Esse acordo tenebroso,
traidor e que pode e deve ser chamado de CRIME HEDIONDO começou
assim que FHC tomou posse em 1º de janeiro de 1995. (Primeiro mandato,
mas já estava garantido que o FMI faria o possível e o impossível para
conseguir o segundo. O FMI não teve o menor interesse nas pretensões de Menen e Fujimori, apesar de apoiá-los).
Mas o FMI tinha 3
fortes razões para ficar entusiasmado com a REEELEIÇÃO de FHC.
1 - Era o Brasil.
2 - FHC era CONFIÁVEL.
3 - Estivera presente nos
"consensos" de 1983 e 1992.
Logo depois da posse, FHC
começou a executar o que o FMI botou em cima de sua mesa, e que ele já
conhecia muito bem das reuniões de 1992
Vejamos então,
resumidamente, o que o FMI COMBINOU, CONTRATOU ou COORDENOU
com FHC e foi integralmente cumprido pelo doidivanas (que Lula agora
chama de aloprados do PT-PT) do PSDB.
Leiam com atenção os itens abaixo, constatem: TUDO FOI FEITO INTEGRALMENTE
POR FHC.
1 - Aumentar as importações em 17,5%
para que ficassem nos níveis de 1994. No segundo ano a redução seria de 40%. (É
isso que se chama "criar emprego lá fora e não aqui dentro").
2 - Reduzir 20% da força brasileira
de trabalho, o que seria facilitado pelo aumento das importações. (A equação é
conhecida: MAIS importação, MENOS emprego).
3 - Mudar o sistema de INDEXAÇÃO
de salários, baseado num PLANO GENIAL, segundo o FMI,
"a grande âncora para o progresso".
4 - De acordo com o FMI, essa
iniciativa da PROSPERIDADE teria que ser baseada na ÂNCORA CAMBIAL
e numa INDEXAÇÃO da inflação, FALSA e FRAUDULENTA. (Assim
foi feito).
5 - Drasticamente, acabar com todos os
planos e projetos da indústria pesada no Brasil.
6 - Reduzir ao máximo possível a
construção de plataformas marítimas, estações hidrelétricas e termoelétricas.
7 - Desistir completamente dos
projetos de desenvolvimento com os Tigres Asiáticos.
8 - Cortar todo e qualquer crédito
subsidiado para a agricultura e indústria reprodutiva.
9 - Esses subsídios deveriam sofrer,
no mínimo, no mínimo, um corte de 10 BILHÕES DE DÓLARES.
10 - Facilitar o mais possível que ESPECULADORES
estrangeiros comprassem o controle de empresas brasileiras.
11 - As melhores compras seriam a de
empresas brasileiras, urgentemente precisando de capital.
12 - Mas essas empresas estrangeiras
que viriam para o Brasil não trariam capital, obteriam
aqui mesmo. Em reais, que remeteriam em dólares.
13 - Com isso, aumentaria
incessantemente a DÍVIDA INTERNA, na maior parte com as
multinacionais.
14 - Acelerar o processo de
privatização, começando pelas maiores empresas.
15 - Manter os juros no maior patamar
possível, "pois isso permitiria a ENTRADA de capitais".
16 - As privatizações deveriam começar
obrigatoriamente com a Vale do Rio Doce, de acordo com
o encontro de Washington.
17 - Depois viriam Petrobras, Banco
do Brasil e todos os bancos estaduais, empresas elétricas como Furnas, Chesf e
outras.
18 - Reduzir o mais possível o aumento
da população. Quanto maior a população, maior a necessidade de emprego.
19 - Com a população crescendo e o
emprego diminuindo, seria quase certa uma revolta popular, que anularia o
plano.
PS - Impressionante: tudo foi
rigorosamente cumprido. "Eles" desistiram do terceiro mandato para FHC,
por dois motivos. 1 - Consideravam que poderia haver repercussão altamente
negativa.
PS 2 - Já haviam perdido o medo de
Lula, consideravam que o ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO seria
uma espécie de festa de 31 de dezembro nas praias brasileiras.
