Sem nome
Idiotices
OS LIDERES DO NOSSO TEMPO
Daqui da minha gaiola pendurada sobre a marina
oiço muita conversa, e isto cá para nós; algumas
vezes até chego mesmo a pôr o aparelho no ouvido
para compreender melhor o conceito generalizado
entre estas crianças com idades geralmente a cima
dos 65 anos.
Passam dias limpando ou seus brinquedos, muito
caros, ou fazendo testes nos elevadores das docas
secas, e conversando uns com os outros. Algumas
vezes olham para mim e também me dizem alguma coisa.
Parece que procuram apoio nos seus argumentos.
Outros há que não descem o barco à água durante toda
a época, talvez por terem medo do mar e não quererem
pagar a um capitão para os acompanhar.
Mas não era bem a esta idiotice toda que eu me queria
referir:-
Era a uma conversa passada entre dois, sentados na proa
de um barco a menos de 15 metros do meu poleiro.
Falavam de um líder que iria ficar na história como líder
de um Mundo democratizado, e que por muitas gerações
iriam ficar gratos pelo esforço agora feito.
Esta conversa não está muito em sintonia com as ideias
de quem escreve estas idiotices.
Certo é que na história muito se escreveu acerca de grandes
lideres; e que na generalidade lideraram países em tempo
de guerra. Muitas vezes em guerras provocadas para
desviar as atenções das grandes falhas na liderança
económica e bem estar das populações. Até mesmo outros
houve em que quiseram impor ideologias diferentes a
outros povos, para que os vindouros também vissem o
seu nome na história.
Há uma tendência muito generalizada para relacionar os
lideres das grandes potencias económicas e militares
com os grandes lideres,mas isto não me parece ser muito
fácil para lideres que não conseguem liderar o seu próprio
país de maneira a conseguirem um apoio maioritário e
e a confiança no destino da nação que dirigem.
Houve e há outros lideres menos falados que despertaram
a atenção deste "fazedor de ideias" e que pelo seu estilo ou
pela facilidade de lavar cérebros conseguem que os seus
seguidores vivam felizes e sintam confiança no futuro.
Vem-me à memória dois exemplos:-
Um dia nos princípios dos anos 70, mesmo à saída da porta
principal do Aeroporto de Caracas na Venezuela, tive
uma conversa com um comerciante.
Este estava sentado num pequeno caixote de madeira e
em frente de si estava outro caixote com três maços de
cigarros e uma caixa de fósforos em cima.
os clientes passavam pediam um cigarro e tinham direito
ao acendimento.
Não sei quanto pagavam, mas isto impressionou-me e como
estava com tempo; esperando outro voo para me levar à
Amazónia Brasileira, procurei encetar conversa e a certo
ponto perguntei-lhe porque não tentava imigrar para a
América do Norte, porque ao que sabia, naquele tempo
era muito fácil para os Venezuelanos conseguirem um
visto permanente para os Estados Unidos.
A resposta foi uma pergunta.
Para qué?
(Estoy en país muy rico,tiene muy petróleo).
Era um cidadão feliz.
Mais tarde venho a saber que naquele tempo a companhia
que explorava petróleo na Venezuela não estava a pagar
quaisquer direitos ao governo Venezuelano.
Caso idêntico se passou alguns anos depois, num país
novo nas Ilhas Caraíbas; em que o motorista do taxe que
nos levou a visitar os pontos principais, nos dizia
maravilhas do país e do bem estar das pessoas.
Mas quando agradeceu a gorjeta nos disse que era
mais do que o ordenado mensal que recebia.
Parece-me que estes povos têm verdadeiros lideres.
Ferruja