Sexta Feira, 2 de Agosto
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Nishta
(devoção a um ideal) é o princípio da realização.
Retirem o mel de todas as
flores, sejam amigos de todos,
rendam homenagens a todos;
digam a todos: sim irmão, sim
irmão, porém
mantenham-se firmes no seu próprio caminho.
Um estado mais elevado é
tomar, praticamente o lugar do outro.
Se eu sou o todo, por que
não hei de poder real
e ativamente simpatizar
com meus irmãos e ver com seus olhos?
Enquanto sou fraco, devo
seguir um só caminho (nisthta),
mas quando sou forte, posso
me sentir como cada
um dos meus semelhantes
e simpatizar com suas idéias.
A teoria
antiga era desenvolver uma idéia,
às *custas de todas
as outras*;
a moderna é *desenvolvimento
harmonioso*.
Um terceiro consiste em
*desenvolver a mente e controlá-la*
e depois utilizá-la
onde bem quiser; o resultado virá rapidamente.
Essa é a maneira
mais segura de nos desenvolvermos.
Aprendam a concentração
e usem-na para todos os fins.
Dessa maneira não
perderão nada.
Aquele que adquire o todo,
deve fazer força
para obter as partes também.
O dualismo está incluído
no *advaitismo* (monismo).
"Primeiro eu o vi e ele
me viu,
Passou um relâmpago
dos meus olhos
para os seus olhos e dos
seus para os meus ".
Assim ocorreu até
que as duas almas chegassem
a se unir tão estreitamente,
que se converteram em uma.
Existem
duas classes de samadhi:
uma consiste em concentrar-se
em si mesmo,
a outra concentrar-se até
conseguir
a unidade de sujeito e objeto.
Devemos
ser capazes de simpatizar inteiramente
com cada um em particular,
e depois, de um salto,
passar ao mais elevado monismo.
Depois de terem se aperfeiçoados,
poderão definir os limites.
Usem todo o seu poder em
cada uma de suas ações;
sejam capazes de se tornar
dualista num
determinado momento, esquecendo
a *advaita *,
e logo voltar a ela pelo
poder da vontade.
Causa e efeito: tudo
é Maya.
Já chegaremos a compreender
que tudo quanto vemos
é tão desconexo,
como hoje nos parecem os contos de fada.
Não existe, na realidade,
uma coisa tal
como causa e efeito; já
chegaremos a entender isso.
Depois, se vocês conseguirem,
rebaixem seus intelectos
e deixem que qualquer qualquer
alegoria passe
por suas mentes, sem se
preocuparem com a sua coerência.
Desenvolvam o amor pela
ficção e pela boa poesia,
e logo apreciarão
todas as mitologias como poesia.
Não se aproximem
da mitologia
com idéias de histórias
e raciocínios.
Deixem que ela flua como
uma corrente através
de suas mentes, permitam
que ela gire como uma luz
diante de seus olhos, sem
perguntam quem a sustenta,
e assim se apoderarão
do círculo;
o resíduo de verdade
permanecerá em suas mentes.
Os autores
de todas as mitologias, escreveram em símbolos,
aquilo que viram e ouviram,
pintando belos quadros.
Não se preocupem
em escolher demais os temas,
pois deste modo destruirão
a pintura; aceitem-nos
assim como são e
deixem que eles atuem sobre vocês.
Julguem-nos, apenas
pelo efeito,
e arranquem o que há
de bom neles.
Sua própria
vontade é a que responde as suas preces;
só que ela se apresenta
a cada mente,
sob o disfarce de diferentes
conceitos religiosos.
Podemos chama-la de Buddha,
Jesus, Krishna,
Jehová, Alá,
Agni, mas estes só podem ser o Eu.
Os conceitos
crescem, porém, as alegorias
que o representam não
tem valor histórico.
As visões de Moisés,
são talvez mais equivocadas
que as nossas, porque nós
temos mais conhecimento
e menos probabilidade de
nos deixar enganar pelas ilusões.
Os livros
são inúteis para nós, até que o nosso próprio
livro
se abra; depois, todos os
livros são bons,
desde estejam de acordo
com o nosso.
Só o forte compreende
a força;
só o elefante compreende
o leão, não o rato.
Como podemos nós
compreender Jesus,
enquanto não sejamos
seus iguais ?
Tanto alimentar cinco mil
pessoas com dois pães,
como alimentar duas com
cinco pães, tudo é um sonho;
nenhum é real e nenhum
afeta ao outro.
Só a grandeza aprecia
a grandeza, só Deus realiza Deus.
O sonho é apenas
o sonhador; não tem outra base.
Não é uma
coisa o sonho e outra o sonhador.
A tônica que ocorre
através da partitura
é "Eu sou Ele; Eu
sou Ele"; todas as outras notas
são apenas variações
e não afetam o tema real.
Nós somos os livros
vivos e os livros são apenas
as palavras que nós
falamos.
Tudo é o Deus vivente;
o Cristo vivo;
vejam-no como tal.
Leiam o homem que é
o poema vivo.
Somos a luz que ilumina
todas as Bíblias e Cristos
e Buddhas que existiram
no mundo.
Sem isso eles estariam mortos
para nós; sem vida.
Apoiem-se em seu próprio
Eu.
O cadáver
de nada se ressente;
façamos como se nossos
corpos estivessem mortos
e paremos de nos identificar
com eles.