A Vale não falha. Vai instalar usina a
carvão. Na Amazônia. Além do mais, carvão importado da Colômbia. Por que isso?
O carvão é o maior poluidor do mundo. Quem estaria por trás?
Dentro da nova realidade
mundial (o CAPITALISMO-SOCIALISTA), a Vale deveria ser REESTATIZADA. E teria
que indenizar tudo o que ROUBOU do cidadão. E a intermediária, Merril Lynch, também.
Ora, eles lastreiam a
dívida interna de 1 trilhão e 298 bilhões de reais. Se
não ganhassem, não absorveriam os papéis.
Só que enquanto as
cadernetas giram com 0,6 por cento ao mês (no máximo), os fundos com 0,9 por
cento no mesmo período. A diferença é de 0,3 por cento. Em cima de 230 bilhões,
dá em torno de 700 milhões mensais.
O Banco do Brasil não
quis comprar o Unibanco, essa era a intenção do governo.
XXX
Agora o BB entra
no mercado comprando, e fazendo propostas (tentadoras) a vários bancos
pequenos. A direção do BB já fez contatos com o Banco do Piauí, o Banrisul (Rio Grande do Sul), Nossa Caixa (essa bem maior),
Bando de Brasília e até o Votorantim, da família (e
das empresas) Votorantim, dos Ermirios de Moraes.
Curiosamente, o BB, que
não queria ser comprador, agora quer crescer "em massa", a qualquer
preço. Então por que não comprou o Unibanco, "que nem parece banco?"
Essa nova orientação (?) do BB será um obstáculo enorme no caminho do Bradesco,
que pretendia comprar exatamente esses bancos, e já começara a conversar.
Não existe a menor dúvida
de que os bancos "compráveis" serão beneficiados, com a existência de
dois grupos compradores. O Bradesco pode fazer proposta e cumpri-la. Não é a
mesma situação do BB, que não tem autonomia para isso. Tem que consultar (e
atender?) muita gente. O mercado ficará atraente.
Clube dos 20 tenta derrubar o monetarismo neoliberal do FMI
Artigo do jornalista Pedro do Coutto,
Tribuna da Imprensa, 14/11/2008
Reunido no final da
semana passada na capital, o agora chamado Clube dos 20, reunindo países que representam
85 por cento da economia mundial, entre eles o Brasil, apresentou como consenso
a necessidade de aumentar os gastos públicos e reduzir os juros para conter e
superar a crise financeira que se espalhou pelo mundo. A reportagem sobre o
assunto, de Clóvis Rossi, está publicada na "Folha de S. Paulo" de 10
de novembro.
Sinal dos tempos,
pode-se interpretar. Aliás, de novos tempos. Isso porque de 1945 para cá, o
Fundo Monetário Internacional, por exemplo, sempre defendeu a corrente oposta.
Ou seja: no monetarismo contra o desenvolvimentismo. A dualidade,
A dívida externa, nos
anos dourados de JK, mesmo com as despesas com a construção de Brasília, não
chegava a 2 bilhões de dólares. Mas os monetaristas, Hermógenes Príncipe conta
em seu livro sobre JK, propuseram ao presidente da República paralisar as obras
para que o Brasil não desabasse no abismo inflacionário. Juscelino, segundo
narra Príncipe, respondeu que não admitia passar à história como criador de
elefantes brancos. A expressão é textual. No dia 21 de abril de 59, em
conferência sobre petróleo no Clube Militar - eu estava cobrindo para o
"Correio da Manhã" -, anunciou a demissão de Campos.
Foi mais discreto em
relação a Lopes, seu velho amigo de Minas. O demitiu da Fazenda, substituindo-o
por Sebastião Paes de Almeida, mas nomeando-o titular de um cartório de notas e
ofícios. Além de amigo, JK tinha uma dívida de gratidão com Lucas Lopes.
