Hidrografia: O Estudo da Água
Hidrovias
Nos anos 90, o
transporte hidroviário passa a ser utilizado em maior escala no
Brasil como forma de baratear o preço final de produtos,
principalmente os de exportação, como soja e café, tornando-os
mais competitivos em um mercado globalizado. Até então o
transporte fluvial estava relegado a segundo plano, já que o
transporte rodoviário é mais flexível e mais rápido. Para que
um rio se torne uma hidrovia são necessárias algumas obras de
engenharia, que permitem ou ampliam sua navegabilidade, como a
dragagem (retirada de terra do fundo de rios), o balizamento
(demarcação de canais de navegação) e a sinalização para os
navegantes. Alguns dos projetos hidroviários, no entanto, causam
polêmica, especialmente quando há a necessidade de drenagem e
retificação de rios em áreas como parques, reservas,
pantanais, mangues e florestas.
Hidrovia do MadeiraLocalizada na bacia Amazônica,
com 1.056 km de extensão, liga Porto Velho (RO) a Itacoatiara
(AM). Por ela circula a maior parte da produção de grãos e
minérios da região cerca de 2.000.000 t por ano
compreendida entre o Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Os
principais produtos transportados são soja, arroz, milho, café,
açúcar, madeira e materiais de construção. Atualmente, em
alguns trechos, ela passa por obras de derrocamento (retirada de
rochas do leito do rio) e sinalização. A hidrovia do Madeira é
também a única ligação, via superfície, entre Porto Velho
(RO) e Manaus (AM), pois a estrada que une as duas capitais, com
aproximadamente 1.000 km de extensão, foi encoberta pela mata em
razão da falta de manutenção.
Hidrovia do São FranciscoEntre Pirapora (MG) e Juazeiro
(BA), a hidrovia conta com 1.371 km de extensão e transporta
170.000 t de carga por ano, principalmente de soja, milho,
manganês e gipsita. Em julho de 1998 tem início o processo de
obtenção das licenças ambientais para a realização das obras
de dragagem e derrocamento. Após a conclusão, a hidrovia deve
operar com embarcações de maior capacidade de carga e chegará
a transportar 8.000.000 t anuais.
Hidrovia Tocantins-AraguaiaEm fase de implantação
e com 2.250 km, a hidrovia deve operar nos seguintes trechos: rio
das Mortes, desde Nova Xavantina (MT) até a confluência com o
Araguaia; no rio Araguaia, de Aruanã (GO) a Xambioá (TO); e no
rio Tocantins, desde Miracema do Tocantins (TO) até Porto Franco
(MA). Uma das maiores dificuldades para a implantação dessa
hidrovia é a quantidade de bancos de areia no rio Araguaia.
Quando o rio está cheio, de dezembro a março, as embarcações
navegam sem risco. No entanto, entre abril e novembro, os bancos
de areia impedem a passagem de barcos de médio e grande porte. O
interesse em torno da hidrovia é grande, já que ela permitiria
o transporte da produção de soja do sudoeste goiano e a
integração de ampla região do Brasil. Parte das obras de
melhoria da navegação na região está paralisada por causa da
falta de um relatório de impacto ambiental, pois a hidrovia
passa por diversas áreas indígenas e unidades de conservação.
Hidrovia Tietê-ParanáLocalizada na bacia do Prata,
possui 2.400 km e liga Conchas (SP) a São Simão (GO), passando
pelo Paraná. Em decorrência do grande número de corredeiras e
quedas, as usinas hidrelétricas construíram a seu lado eclusas,
como a de Jupiá, concluída em 1998, que possibilitam a subida e
a descida de barcos e a circulação de embarcações de maior
porte. Com o crescimento do Mercosul, a hidrovia, que transporta
5.000.000 t anuais, assume grande importância por facilitar o
escoamento da produção da indústria automobilística e a
circulação da soja produzida no Triângulo Mineiro, sul de
Goiás, oeste de São Paulo e norte do Paraná. Ela facilita
ainda o acesso ao Porto de Santos e estimula o turismo nas
regiões ribeirinhas
Hidrovia Paraguai-ParanáCom 3.442 km de extensão total,
também localizada na bacia do Prata, está funcionando a partir
de Corumbá (MS) até o Porto de Nueva Palmira, no Uruguai. A
soja é o principal produto transportado por este trecho da
hidrovia. Já a implantação da hidrovia no trecho norte, entre
Corumbá e Cáceres (MT), tem forte oposição dos grupos
ambientalistas, como o Fundo Mundial para Natureza. O projeto
prevê retificação de um canal, dragagem e rebaixamento do
leito do rio Paraguai para permitir a navegação de grandes
embarcações durante o período de seca. Com isso, extensas
áreas do Pantanal deixariam de ser alagadas, rompendo o
equilíbrio ecológico que permite a sobrevivência das espécies
de plantas e animais. Além disso, a modificação prejudicaria
os rebanhos de gado criados na região.
(Barra Bonita, Rio Tiete)