Domingo, 14 de julho

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     A filosofia, na Índia, significa: aquilo mediante
o que, vemos Deus, o lado racional da religião;
por isto, nenhum hindu pedirá nunca,
uma opção entre a religião e a filosofia.
     O concreto, o generalizado e o abstrato,
são três etapas no processo da filosofia.
A abstração mais elevada, com a qual
todas as outras concordam, é o Uno.
Na religião, temos primeiro os símbolos e as formas;
a eles segue a mitologia e, finalmente, a filosofia.
Os dois primeiros são temporários;
a filosofia é a base fundamental de tudo
e os outros são só etapas no esforço
para chegar ao Último.
     A religião ocidental acredita que
sem o Novo Testamento e sem Cristo,
não poderia haver religião.
Uma crença análoga, existe no judaísmo,
quanto a Moisés e dos profetas, porque essas religiões
se apóiam somente na mitologia.
A religião real, mais elevada, está acima da mitologia,
não pode se basear nela.
A ciência moderna, consolidou, realmente,
os fundamentos da religião.
Que o universo é Uno, é cientificamente demonstrável.
Aquilo que os metafísicos chamam ser,
os físicos chamam matéria;
porém não existe discordância real entre eles,
porque os dois são o mesmo,
embora com palavras diferentes.
     A Vedanta e a ciência moderna afirmam
a existência de uma causa que evolui de si mesma.
Nela estão todas as causas.
Tomemos como exemplo o oleiro
que está fabricando um tijolo.
O Oleiro é a causa primeira, a argila a causa material
e a roda, a causa instrumental, porém o Atman
é as três coisas ao mesmo tempo.
O Atman é a causa e também a manifestação.
Os Vedantistas dizem que o Universo
não é real, mas apenas aparente.
A Natureza é Deus, visto através da nesciência.
Os panteístas dizem que Deus chegou a ser Natureza,
ou seja, este mundo; os advaitistas afirmam que Deus
aparece como este mundo, mas Ele não é este mundo.
     Só podemos conhecer a experiência,
como um processo mental, um fato na mente,
uma onda no cérebro.
Nós não podemos empurrar o cérebro para diante
ou para trás, mas podemos empurrar a mente;
esta pode estender-se por todos os tempos, passados,
presentes e futuros, e deste modo,
os fatos ficam eternamente conservados na mente.
Todos os fatos estão já gravados na mente,
que é onipresente.
     A grande conquista de Kant foi o descobrimento
de que “o tempo, o espaço e a causa, são modalidades
de pensamento”, porém a Vedanta
ensinava isso há séculos, chamando a isto de Maya.
Schopenhauer se apóia somente na razão
e racionaliza os Vedas.
Sankara manteve a ortodoxia dos Vedas.


     A idéia de árvore, que se encontra entre os árvores,
     é conhecimento, e o mais elevado conhecimento é o Uno.
     O Deus pessoal é a última generalização do Universo, porém nebulosa, vaga e pouco filosófica.
     A unidade evolui por si mesma e dela tudo procede.
     A ciência física, consiste em encontrar fatos,
   e a metafísica é o fio que junta as flores em um ramo.
Toda abstração é metafísica.
Até colocar esterco nas raízes de uma árvore
é um processo abstrato.
     A religião inclui o concreto, o mais generalizado,
e a unidade última.
Não se contentem com particularizações.
Vão ao princípio, ao Uno.


     Os diabos são máquinas de obscuridade;
os anjos máquinas de luz; porém ambos são máquinas.
Só o homem é um ser vivente.
Rompam com as máquinas, rompam o equilíbrio
e então serão livres.
Este é o único mundo onde o homem
pode levar a cabo a sua salvação.
   O ditado “Aquele a quem o Eu elege”, é exato.
A eleição é verdadeira, porém, deve ser interiorizada.
Como doutrina externa e fatalista, dá maus resultados.