MANIFESTO DE DEMISSÃO DO EX-PRESIDENTE DO IPHAN NOS PÕE A PENSAR NA SUA CRISE
Alexandre Figueiredo
A demissão do então presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Antônio Augusto Arantes, ocorreu em fevereiro de 2006. Foram, portanto, oito meses, pois este texto é de outubro. Mas publicamos a sua carta de demissão para que assim reflitamos a respeito da crise em que atravessa a instituição e a falta de investimentos e políticas permanentes para o órgão, que é vinculado ao Ministério da Cultura.
Antônio Augusto Arantes, professor do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é autor e vários textos e livros, como Paisagens paulistanas: transformações do espaço público (Ed. Unicamp, 2000) e do volume O que é Cultura Popular, da Série Primeiros Passos, da Brasiliense (este foi originalmente publicado em 1981, mas chegou à quinta reimpressão de 2006). Também é organizador do livro O espaço da diferença (Papirus, 2000), com textos de outros autores, sobre assuntos relacionados a antropologia, urbanismo, cultura, espaço público e outros temas das ciências sociais. Arantes estava na presidência do IPHAN desde 2004. Também participou da diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).
A demissão se deu dois meses antes antes do prazo-limite negociado com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que era em abril. O antropólogo reclama da falta de atenção do Governo Federal com o IPHAN, que sofre de insuficiência de verbas. Houve também acusação de fraudes cometidas por Arantes, como o uso do dinheiro do IPHAN para interesses pessoais.
Os três textos são publicados para pôr a gente a pensar, a respeito dos problemas do IPHAN, considerado uma das instituições discriminadas pelas políticas públicas, e que tem problemas até de pessoal, necessitando de mais de cem novos servidores (além da substituição de aposentados e de futuros exonerados, estes descontentes com a situação econômica da autarquia).
A saída de Arantes se deu um mês antes da instituição renovar seu quadro de servidores, aprovados no concurso realizado em outubro de 2005, em todo o país. Arantes foi substituído por Luiz Fernando de Almeida.
TEXTOS RELACIONADOS À RENÚNCIA DE ANTÔNIO ARANTES:
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