Em 1955, ele era
ministro dos Transportes do governo Café Filho. Quando Café anunciou o
rompimento frontal com a candidatura Kubitschek, Lucas demitiu-se da pasta. Foi
substituído pelo engenheiro Marcondes Ferraz, indicado pelo governador Jânio
Quadros, como um dos preços para apoiar Juarez Távora. O outro preço foi a nomeação de José Maria Whitaker para o Ministério da
Fazenda. Withaker substituiu Eugênio Gudin. Mas estas são outras questões.
O fato é que, pelo que
vejo, os conceitos econômicos mudaram muito. Entre eles os que regeram a
ditadura militar que se instalou no País em 64 e durou até 85, quando José
Sarney substituiu o general João Figueiredo na presidência da República. Só se
falava em conter gastos públicos e reduzir salários, sanear a moeda, aumentar
os juros, fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Roberto Campos foi o
primeiro ministro de fato de Castelo Branco. Delfim Neto, de Costa e Silva e
Médici. O FMI comandava o espetáculo da modernização num primeiro estágio, o
milagre brasileiro no segundo.
A bolsa de valores
disparou. O mercado acionário era a principal atração. Isso em 70, logo após a
vitória na Copa do Mundo do México. A euforia com o futebol merecidamente
permaneceu. Mas com o desempenho das finanças, desabou. Em 72, as bolsas do Rio
e de São Paulo (a do Rio ainda existia e era forte) despencaram. Corretoras que
bancaram posições foram tragadas, pois os papéis que transacionavam em parte
eram apenas virtuais. Não existiam concretamente. A visão monetarista
permanecia. E comandava.
Fez história,
inclusive. Recuou nas administrações Sarney e Itamar Franco, porém foi retomada
a todo vapor nos oito longos anos de Fernando Henrique. Os salários perderam
direto para as taxas inflacionárias do IBGE, a favelização
tornou-se mais veloz. Os preços dos aluguéis e as prestações da casa própria
subiram muito mais do que o reajuste dos valores do trabalho.
Tal política faz-se
sentir até hoje. As locações e prestações são regidas pelo IGPM da Fundação
Getúlio Vargas. Este ano o índice avançou em torno de 15 por cento. O dobro do
que as correções médias dos vencimentos. Como o dólar disparou no segundo
semestre, se não recuar, os reajustes em 2009 serão terríveis. Como a população
poderá cumprir os contratos de financiamento e de aluguel? A pergunta fica no
ar. O avanço do dólar é uma conseqüência direta da crise financeira, que
começou com o subprime americano e se alastrou como
um terrível vírus do impasse financeiro. O que aconteceu agora?
Para neutralizar a
ação perversa desse vírus, em vez de monetarismo, desenvolvimentismo. Ampliação
dos gastos públicos, expansão do consumo com apoio estatal, absorção de largas
quantidades de ações (pelo estado) de empresas abaladas, queda dos juros, tudo,
exatamente tudo, ao contrário do que sempre pregou o FMI em sua bíblia
econômica. De forma tão intensa que os países que não se submetessem a tal
cartilha eram excluídos da renovação de créditos para cobrir os déficits de
suas contas externas.
Agora tudo mudou. Tudo
está diferente. Em vez de contenção, ampliação das despesas. Em vez de política
monetarista, impulso desenvolvimentista voltado para o consumo imediato logo de
cara. Vejo que JK tinha razão. A sociedade universal está muito mais voltada
para o consumo do que para qualquer outra coisa. O monetarismo - quem diria? -
acabou defendendo soluções estatizantes. Nada como um dia depois do outro. E
uma noite no meio.
BRASÍLIA - Parece um absurdo, e certamente
será, imaginar a estatização da General Motors e da
Ford, na iminência de falirem. Mas é o que indica o noticiário econômico
internacional. Apesar de favorecidos com parcelas dos 700 bilhões de dólares
liberados pelo governo dos Estados Unidos, montes de multinacionais estão no
vinagre. A GM, por exemplo, precisa receber 14 bilhões de dólares ao mês, para
não fechar.
Multiplique-se essa
situação por boa parte das megaempresas, exceção por
enquanto às petrolíferas, e se terá a receita das proporções da crise mundial.
