Namoro
e a Vontade de Deus
Pr. Walter Santos
Baptista
"Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu". (Mt 6.9,10)
A vida cristã é fundamentalmente um relacionamento com o Criador. Nesse relacionamento, através de Jesus Cristo, Deus nos dá abundante vida. Nesse relacionamento, ainda, o cristão é dependente de Deus, feito uma nova criatura, e se torna servo para atualizar a vontade de Deus em sua vida. E como o princípio básico é o serviço, Deus expressa a Sua vontade, e o faz soberanamente, e nós buscamos cumpri-la,. Para nós, portanto, é uma prioridade. Assim, a Escritura Sagrada o declara: "aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" . Isso nos traz a realização de uma promessa que se encontra em Hebreus 10.36: "Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa". Então, onde entra a família, ou o crente em vias de formar a sua família, o seu lar, em termos de preparo para o casamento, e de realizar a vontade divina no namoro, e no noivado, e no seu próprio casamento, tenha ele um, dois anos, alguns meses apenas, ou muito tempo de casado?
BUSCANDO A VONTADE DE DEUS NO NAMORO (Sl
37.4)
Namoro é coisa moderna. No passado não era assim, em
algumas culturas, ainda hoje, também não é assim; não havia
nem há namoro. O casamento era arranjado pelos pais, pois havia
muitas conveniências envolvidas, questões econômicas,
patrimoniais (para que não houvesse divisão de terras, de
posses, os casamentos eram feitos, quantas vezes, dentro das próprias
famílias), havia questões políticas. Gilberto Freyre fala em
seu Casa Grande e Senzala a respeito de mocinhas que se casavam
com doze, treze anos com homens bem mais velhos, com trinta e
tantos, quarenta e tantos anos. Ele diz com uma nota de muita
tristeza que quando essas meninotas/esposas estavam com 22, 23
anos já eram mães de muitos filhos e praticamente mulheres
acabadas, sendo que muitas morriam bem cedo. Pobres bisavós e
trisavós nossas.. Até se chegar aos dias de hoje, até,
portanto. à escolha individual do namorado ou namorada, um longo
caminho foi percorrido.
Namoro é uma etapa para conhecimento recíproco da natureza, da
consistência e da estabilidade dos sentimentos que estão
envolvidos e dos que a ele deram origem. Infelizmente, e com freqüência,
o namoro se torna uma corrida mal orientada e desenfreada, que
termina com um casamento às pressas. É uma fase importantíssima
pelo fato de conduzir a um aprofundamento de relações que é o
noivado. É uma fase de educação de sentimentos, de abrir muito
os ouvidos e os olhos.
Aliás, "namoro" é palavrinha interessante. Vem do
verbo "enamorar-se", ou seja, "sentir amor por
alguém, e inspirá-lo a alguém". É via de mão dupla.
Namorar é buscar amor; é o vestibular do casamento; é período
de conhecimento; é período de relacionamento social, e
intelectual, e psicológico, e, também, espiritual. As famílias
começam a se relacionar, e, assim, cada um vai descobrir quais
os valores éticos, morais, comportamentais da família do outro.
E não se iluda não, esses fatores que a família tem vão
influenciar no casamento. Como é o lar, como se conduzem, como
se comportam o pai, a mãe, os irmãos?. Em Ezequiel 16.44 está
registrado que "tal mãe, tal filha", dito que têm uma
variação na sabedoria popular. Dizem que se você quiser saber
como vai ser a sua esposa daqui a vinte anos, é só olhar para a
mãe dela.
Compete aos pais a orientação para o amor. Namoro prematuro,
precipitado, pode ser bonitinho, mas, também, altamente problemático.
O envolvimento sentimental é forte demais para a cabecinha da
garota, e para o coração do rapazinho.
É vontade de Deus que você O busque com respeito ao namorado ou
a namorada, pois não o diz Amós: "Acaso andarão dois
juntos, se não estiverem de acordo?". Isso vale para o
namoro também. É por essa razão que é preciso começar do
modo certo. E voltando à Palavra de Deus:
"Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? Ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário do Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso".
É vontade de Deus que Jesus Cristo esteja
incluido no namoro, bem no meio de vocês dois: "Portanto,
quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei
tudo para glória de Deus". "...Para a glória de Deus"
inclusive o namoro. É vontade de Deus que você encare o namoro
com muita seriedade.
E Ele deve confirmar o namoro? A resposta só pode ser Sim, por
isso há princípios de orientação para quem já está
namorando ou se encaminhando para isso. O primeiro é o senso da
vontade de Deus. Porque Deus evidencia o que é bom e o que não
serve, o que tem esperança de mudar, e o que não a tem. Se você
começa a namorar, e acha que vai ser "missionária" àquele
rapaz, e acha que ele vai mudar, e ele não muda, não case! Nem
noive, porque muito provavelmente seu casamento vai ser problemático
como o seu namoro está sendo. Por esse motivo, a Bïblia usa uma
expressão sempre repetida: Esperar No Senhor." Você
precisa "esperar no Senhor"; às vezes, espera-se muito
no Antônio, no João, na Rosinha, mas ninguém quer esperar no
Senhor até que Ele apresente a Sua vontade. Muitos não querem,
e pegam o ônibus errado, e se dão mal mais adiante no casamento:
o Senhor mostra o bem e o mal, o certo e o errado.
Outro princípio no namoro é o senso da afinidade mútua de
valores. Você precisa ter os mesmos valores que ela, e vice-versa,
o que você aprendeu na escritura precisa ser o valor também
dele ou dela, os espirituais, mentais e físicos. Aí toca o
enorme problema do namoro misto. Deve o rapaz namorar uma moça
fora do círculo cristão? Uma moça crente deve namorar um rapaz
fora do seu círculo? Minha opinião pessoal, referendada na Bíblia
é "não", porque a Bíblia diz "Não vos ponhais
em jugo desigual" , pois muita lágrima vai ser derramada,
muito coração vai sangrar quando você, jovem cristão ou cristã,
tiver interesse numa atividade evangelística (o dia de culto
mesmo), e ele ou ela vai para outro lugar ou atividade que sua
consciência não está pedindo.
O namoro deve ter, então, um alicerce espiritual. Pecar contra o
corpo é pecar contra o Espírito; mas Deus se preocupa com esse
assunto, e, assim, você não está só. Naquele momento mais
quente do namoro, lembre-se que você não está só, pois tem o
recurso da oração, e de dizer "basta!" Aliás, quem
estabelece limites é a moça, não esqueça! É ela quem vai
dando limites, e o primeiro limite da moça cristã (e, de resto,
de qualquer moça) é "Pára aí! Não, senhor; não é hora,
não; não é agora, não; e não é assim, não!" Por outro
lado, no namoro tudo deve ter o aval do Senhor.
Quando Cristo é o Senhor, problemas de abrasamento e precipitação
são controlados e dominados. Sem Jesus Cristo, porém, vai ficar
muito difícil, terrível e desesperançosamente difícil o
namoro ter dignidade e propósito.