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GERDA WEISSMANN KLEIN






Gerda Klein.
Conheci Gerda Klein e seu marido Kurt Klein no dia 26 de setembro de 1996 no L´HOTEL em São Paulo.

Gerda Weissmann Klein é uma judia polonesa, sobrevivente do Holocausto e que passou três anos confinada em guetos. Além de ter sobrevivido a outros três anos em campos de concentração, ela resistiu à Marcha da Morte -a trágica caminhada dos prisioneiros de guerra judeus pelo Leste Europeu no final da guerra-.

Inicialmente composta por quatro mil mulheres somente de sua unidade, dessa Marcha restaram cento e vinte que foram liberadas por um contingente militar cujo líder era Kurt Klein, um judeu alemão de nascimento e seu atual marido.


Gerda explica que a Marcha da Morte era a caminhada que os levaria para um campo de extermínio próximo a Berlim com a finalidade de serem executados, numa tentativa nazista de eliminar todas as testemunhas do Holocausto. Havia a necessidade dessas longas marchas uma vez que as balas eram muito caras para serem usadas nos assassinatos. Durante a Marcha, que durou três meses, eles andavam e dormiam no relento, existindo muita fome, tifo, anemia e extermínios.

Sobre o convívio entre as pessoas durante a guerra, ela diz que "as pessoas divulgam os horrores dos campos de concentração, mas existia apoio, união e amizade. Durante a Marcha da Morte, uma amiga avistou uma framboesa e pegou; a noite, me entregou. Essa mesma amiga morreu em meus braços aos 18 anos”.

Com o fim da Guerra, Kurt forneceu os papéis para Schindler emigrar para os Estados Unidos. Ele conta que recebeu uma orientação para dar atenção especial para aquele grupo. Primeiramente ele transportou-os para o interior da Zona de Segurança e depois para a Suíça, como Schindler queria. Kurt só veio a descobrir que Schindler estava no grupo em 1987. O casal Klein conheceu Émile, a viúva de Schindler, em Phoenix nos Estados Unidos, em 1994.


Gerda e Kurt Klein.


Faltava um dia para Gerda completar 21 anos quando Kurt a encontrou. Ela havia perdido 36 Kg, estava com os cabelos brancos e não sabe como nem porque ele se apaixonou, mas ele explica: "Assim que cheguei, ela se sobressaiu no grupo e eu senti que tinha que ir atrás dela".

Logo em seguida, Gerda foi levada para um hospital. "No hospital, ela já tinha em mente escrever um livro; ela tem uma memória muito boa. Uma coisa que particularmente me chocou, foi que dois dias depois de internada entre a vida e a morte, ela escreveu uma nota em agradecimento às tropas americanas contando como foi a liberação." diz seu salvador.


O casal Klein.
Em 1946 Gerda foi para os Estados Unidos onde ficou noiva de Kurt. "A alegria de estar livre e viva era muito grande. É como sair de um quarto escuro para um lugar claro. Você fica tão feliz que nem se lembra do escuro" diz ela sobre sua vida depois da guerra.


Em 1946 Gerda foi para os Estados Unidos onde ficou noiva de Kurt. "A alegria de estar livre e viva era muito grande. É como sair de um quarto escuro para um lugar claro. Você fica tão feliz que nem se lembra do escuro" diz ela sobre sua vida depois da guerra.

Perguntada sobre se em algum momento durante a guerra prometeu a si mesma que se sobrevivesse se dedicaria a divulgar o Holocausto, Gerda diz: "Tento me lembrar se cheguei a me prometer isso, mas não consigo. Eu era muito jovem e o instinto de querer viver era muito grande. Mesmo assim, me sinto com a responsabilidade de divulgar o que aconteceu, então tento levar informações para os jovens que são o futuro, justamente para alertar sobre o risco dessa desgraça tornar a acontecer. As pessoas cometem o erro de dizer que o Holocausto foi uma tragédia judaica, mas não, foi uma tragédia humana."

O Museu do Holocausto em Washington recolheu o depoimento de Gerda e mais oito sobreviventesda Marcha da Morte; em 1994 o diretor do Museu informou a ela que o vice-presidente da HBO tinha assistido a seu depoimento e havia convidado-a para fazer um filme. A escolha de seu depoimento se deve ao fato de sua história ter tido um final feliz.

Gerda concordou fazer o filme, então a HBO mandou uma equipe de filmagem para a Polônia e para todos os campos de concentração por onde ela havia passado.

O filme, "Lembranças de uma Sobrevivente", ganhou Oscar de documentário em curta-metragem de 1995 e sobre isso Gerda diz que nunca imaginou, nem mesmo em seus "sonhos mais loucos" que um dia viria a participar de um Oscar. Sobre o significado disso, ela diz: "Foi uma emoção muito grande conseguir colocar para fora uma coisa que por seis anos eu nem se quer murmurava a respeito; e aquele Oscar estava sendo visto por um bilhão de pessoas, o que é maravilhoso."

Gerda no Oscar.


Gerda Klein que sempre quis ser escritora, tem cinco livros publicados: "All but My Life" onde ela conta sua vida durante a guerra; "Blue Roses" baseado na história de uma criança que sofre retardamento mental; "Promise of a New Sprin: The Holocaust" dirigido ao público infantil retrata o Holocausto de uma maneira mais leve; um livro baseado na vida da filha do dono da rede de lojas Sears; e o último "Peregrination" sobre crianças no México. Ela conta que recebe muitas cartas de adolescentes, e uma das coisas que mais lhe choca é alguns jovens lhe contarem sobre a vontade de se suicidarem e a admiração por ela não ter se matado mesmo vivendo nas condições desumanas em que viveu.

Uma de suas maiores preocupações mesmo antes de ter vivido nos campos e guetos é a fome. Atualmente ela está envolvida com projetos relacionados com o assunto.




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