BOB MARLEY · A VIDA, A MÚSICA, OS DREADS
BIOGRAFIA
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· NINGUÉM SEGURA ·

O álbum Catch A Fire foi lançado em 1972. Era uma produção de primeira, que misturava algumas sessões gravadas na Jamaica e outras em Londres, e dava uma volta bem dada em tudo que os jamaicanos, de A a Z, tinham feito até então. O som dos Wailers ia mais longe do que o de Desmond Dekker, Alton Ellis, Jimmy Cliff e outros que já tinham levado sua música além dos limites da ilha caribenha. Não demorou para que a Inglaterra desses ouvidos aos Wailers, primeiro nos subúrbios, depois entre os bacanas e enfim em algumas paradas de sucesso. No ano seguinte, saiu Burnin', outra maravilha, que acabaria seduzindo Eric Clapton (ele gravou I Shot The Sheriff e se deu bem), os Rolling Stones (o disco Black And Blue teve sessões de gravação no Caribe e inclui um reggae de Eric Donaldson, Cherry Oh Baby), Paul Simon e outros bambas. O disco marcou também o racha dos Wailers. Peter Tosh e Bunny Wailer pularam do barco, abrindo caminho para Marley. Que aí ninguém segurou mais. Em 1974 foi a vez do álbum Natty Dread, o primeiro com a chancela Bob Marley & The Wailers. A banda, além dos irmãos Barret, trazia outros feras do reggae e o apoio vocal das I-Threes - Rita Marley, Judy Mowatt e Marcia Griffiths. Era a química perfeita para a breve temporada no Lyceum de Londres, em 75, que se transformou no álbum Live. Há quem tenha anotado, não sei onde, que esse foi um dos melhores momentos ao vivo da cena rock-pop de todos os tempos (ouça o disco e dê sua opinião).

· O LEÃO NA ARENA ·

Mesmo içado a superstar e cidadão do mundo, Bob Marley passaria ainda boas temporadas na Jamaica. Sua vida mudou bastante. Agora ele tinha um bom carro - um BMW, que eram as iniciais de Bob Marley & The Wailers - e uma casa descente. Na verdade, quase um palácio. Mas entre mulheres e filhos, amigos e agregados, pedintes e malandros em geral, Bob acabou perdendo o controle das coisas, envolvendo-se com turmas barra-pesada e permitindo que seus protegidos cometessem enganos sob sua sombra. Em seus últimos cinco anos de vida, Bob continuou produtivo, lançando um disco por ano. Ganhou os Estados Unidos, rodou o mundo fazendo shows, produziu artistas de que gostava e lançou as sementes dos Melody Makers - o grupo formado por Ziggy e outros de seus filhos e filhas. De passagem no Brasil em 80, tomou todos os sucos naturais que encontrou pela frente, jogou bola no campo de Chico Buarque e deu as caras até em festinhas no Pão de Açúcar. Logo depois, na festa de independência do Zimbabwe, experimentou glórias de chefe de estado e foi aclamado como um santo. Mas teve gente, bem antes, querendo vê-lo no céu. O pior aconteceu em 1976, no calor de uma violenta campanha eleitoral na Jamaica. Marley foi convidado para fazer um show na Arena Nacional dos Heróis, uma festa sem política, mas com o apoio do governo. Ele aceitou. Dias depois, um grupo de pistoleiros invadiu sua casa abrindo fogo. Na confusão, bala pra todo lado, Rita Marley foi atingida na cabeça, o empresário quase morreu e Bob levou apenas um tiro, que passou de raspão no peito e entrou fundo no braço. Apesar dos ferimentos e do clima de terror, dois dias depois Bob subiu ao palco e fez o show, com 70 mil pessoas em transe, quase veio abaixo.

· UMA VIDA DE CINEMA ·

Hoje, Bob Marley é mais conhecido do que quando estava vivo. Seus discos de maior sucesso sãos duas coletâneas, Legend e Natural Mystic, lançados bem depois de seus últimos suspiros. E foi também bem depois que os capítulos mais quentes de sua história vieram à tona. Sua herança material - estimulada em quase US$100 milhões - foi responsável por uma disputa que contaminou parentes, músicos, empresários, amigos e inimigos e que, ao fim e ao cabo, revelou os bastidores de uma vida autêntica e cheia de emoções. Nem mesmo os roteiristas de cinema conseguiram fazer tão bem. Bob foi o primeiro verdadeiro superstar do Terceiro Mundo. E conseguiu isso sem fazer concessões, nem mesmo se vestindo como alguns negões americanos, que usavam roupas brilhantes e abusavam dos gestos exagerados. Com seu jeito quieto (pelo menos no palco), calças jeans e camisetas surradas, o jamaicano tornou-se um mito deste século, cantando seu protesto meio amargo, meio doce, e todas aquelas lindas canções de amor. É por isso que aspirantes se aproximam e desistem, que os príncipes vêm e vão, e o rei do reggae não perde a coroa. E não adianta tentar, porque nunca irá dar certo. BOB MARLEY É BOB MARLEY.
Existe igual??


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