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Vida boa: Mário Kértesz volta à TV Bandeirantes
Nada como um dia após o
outro. Foram apenas pouco mais de dois anos, quase três. Mário Kértesz saiu da
TV Bandeirantes por conta de um escândalo, em fevereiro de 2001. Ele havia
negociado com políticos uma forma de atacar, no seu programa "Jogo
Aberto", o político Geddel Vieira Lima, do PMDB.
Fora da TV, Kértesz teve
que se desdobrar com sua rádio, na falta de sua vitrine para sua promoção. Colocou,
em 2001, um grande anúncio com seu rosto e o lema “A Voz da Bahia”, para o seu
programa “Jornal da Bahia no rádio”, da Metrópole, com o logotipo com a freqüência
da FM bem enorme, e o aviso pequenininho “também em AM, 1290 khz”. Recorreu ao
amigo Duda Mendonça para ser o locutor da versão radiofônica das campanhas
eleitorais que fizeram Lula presidente da República. Se diz independente e
afirma não querer se envolver com ninguém – nem com esposa, para não dar em
prejuízo financeiro por conta de futuro divórcio - , mas quando quer tirar
vantagem gosta de dizer que todo mundo é seu amigo.
Kértesz quase entrou no
lugar de Raimundo Varela no programa da Record. Mas aí viu a dor de cotovelo da
TV Bandeirantes, que quase teve o Varela de volta mas este, que recentemente
diz ter desistido de sua candidatura para prefeito de Salvador, recuou na hora
de assinar o pré-contrato com a emissora.
Com isso, a TV Bandeirantes
de Salvador, afiliada da emissora de TV paulista que quase teve Kértesz como sócio
majoritário nas ações da emissora regional, acolheu o ex-prefeito de Salvador não
no antigo horário, de sete às oito da manhã, mas na hora do almoço, como uma
forma de confrontar o Varela, que está sendo processado pela TV Band por quebra
de contrato.
Isso mostra como a mídia na
Bahia está podre. Até o jornal A Tarde publicou um anúncio do “Jogo Aberto”. A
imprensa cai de joelhos diante da cafajestice do “camaleônico” Kértesz, que segue
a tendência que for conforme a ocasião. Será que alguém ignora que, neste ano
de 2004, quarenta anos após o Golpe de 1964, que gerou a ditadura militar, se Kértesz
fosse um figurão da época teria defendido a derrubada de João Goulart e apoiado
a ditadura militar (que, aliás, lhe lançou tal como um bom pupilo da época, sob
a tutela de Antônio Carlos Magalhães)?
O país ainda vive uma
grande impunidade. E, desta vez, pior, pois a própria imprensa está apoiando a
impunidade, traindo com quem apostava nos jornalistas como eternos guardiões da
cidadania. Criminosos como Guilherme de Pádua e Pimenta Neves – este um
jornalista, tratado como coitadinho pela grande imprensa – e corruptos históricos
como o ex-presidente Fernando Collor de Mello são agora tratados pelos
jornalistas sob a mais cordial benevolência, sob o pretexto de um “tratamento
isento e imparcial”, a pretensa objetividade que, neste mau aspecto, só leva a
imprensa ao parcialismo das informações. O apoio da imprensa baiana ao Mário Kértesz
envergonha completamente a opinião pública da Bahia e do Brasil, pois a má fama
do jornalismo baiano corre país afora.
Kértesz, para piorar, é
promovido como se fosse “jornalista”, “o maior cronista de Salvador” e, pasmem,
até mesmo “homem bonito”. Bonito? A cafajestice chega a esse ponto, e o povo
baiano é obrigado ou induzido a sorrir, achar que Kértesz detém o copyright
da palavra “cidadania” em toda a Bahia, e acreditar que o ex-prefeito de
Salvador é o senhor absoluto do pensamento oposicionista estadual. Como se
houvesse uma polaridade fictícia, de um lado ACM, de outro Kértesz. E
volta-e-meia Kértesz, contraditório que é, chamando o senador do grampo telefônico
de “meu amigo”.
Na hora do almoço, os
melhores nutricionistas advertem: não veja “Jogo Aberto”. Trata-se de uma atração
muito indigesta, que faz mal para o cérebro, para a consciência e também para o
estômago.