O Ford Escort europeu foi lançado em sua primeira versão no Salão de Bruxelas de 1968. Como substituto do Anglia, um dos maiores sucessos de venda da história da Ford alemã, o Escort estreou como um modelo um pouco maior que um compacto (ou menor que um médio) que pretendia encantar o público pelo índice de modernidade, reforçado inclusive pelos econômicos motores de quatro cilindros com 940 ou 1100 cm³. Anos mais tarde, a presença do Escort em competições valeu-lhe a tradicional versão esportiva RS.

No Brasil, o Escort foi lançado em 1983 (versão correspondente à 3.ª geração européia). Produzido inicialmente com motorização CHT (Compound High Turbulence - Câmara Composta de Alta Turbulência) de 1300 e 1600 cm³, marcou junto com o Chevrolet Monza a modernização do segmento dos veículos médios no mercado brasileiro. Nesta primeira geração, a linha Escort era composta das versões L, GL, Guia, XR3 e XR3 Conversível. Os XR3´s vinham com o motor mais nervoso da série, o CHT Fórmula (1.6 litro), que à álcool, rendia ótimos 83 cv.

Em 1987 era feita a primeira reestilização deste sucesso. Foi revisto todo o visual externo e interno do veículo, além de serem aperfeiçoados os motores, de forma que o CHT Fórmula 1.6 litro a álcool passou a render 86 cv. Apesar da eficiência dos motores CHT, com a evolução do mercado automobilístico brasileiro, estes propulsores passaram a deixar a desejar no quesito potência, já que no item economia continuavam imbatíveis. O consumidor principalmente das versões mais completas do Escort pedia um conjunto motopropulsor que acompanhasse os potentes motores 1.8 e 2.0 da GM e da Volkswagen (leia-se Monza/Kadett e Santana/Gol). Assim, com a associação Ford/Volkswagen (Autolatina) surgia o Escort com motor Volkswagen AP (Alta Perfomance). Estariam assim, resolvidos os problemas de motorização dos Escorts, que a vista dos consumidores se tornara um veículo perfeito: excelentes desenho, conforto e perfomance.

Seguindo a fusão carroceria Ford / mecânica Volkswagen, em 1993 a Autolatina apresenta o Escort de terceira geração. Com formato mais "bojudo" e bem mais moderno, inclusive contando com injeção eletrônica multipoint LE-Jetronic na versão 2.0 XR3, continuou a linhagem AP. Com a dissolução da Autolatina em 1996, abria-se a lacuna para o lançamento do Escort Zetec 16v.

Então, no final de 1996 surgia o Escort de motorização Zetec 16v. Contando com o mesmo consagrado motor do Ford Mondeo (lançado em 1993 na Europa), o Escort passava a ser equipado pela primeira vez no Brasil com um motor genuinamente Ford (já que os CHT´s eram oriundos dos antigos motores Renault Ventoux dos Dauphines e Gordinis).

O motor Zetec 16v foi originalmente desenvolvido pela engenharia da Yamaha em conjunto com a da Ford. Teve-se por base o bloco do motor CVH, motor OHC (OverHead Cam - Comando de Válvulas no Cabeçote) que equipou o Fiesta, Escort e Sierra europeus. Este bloco foi reforçado e um cabeçote totalmente novo foi desenhado (Yamaha), com 16 válvulas e 2 comandos de válvulas (DOHC - Double OverHead Cam). Foram projetadas três versões deste motor: 1.6, 1.8 e de 2.0 litro(s) 16v. O sistema de gerenciamento eletrônico ficou a cargo da então FIC (Ford Indústria e Comércio), atual Visteon, que o equipou com o EEC-IV seqüencial, versão aperfeiçoada do sistema EEC-IV.

Posteriormente, a mesma Yamaha desenvolveu em colaboração com a Ford, um Zetec de menor capacidade cúbica e totalmente em alumínio, o Zetec SE 16v (1.25, 1.4 e 1.7 litro). Estes propulsores passaram a equipar o Fiesta, a Courier e o Puma europeu. No caso do Puma 1.7, seu motor desenvolve 127 CV, potência obtida pelo aumento da cilindrada e uso de variador de fase no comando de válvulas de admissão.

Atualmente, existem versões aperfeiçoadas do Zetec 16v equipando o Ford Focus e o Ford Mondeo de segunda geração (1997), contando com sistema de injeção eletrônica EEC-V. Também estão em fase de lançamento versões turbinadas deste motor a serem aplicadas no futuro Ford Focus esportivo.