Sonhei esta existência de venturas,
Sonhei que o mundo era só d'amôr,
Não pensei que havia amarguras
E que no coração habita a dôr.
Sonhei que m'afagavam as ternuras
De leda vida e que jamais pallôr
Marcou na face humana as desventuras
Que a lei de Deus impoz com rigôr.
Sonhei tudo azul e côr de rosa
E a sorte ostentando-se furiosa
Rasgou o sonho formoso que tive;
Sonhando sempre eu não tinha sonhado
Que n'esta vida sonha-se acordado,
Que n'este mundo a sonhar se vive!*