Sem esquecer, é claro, os reflexos aqui nos trópicos,
atingindo as sucursais das estrangeiras e muitas empresas nacionais, novamente
com a exceção da Petrobras.
Chegou a hora de parar
com essa piada de atribuir a crise aos cidadãos americanos que compraram casas
a crédito, hipotecadas a bancos e financeiras, agora sem condições de saldar
seus débitos e gerando a bola de neve que nos assola. Isso pode ter acontecido,
são prováveis, até, que as hipotecas não honradas tenham acendido o rastilho da
lambança, mas a verdade é que a crise situa-se muitos anos e patamares acima.
A principal vertente
desse horror nasceu da ambição desmesurada de bancos, similares e até de empresas
sem objetivos financeiros, de faturar fora de seus objetivos específicos de
produzir, comercializar e prestar serviços. Jogaram todos na especulação e no
lucro fácil, com base na mentira do fim da História e da prevalência absoluta
do capitalismo selvagem. Apostaram no reinado eterno do mercado. Sacaram contra
o futuro, dando de ombros para o fato de que aos papéis não correspondia a riqueza.
Em paralelo, através de
mentirosa propaganda, valeram-se da ingenuidade do cidadão comum, levado a
embarcar no engodo da aquisição de bens muito acima de suas posses e de sua
capacidade de honrar os compromissos. Casas, automóveis, eletrodomésticos e
quanta coisa a mais eram e são oferecidos pelas telinhas e sucedâneos numa
espécie de ciranda do absurdo?
O casamento entre
malandros e ingênuos durou algum tempo, desde o fracasso dos regimes
socialista-ditatoriais, numa bolha denominada neoliberalismo. Acabou
estourando, apesar de ainda assistirmos desesperadas propostas para não
deixarmos de trocar de carro ou de comprar apartamentos, tudo a perder de
vista. Só que diante dos trouxas ergue-se a sombra da inadimplência e da perda,
ampliada com as já iniciadas demissões em massa, responsáveis pela
multiplicação da quebra de compromissos e suas conseqüências.
Pois bem, diante da
débâcle do modelo volta-se a apelar para a mesma fonte de sempre: o Estado.
Cabe a ele, gestor das reservas monetárias da sociedade, acudir os malandros,
mesmo sem fazer muito caso dos ingênuos. Porque os tesouros de todos os
governos do planeta, quando existem, vêm sendo encaminhados para socorrer
multinacionais, bancos e grandes empresas em estado falimentar. São centenas de
bilhões e até trilhões mobilizados todas as semanas. Já o comprador que não
pode honrar as prestações de casas, automóveis e tudo o mais, esse, coitado,
perde os bens antes adquiridos.
Assim funciona a crise
atual, com o poder público autorizado a comprar ações das empresas em
decomposição, para salvá-las, salvando talvez também parte de seus empregados,
mas já diante de outra malandragem: deve ser temporária, restrita a intervenção
do Estado. Mesmo que em alguns casos tenham ou venham a ser agora estatizadas
determinadas atividades, ao primeiro sinal de melhoria da crise precisará o
Estado preparar-se para privatizá-las. Novamente, com dinheiro público, da
sociedade, chegando às raias da irresponsabilidade.
Vale repetir: tem gente que não aprende nada. Tem gente que esquece tudo...
Conta o neoliberal senador
Artur Virgílio, líder do PSDB, uma história capaz de aplicar-se aos parágrafos
acima. Um desses potentados, especulador e banqueiro, foi ao interior ver se
conseguia faturar um pouco mais à custa da ingenuidade dos outros. Para pagar o
mínimo pelo aluguel da canoa que atravessaria o rio começou a denegrir o
remador. "Você sabe inglês?" "Não." "Tem curso de
computação?" "Não." "Já leu os novos autores da economia
moderna?" "Não."
Quando o malandro ia
propor remunerar a travessia com apenas um real, a canoa virou no meio do rio.
Foi quando o caboclo perguntou: "O senhor sabe nadar?"
"Não." "Pois eu sei...".