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Metrópole FM é obrigada a assumir o popularesco
“Mas rapaz...”.
A frase, conhecida gíria de jovens suburbanos foi, num belo dia, pronunciada
pelo apresentador Mário Kértesz em seu programa de rádio, é uma “pérola” do
popularesco mais rudimentar. O fato de Kértesz pronunciar esta frase mostra a
tendência da Metrópole FM em 2003 que, acuada diante de denúncias contra seu
dono e principal astro, é obrigada a abrir mão de sua fachada de “FM classe A”
e, mesmo mantendo a transmissão em FM, assumir que é uma “rádio AM popularesca”,
dessas do segundo escalão. Existe até um programa de música brega (tipo Falcão,
Reginaldo Rossi, Odair José) na emissora.
Desde que o
jornal “Província da Bahia” publicou denúncias antigas e novas sobre Mário Kértesz,
incluindo aquelas investigadas pelo editor-chefe da “Província”, o jornalista
Fernando Conceição, a Metrópole FM sofreu uma queda de popularidade. Se a
emissora sediada em Pernambués nunca foi, de fato, líder de audiência, embora
sua ostensiva e barulhenta audiência vista nas ruas desse uma falsa impressão
disso, hoje a emissora só está sendo timidamente ouvida por suburbanos, ou então
por poucos curiosos que ligam em FMs tagarelas, dessas que passam programação
tipo rádio AM, em seus carrões e vans.
A imprensa
baiana, por sua vez, saiu ilesa de sua própria omissão. Os jornais Correio da
Bahia e Tribuna da Bahia, que publicaram anúncios de programas da Metrópole FM
e cujos colunistas fizeram comentários elogiosos à programação – mas nunca ao
proprietário, o que poderia despertar suspeitas - , nunca fizeram uma ‘mea
culpa’ a respeito do tal apoio, e simplesmente esqueceram a rádio como quem
esquece um modismo ultrapassado. O jornal A Tarde, que em 1990 publicou denúncias
contra Kértesz, estava se abstendo em relação à sua rádio – apesar da posição
vizinha no dial soteropolitano pudesse representar uma incômoda concorrência à
rádio A Tarde FM, da família Simões que controla o famoso jornal - , embora
alguns colunistas tenham feito propaganda de alguns programas da emissora. Mas
também não adotou qualquer posição autocrítica a respeito disso, talvez porque
arrependimento não vende jornal. Mas talvez nas universidades o pessoal já
perceba a posição covarde da mídia baiana que deixou que um corrupto voltasse
ao “olimpo” dos poderosos.
Pelo menos Kértesz
já se sente incomodado. Ele se recusa a dar entrevistas para a Província da
Bahia, mandando um porta-voz inventar que as investigações sobre sua pessoa são
“brigas pessoais” ou “assuntos antigos”. São desculpas que poderão soar
convincentes para os ouvintes da Metrópole FM, mas que certamente não convencem
a maior parte da opinião pública, que já tem trabalho para se livrar de um
coronel político (ACM), não irá querer ter outro “coronel” que, neste caso,
tenta se passar por “voz da oposição baiana”. De lorotas e loroteiros o Brasil
está cheio.