DEVANEIO MEU
AQUI ESTOU NO SERTAO
NUMA REDE A ME BALANCAR
VENDO MARAVILHADO PELA JANELA
A CHUVA, QUE CAI SEM CESAR

OUCO A CHUVA NA TELHA A BATER
E O GRAVE ESTRONDAR DO TROVAO,
SINTO O CHEIRO DA CAATINGA
E DE TODA VEGETACAO

A CHUVA CAINDO NA SERRA
E A DEIXANDO BRANQUINHA
FAZENDO CORRER O RIACHO,
FAZENDO BROTAR ALEGRIA

NO OLHAR DO SERTANEJO
POVO TRABALHADOR
QUE VE NA CHUVA A ESPERANCA
DE COLHER O QUE PLANTOU

E CONTINUO A DIVAGAR
OLHANDO POR ENTRE A JANELA
VEJO ELE O SABIAR
EM UM PE DE CERIGUELA

MINHA FAMILIA REUNIDA
COMIGO A OBSERVAR
A QUIETITUDE DA ROCA
QUE E IMPAR E NAO PAR

TUDO AQUI E BONITO
TUDO ME TRAS ALEGRIA
E DE REPENTE...DESPERTO
NESTA CIDADE GELADA E FRIA

ESTOU LONGE DO SERTAO
E DA SUA BELEZA TRANSCEDENTAL
LONGE DA MINHA FAMILIA
NESTA SOLIDAO DESLEAL

NUMA ILUSAO DESENFREADA
CHEGUEI AONDE ACHAVA QUE QUERIA
E AGORA ESTOU DOMINADO
POR ESTA IMENSA MELANCOLIA

ESTA CHOVENDO LA FORA
MAS E UMA CHUVA SEM ALEGRIA
UMA CHUVA QUE PELO CONTRARIO
ME ENCHE DE NOSTALGIA

QUE ME FAZ REFLETIR SOBRE UMA VIDA
INTEIRA DEIXADA PARA TRAS
FAMILIA, AMIGOS E O SERTAO
TROCADOS PELA SOLIDAO
DESTA SELVA GLACIAL

AVENTURA FRUSTRADA
ESTA EM QUE ME ENVOLVI
TROCAR A VIDA SOSSEGADA
POR ESTA LOUCURA AGITADA
QUE E A VIDA EM OUTRO PAIS

SAUDADES DO MEU SERTAO
SAUDADES DOS QUE DIXEI
UMA SAUDADE DILASCERANTE
DE UM PAIS AGORA DISTANTE
E DE AMORES QUE NAO AMEI.

Pedro de Souza
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E.U.A, VERAO DE 2004.