Boletim Mensal * Ano VII * Junho de 2009  *  N.º 71

           

Continuação da pág. 8

Eles possuiam no início do século XVI a maior frota de guerra e mercante do mundo e resolveram fundar nos primeiros anos daquele século  a Companhia das Indias Orientais  para atacarem as  colonias portuguesas e espanholas que, nessa epoca, pertenciam ao Rei de Espanha seu inimigo na Europa, entre a costa ocidental do continente americano e a costa oriental  de Africa, o que de fato fizeram ocupando e saqueando todas as colónias que hoje são a Indonésia.

            Em 1621 formaram a Companhia das Indias Ocidentais para ocuparem e saquearem todas as colônias existentes, abaixo das Canárias na costa ocidental do África e a oriental de todo o continente americano quer fossem da União Ibérica (Espanha e Portugal) quer francesas ou inglesas.

            Nesse mesmo ano atacaram e ocuparam Gurupá, na foz do Amazonas, de onde foram expulsos em 1621/1624, ano em que atacaram e saquearam a Bahia de onde foram expulsos em 1625 e a Capitania de Pernambuco que foi ocupada e saqueada de 1630 a 1654.

            É, pois necessário ensinar-se  de uma vez para sempre que a Holanda jamais invadiu ou colonizou o que quer de fosse até 1815 quando pelo Tratado de Viena foram restabelecidas suas fronteiras e entregue seu trono à família Orange que até hoje ali reina.

            A província da Holanda, da Republica dos Países Baixos, não queria ser chamada de Holanda nem seus habitantes de holandeses e muito menos flamengos. Eles queriam ser chamados de Batavos por terem pertencido ao antigo reino da Batávia. Conseguiram, com a ajuda do exercito francês,  darem um golpe em 1798 e passaram a chamar-se Republica da Batávia. Foi sol de pouca dura, em 1805 Napoleão ocupou a republica da Batávia e criou o Reino da Holanda nomeando seu primeiro rei o irmão Luis Napoleão.

            Portanto, aqui no Brasil jamais houve ocupação ou civilização holandesa.

            Voltemos ao livro que citei  acima e indicando suas paginas vão ler os absurdos que seu autor escreve e de que, no final, direi o nome:-

 

 

Pag.  205/206 – “Que por isso, só mais tarde, quando Nassau, já estava certo do domínio, é que, com cuidado, dirige seu objetivo nesse sentido.

            Concedendo o regulamento a Nassau o direito de escolher a sede do governo, decide-se pelo Recife e compra a Ilha António Vaz, onde iniciará a construção de Mauriceia. Pieter Post é o encarregado do plano de construção da cidade. E pela primeira vez se edifica no Brasil uma cidade.”

 

 

 

            O que se transcreve acima são uma serie de erros do autor. A tropa do mercenário exército da Companhia das Índias Ocidentais invadiram Pernambuco em 15 de Fevereiro de 1630. Tomaram conta da Ilha António Vaz onde ocuparam o Convento dos Carmelitas ali existente fizeram uma paliçada em redor dele e passou a chamar-se Forte Ernest, ocuparam o sobrado de António Vaz e lá ficou o Comando e o Governo da Província e começaram a construir o Forte das 5 Pontas com areia, barro, madeira, pregos e faxina.

            Em Novembro de 1631, não conseguindo o invasor defender a cidade dos ataques da guerrilha formada por todas as raças que viviam na Capitania invadida, destruíram e queimaram Olinda. (A única igreja que ficou intacta foi a de São João Batista dos Militares, construída entre 1587 e 1595, que servia de quartel general às tropas invasoras e existe, em muito mau estado de conservação, até hoje (foto que ilustra esta crônica).

            Nassau chegou a Pernambuco em 23 de Janeiro de 1637 e até 1639 quando conseguiu ocupar e destruir o Arraial Velho do Bom Jesus é que os expulsou as guerrilhas pernambucanas para sul do rio São Francisco.

            Começou então a construir a sua cidade e palácios. Depois da rendição flamenga, Olinda foi restaurada e a cidade de S. Salvador da Bahia, também saqueada e depredada pelos mesmos invasores, são hoje Patrimônio Histórico da Humanidade. Da fabulosa cidade Mauriceia não chegou aos nossos dias uma só casa.

3 – Citemos agora a jóia mais falsa de todo o livro.

 

 

Pag. 331 – “Quando se retiraram , caímos na mesma rotina e na mesma uniformidade, e a vida intelectual da colônia para não mais, tão cedo, dar sinal de vida. (238) -  desta opinião participa (o holandês) Brandenburguer (Brazilian zu Ausgang, pag. 150) afirmando que o período Nassoviano contribuiu para divulgar o Brasil no estrangeiro e que até 1840 nada se sabia com relação ao Brasil, exceto as referencias holandesas, mesmo porque os trabalhos de Alexandre Rodrigues Ferreira não haviam sido publicados”.

 

 

 

            Em 1840 o Brasil era um País independente há já 18 anos e o Império Brasileiro era governado pelo brasileiro Imperador D. Pedro II, reconhecido em todos os países do mundo com quem mantinha relações diplomáticas, tinha uma das maiores e mais valiosas bibliotecas que qualquer outro país, uma Escola de Artes e Ofícios,  um excelente Liceu, que preparava os alunos para qualquer universidade, telas, aquarelas e desenhos de Debret, exportava açúcar, algodão, couros e era o maior produtor de café do mundo.

            O livro que contem todas estas barbaridades e muito mais, foi o 1º. Premio de Erudição da Academia Brasileira de Letras e editado na Biblioteca Pedagógica Nacional, volume 180, pela Companhia Editora Nacional e chama-se algo que nunca existiu, “Civilização Holandesa no Brasil”, José Honório Rodrigues e Joaquim Ribeiro, 1940.

            É um livro raro, mas que pode ainda ser encontrado em alguns sebos, com o preço ao redor dos 200 Reais.