônibus de categoria diferenciada, VIP.
Era fabricado pela GMC - Modelo PD 4501 - e pela Flxible - Modelo VL 100 -
onde oferecia outras opções de motorização, além
do motor Detroit Diesel.
Abaixo vemos o veículo como se encontra hoje,
comprado por um particular.
A referida foto foi tratada e transformou o veículo
fotografado (ainda vivo), deixando-o com a pintura original de sua chegada
no Brasil, em 1958 adquirido pelo Expresso Brasileiro.
Este modelo - Flxible VL 100 - recebeu no Brasil o nome de DIPLOMATA.
Nos
Estados Unidos, era conhecido como SCENICRUISIER.
Foram importados 30 veículos pelo Expresso Brasileiro, dos quais 3
foram liberados dentro dos prazos normais, ficando os outros 27 retidos na
alfandega por quase dois anos à espera do julgamento do processo que
considerava ter sido a importação ilegal, pois já havia sido
promulgada uma
lei que proibia importação de veículos completos. Ao final foram
liberados, mas esse atraso e as altas taxas cobradas, levaram a empresa
à uma
situação financeira difícil e a mesma foi vendida.
Os veículos possuiam originalmente um motor Cummins de 6 cilindros;
entretanto no caso brasileiro,
estavam equipados com o motor Detroit Diesel modelo 6-71, (também
conhecido como GM Marítimo por equipar
algumas embarcações e principalmente as balsas que faziam a travessia -
Santos / Guarujá - do canal de acesso ao porto de Santos.
Esses motores foram muito famosos na época e, até hoje, são considerados
como obras-primas da indústria automotiva.
Possuem uma grande legião de fãs), caixa de mudanças manual de 5
velocidades, diferencial de redução simples
e suspensão por barras de torção, mais tarde substituida por suspensão
a ar, quando a Breda comprou a frota do Expresso Brasileiro.
O freio de serviço
era a ar, mas o de estacionamento era de aplicação mecânica (catraca).
Quando a Breda vendeu os ônibus restantes (durante o período que
estiveram
em atividade nessa empresa, alguns veículos foram desmanchados para
que
suas
peças fossem utilizadas em outros, para que continuassem rodando, pois
a
importação de peças para reposição era difícil e cara), os mesmos
foram
arrematados alguns em lotes (a empresa uruguaia ONDA levou alguns),
outros
unitariamente, caso da Transbrasil que fazia o transporte de seus
passageiros entre os aeroportos de São Paulo e Viracopos, a Tochpe e a
Viação Cometa, que adquiriu uma unidade para manter em sua frota de
raridades (conhecida como Museu da Cometa), pois seu "dono", o
comendador
Tito Masciolli, era fã, melhor dizendo - fanático, por GM's. Os demais
foram
sucateados e vendidos para desmanches.
Pelas notícias, somente dois desses ônibus continuam "vivos": o
exemplar
do
Museu da Cometa e este que foi fotografado por mim, em maio deste ano.
O
da
Cometa está original e em perfeitas condições de saúde, inclusive
mantendo
as cores do Expresso Brasileiro, sem o logotipo, enquanto que este
aqui está
com a saúde muito abalada, o que é uma pena, pois o modelo é sem
dúvida
nenhuma uma das jóias raras da industria fabricante e montadora de
ônibus.
Na minha concepção, este é (ainda é) a maior obra de arte do segmento.
Não houve e nem haverá outro igual.
Como disse, é a "minha" opinião.
Texto de Marco Antonio Paes, em setembro de 2005
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