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Fonte:   Gazeta Mercantil  Finanças B-4   (24/08/00) 

 
 

Relatório de bancos federais 
da Booz-Allen é contestado

Austin Asis entrega hoje seu estudo ao ministro da Fazenda 

D i a g n ó s t i c o s   o p o s t o s

Relatório da Booz-Allen

Estudo da Austin Asis

  • Bancos públicos federais, mesmo saneados, terão prejuízos a partir de 2003
  • Instituições federais como o BB e CEF não apenas são viáveis como são necessárias
  • O sistema atual apresenta ineficiência estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais
  • Os bancos federais já cobravam “spreads” baixos em comparação com as instituições privadas num ambiente de juros altos
  • As despesas do conjunto das instituições federais são 55% maiores do que os custos dos bancos privados para o mesmo nível de receita
  • Com a redução da taxa básica (Selic) e dos “spreads”, BB e CEF sofrem menos que os concorrentes privados

Fidoa Miya de São Paulo

      O ministro da Fazenda, Pedro Malan, receberá hoje em Brasília um estudo elaborado pela consultoria Austin Asis que contesta o diagnóstico e as conclusões do relatório feito pela Booz-Allen & Hamilton sobre o conjunto das cinco instituições financeiras públicas federais - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia S/A (Basa). 0 estudo, encomendado pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb), conforme apurou este jornal, chega a conclusões diametralmente apostas ao relatório da Booz-Allen.

      O trabalho, assinado pelo sócio-fundador da Austin Asis, Alberto Borges Matias, coordenador do Departamento de Administração e Finanças da USP em Ribeirão Preto (SP), conclui que os bancos públicos federais, especialmente o BB e a CEF, não apenas são viáveis financeiramente como são necessários. Matias viajou ontem à tarde para Brasília para entregar o documento ao ministro Malan e à Anabb. O estudo será divulgado hoje em Brasília pelo presidente da Anabb, Augusto Carvalho.

      A primeira parte do trabalho da Austin Asis, segundo uma fonte que teve acesso ao estudo, faz duras críticas ao rigor científico do relatório da Booz-Allen, que foi colocado em audiência pública no final de junho passado pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier. Na segunda paire, os números do BB e da CEF são comparados com os de 35 bancos privados que operam no Brasil e com os das matrizes de instituições estrangeiras com subsidiárias no País.

      A conclusão dos analistas da Austin Asis com base nessa comparação foi de que, num ambiente de juros altos, os bancos privados, nacionais e estrangeiros foram bastante rentáveis com a obtenção de "spreads" (diferença entre as taxas de captação e de crédito) nas suas operações. Já os resultados dos bancos públicos federais foram penalizados com “spreads" bem menores, principalmente nos empréstimos à agricultura, a microempresas e nos financiamentos da casa própria para a população de baixa renda - operações evitadas pelas instituições privadas.

      Os números das matrizes dos bancos estrangeiros em operação no País, porém, mostram que, no exterior, essas instituições conseguem bons resultados com taxas reduzidas de "spreads", mas com volumes de operações muito maiores.

      O estudo da Austin Asis, segundo a fonte que teve acesso ao trabalho, conclui que, diante da tendência de redução da taxa básica de juros (Selic) e dos "spreads" bancários no sistema financeiro brasileiro, os bancos públicos federais vão sofrer menos do que as instituições privadas. A tendência seria de melhora dos seus resultados, especialmente do Banco do Brasil.

      No relatório da Booz-Allen, uma das principais conclusões do diagnóstico sobre o conjunto das instituições financeiras públicas federais é que "o sistema atual apresenta ineficiência estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais". O diagnóstico foi feito com base na comparação dos balanços anuais dessas instituições e os de quatro bancos privados - Bradesco, Itaú, Unibanco e Real - durante o período de 1995 a 1999.

      O documento mostra que, nos dois primeiros anos (95 e 96), o total de despesas (de pessoal e administrativas) dos bancos federais foi equivalente a 137% e 153%, respectivamente, das receitas operacionais (resultado bruto de intermediação financeira, receitas de prestação de serviços e resultado de participação em coligadas e controladas). Ou seja, foram deficitários. Ao contrário do que ocorreu com os bancos privados durante todo o período. De 1997 a 1999, as instituições federais conseguiram manter as despesas abaixo das receita, embora em proporção maior que as privadas.

      Em seu modelo atual, diz o relatório da Booz-Allen, o conjunto dos bancos públicos federais, "mesmo saneado, enfrentará dificuldades inerentes ao modelo, ainda maiores no contexto de desenvolvimento futuro do setor financeiro".

      As projeções dos analistas da Booz-Allen estimam que, juntos, o BB, CEF, BNDES, BNB Basa apresentarão lucros operacionais de R$ 556 milhões, na média anual, durante o período de 2000 a 2002.

      A partir daí, as projeções sugerem exatos sete anos de vacas magras: prejuízos anuais de R$ 1,326 bilhão de 2003 a 2005 e de R$ 839 milhões de 2006 à 2009.

       Segundo o relatório, essas projeções foram baseadas "em tendências históricas das instituições financeiras públicas federais, dados de balanço e tendências econômicas" e excluem "resultados de ajustes de provisões, mas consideram os ganhos de produtividade históricos das instituições". O documento esclarece ainda que "as receitas e custos operacionais foram projetados com base na informação histórica das instituições".

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