SESSÃO SOLENE DA ACADEMIA CAETITEENSE DE LETRAS
DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2001
DISCURSO DO ACADÊMICO BARTOLOMEU DE JESUS MENDES SAUDANDO O INGRESSO DA PROFESSORA AGNALDA PÚBLIO DE CASTRO, NO QUADRO EMÉRITO DESTE SODALÍCIO.
UM IDEAL PROGRESSISTA E PERSISTENTE
Permitam-me, senhores, aproveitar a oportunidade e deixar exarar do meu peito uma justa gratidão. E mais, para que eu possa romper os limites da minha subjetividade e avançar no sentido da generalização, estendendo a todos os confrades aqui presentes, a co-autoria desta fala.
Não há melhor tributo que se possa prestar a um ideal combativo e libertário, senão conservar na imortalidade os esforços desprendidos por aqueles que o criaram e o sustentaram.
Desde os tempos remotos o homem tem se reconhecido como um ser social e, por extensão, político. Inicialmente, associando-se em pequenos grupos nos âmbitos das aldeias. Logo depois, e progressivamente, evoluindo para grandes comunidades, organizando-se em cidade, Estado e Nação.
A meu ver, é justamente a nação que expressa a alquimia que resulta nos laços de solidariedade e cumplicidade que devem permear as relações humanas no seio da Sociedade.
Ao serem evoluídas as espécies, resultou o Homem como Ser dotado de consciência reflexiva, direcionado à preservação de sua própria espécie, com o objetivo imposto pela própria evolução de lutar pelo bem-estar social, principalmente, daqueles que, por intervenção danosa de outros homens insensíveis, egoístas e gananciosos, os fazem oprimidos e deserdados. Os verdadeiros Homens são aqueles que colocam suas vidas na luta em favor do respeito à dignidade humana que se traduz no exercício pleno da Liberdade e da cidadania. E a homenageada desta noite, Prof.ª  Agnalda Públio de Castro, que está recebendo o título que lhe é conferido pela Academia Caetiteense de Letras, se enquadra, sob medida, nos requisitos atitudinais exigidos para o perfil do homem simples e verdadeiro,  uma vez que o conceito da ciência extrapola as diferenças do sexo. Uma mulher simples, criativa e intelectual que vem construindo um vasto repertório de experiências, ao longo de sua existência, em favor da sua cidade natal e em nome das classes perseguidas, nas quais estão presas as suas raízes. São anos de dedicação beneditina que esta incansável senhora vem disponibilizando aos ideais progressista e libertário legados pelo seu saudoso pai e nosso indelével combatente Durval Públio de Castro.
As gerações se renovam no tempo e no espaço. As lembranças podem ser ofuscadas quando os interesses exigem. Mas, a Memória - o centro administrativo da lembrança e do esquecimento, jamais se extinguirá na vida do homem salvo se pela patologia forem identificados sintomas de degenerescência. É daí que emanam os estímulos que impulsionaram os líderes sociais - a certeza de que os esforços, sedimentados na consciência coletiva, se perpetuarão com chances de efetivarem as aspirações embutidas nos seus conteúdos.
O líder progressista e empreendedor, Durval Públio de Castro, em 1932, fundou o Partido Liberal de Caetité, com o objetivo de combater a estrutura coronelista local que negava o direito de inserção democrática aos demais segmentos da população caetiteense. O partido fundado por Durval foi logo extinto sob a alegação de que não era permitida a extensão desta agremiação partidária em nível municipal, mas, nacional.
Foi o mesmo Durval quem dirigiu a Sociedade Evolutiva e Protetora da Lavoura e, através desta entidade, fundou um jornal, em 1917, que funcionou como veículo divulgador da própria sociedade.
Ainda foi Durval Públio de Castro, entre 1917 e 1922, quem chefiou os trabalhos de construção do monumental Teatro Centenário com muita competência e habilidade, entregando-o à comunidade em pleno funcionamento.
Uma árvore tão vistosa e produtiva, só poderá legar bons frutos. E dentre os bons frutos que produziu destacamos hoje a nossa homenageada. Uma filha que desde cedo acreditou e se converteu aos princípios humanistas de seu pai, assumindo a sua causa, tomando para si o dever de continuar a sua saga. Como Sentinela Avançada na defesa dos oprimidos tem escrito e publicado vários artigos. Como fonte inesgotável de informações sobre a cidade continua recebendo os inúmeros pesquisadores que peregrinam à sua porta, em busca de dados para realizarem seus trabalhos acadêmicos. É para esta excelência que se voltam, nesta noite, todas as atenções desta comunidade acadêmica querendo proclamar o seu nome aos quatro cantos desta cidade, para que seja gravado nos corações dos seus moradores a sua importância para a nossa História. Se até agora não publicou um livro, isto não é nada, porque ela própria já é um livro aberto ao alcance de todos aqueles que a procuram.
Lembrada,
para sempre seja,
Agnalda.
Pelo seu
sentimento nativista,
Plagiando o que nos disse
Jeremias
em suas prédicas:
"Abre sempre a tua boca
em prol do mundo"
Texto de Bartolomeu de Jesus Mendes - Academia Caetiteense de Letras - Caetité - 2003 - Todos os direitos pertencem ao Autor
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