Fonte: Gazeta Mercantil Finanças B-4 (24/08/00) |
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Relatório de bancos
federais Austin Asis entrega hoje seu estudo ao ministro da Fazenda
Fidoa Miya de São Paulo
O ministro da Fazenda,
Pedro Malan, receberá hoje em Brasília um estudo elaborado pela
consultoria Austin Asis que contesta o diagnóstico e as conclusões do
relatório feito pela Booz-Allen & Hamilton sobre o conjunto das cinco
instituições financeiras públicas federais - Banco do Brasil (BB),
Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia
S/A (Basa). 0 estudo, encomendado pela Associação Nacional dos Funcionários
do Banco do Brasil (Anabb), conforme apurou este jornal, chega a conclusões
diametralmente apostas ao relatório da Booz-Allen.
O trabalho, assinado pelo
sócio-fundador da Austin Asis, Alberto Borges Matias, coordenador do
Departamento de Administração e Finanças da USP em Ribeirão Preto
(SP), conclui que os bancos públicos federais, especialmente o BB e a
CEF, não apenas são viáveis financeiramente como são necessários.
Matias viajou ontem à tarde para Brasília para entregar o documento ao
ministro Malan e à Anabb. O estudo será divulgado hoje em Brasília pelo
presidente da Anabb, Augusto Carvalho.
A primeira parte do
trabalho da Austin Asis, segundo uma fonte que teve acesso ao estudo, faz
duras críticas ao rigor científico do relatório da Booz-Allen, que foi
colocado em audiência pública no final de junho passado pelo secretário-executivo
do Ministério da Fazenda, Amaury Bier. Na segunda paire, os números do
BB e da CEF são comparados com os de 35 bancos privados que operam no
Brasil e com os das matrizes de instituições estrangeiras com subsidiárias
no País.
A conclusão dos
analistas da Austin Asis com base nessa comparação foi de que, num
ambiente de juros altos, os bancos privados, nacionais e estrangeiros
foram bastante rentáveis com a obtenção de "spreads" (diferença
entre as taxas de captação e de crédito) nas suas operações. Já os
resultados dos bancos públicos federais foram penalizados com
“spreads" bem menores, principalmente nos empréstimos à
agricultura, a microempresas e nos financiamentos da casa própria para a
população de baixa renda - operações evitadas pelas instituições
privadas.
Os números das matrizes
dos bancos estrangeiros em operação no País, porém, mostram que, no
exterior, essas instituições conseguem bons resultados com taxas
reduzidas de "spreads", mas com volumes de operações muito
maiores.
O estudo da Austin Asis,
segundo a fonte que teve acesso ao trabalho, conclui que, diante da tendência
de redução da taxa básica de juros (Selic) e dos "spreads"
bancários no sistema financeiro brasileiro, os bancos públicos federais
vão sofrer menos do que as instituições privadas. A tendência seria de
melhora dos seus resultados, especialmente do Banco do Brasil.
No relatório da
Booz-Allen, uma das principais conclusões do diagnóstico sobre o
conjunto das instituições financeiras públicas federais é que "o
sistema atual apresenta ineficiência estrutural entre o nível de
receitas e despesas operacionais". O diagnóstico foi feito com base
na comparação dos balanços anuais dessas instituições e os de quatro
bancos privados - Bradesco, Itaú, Unibanco e Real - durante o período de
1995 a 1999.
O documento mostra que,
nos dois primeiros anos (95 e 96), o total de despesas (de pessoal e
administrativas) dos bancos federais foi equivalente a 137% e 153%,
respectivamente, das receitas operacionais (resultado bruto de intermediação
financeira, receitas de prestação de serviços e resultado de participação
em coligadas e controladas). Ou seja, foram deficitários. Ao contrário
do que ocorreu com os bancos privados durante todo o período. De 1997 a
1999, as instituições federais conseguiram manter as despesas abaixo das
receita, embora em proporção maior que as privadas.
Em seu modelo atual, diz
o relatório da Booz-Allen, o conjunto dos bancos públicos federais,
"mesmo saneado, enfrentará dificuldades inerentes ao modelo, ainda
maiores no contexto de desenvolvimento futuro do setor financeiro".
As projeções dos
analistas da Booz-Allen estimam que, juntos, o BB, CEF, BNDES, BNB Basa
apresentarão lucros operacionais de R$ 556 milhões, na média anual,
durante o período de 2000 a 2002.
A partir daí, as projeções
sugerem exatos sete anos de vacas magras: prejuízos anuais de R$ 1,326
bilhão de 2003 a 2005 e de R$ 839 milhões de 2006 à
2009. |
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