O Titanic eletrônico da Metrópole FM
A partir de meados de abril de 2000, a Metrópole FM passou a se lançar como um verdadeiro "AeMão" tendencioso, ou seja, um arremedo de rádio AM nas ondas de FM. A princípio restrito à Frequência Modulada, com o número da sintonia, 101,3 mhz, colado no logotipo da emissora, a Metrópole FM pegou todo mundo de surpresa, iludindo a opinião pública baiana. Em 2001 a Metrópole AM é inaugurada, mas a programação com a Metrópole FM é unificada, ou seja, a FM fica "papagaiando" uma programação que deveria ser exclusiva da Metrópole AM.
Trata-se de um verdadeiro Titanic radiofônico, em que muita gente boa, gente até admirável, se envolve, uns na boa fé, outros na falta de outra rádio para trabalhar, mas em todo caso envolvidos num projeto que está muito longe de representar o fim da etapa politiqueira nas FMs baianas.
Quem conhece a história do Titanic sabe que este navio norte-americano era um dos maiores e mais luxuosos cruzeiros marítimos surgidos no início do século XX, com o lema "nem Deus consegue destruir o Titanic". A frase desafiadora foi infeliz, porque, em 1912, o grandioso navio foi abatido por um iceberg, causando uma das piores tragédias marítimas de todos os tempos, com milhares de mortos.
Claro que a comparação não é ao pé-da-letra. Mas é de se desconfiar que um ex-prefeito, com a fortuna obtida com a corrupção de anos atrás, contratar de uma só tacada locutores esportivos vindos da Rádio Sociedade da Bahia e da Rádio Cultura da Bahia, duas AMs, além de profissionais vindos da TV Bandeirantes e um grupo de atores teatrais da Bahia para fazer uma radionovela (curiosamente a mesma coisa que José de Paiva Netto, da LBV, fez, só que sob contexto religioso, na sua rede LBV Mundial cuja afiliada em Salvador é a Cristal AM, uma emissora independente abatida por outro "AeMão", o da Salvador FM) e vários jornalistas, muitos principiantes.
O que acabou sendo vendido como se fosse uma "FM informativa de primeira definição" na verdade não passou de uma emissora AM de segunda divisão, com alguns momentos até bons, mas outros não, que, transmitida em FM, passou a rasteira, como numa trapaça, as AMs mais tradicionais.
Por isso mesmo, a Metrópole FM não representou nenhuma alternativa à mesmice das FMs, se tornando apenas o reforço e o agravamento delas, já viciadas com o cacoete eventual de "macaquearem" a programação das AMs, ao invés de encarar de frente a necessidade de segmentação das FMs. Pior que isso, a Metrópole, com sua esquizofrenia de querer parecer uma AM popular, de um lado, e querer se vender como FM refinada, de outro, só acaba expressando sua desonestidade, sua falta de identidade, seu oportunismo que acaba iludindo e acomodando as mentes já acomodadas de donas-de-casa, colunistas de jornal, taxistas, borracheiros, porteiros-de-prédio e por aí vai. E todo mundo vai afundando nessa embarcação furada... A mesmice dos axézeiros e pagodeiros de plantão agradecem por esse verdadeiro bloqueio à segmentação das FMs que é a Rádio Metrópole FM.