- Seu Paulo dono do rancho
- Sujeito trabalhador
- Se sentou e foi contando
- Estórias de caçador
- Depois foi cortar cabelo
- Dum burro de desmantelo
- De gado farejador.
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- Paulo José no alpendre
- Tratava o peixe levado
- Mas de vez tomava uma
- Esperando ser assado
- Mas depois do prejuízo
- Tome cana no juízo
- Sem se queixa de enfadado.
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- A fartura esta pronta
- Peixe, capote e galinha
- E um feijãozim no preço
- Da sertaneja cozinha
- Pra melhorar a conversa
- Chegou ali bem de pressa
- A comadre Francisquinha.
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- Chamam de magra valente
- Porque não guarda segredo
- Mas é gente muito boa
- Eu afirmo sem enredo
- Veio com Yuri o netinho
- Conhecido Galeguinho
- Dos zói azul e sem medo.
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- Pois a dona Francisquinha
- Trouxe ali pra completar
- Pra Dadá minha mulher
- Outro prato exemplar
- Baião-de-dois com capote
- Água gelada do pote
- E eu fiquei só de espiar.
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- A conversa tava boa
- No alpendre da varanda
- A família mais unida
- Disso ninguém se engana
- Pra completar a platéia
- Tava o invocado Eneias
- Vendo o Paulo beber cana.
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- O Paulão aperreado
- Pouco ele se sentava
- Entrava cozinha adentro
- Pro terreiro ele voltava
- Depois trouxe em duas lonas
- Cinco centros de bananas
- No Gurgel depositava.
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- Sentou-se pra tomar uma
- Por a conversa em dia
- Logo ali nos escutamos
- Um alguém com gritaria
- Depois que baixou o tom
- Era o tal Chico fonfom
- Que gritava por mania.
-
- Vendo o homem em tremelique
- Que nem boneco teimoso
- E dançando no caminhado
- Disse o cabra é horroroso
- De tão bêbado vai ao chão
- Alguém disse: este cristão
- Só tem jeito desastroso.
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- Mas ele Demorou pouco
- Falou meio atrapalhado
- Pegou beco foi embora
- Seu Joaquim tinha chamado
- Quando olhei Paulo José
- Com seu chará fazia fé
- Em um mourão agarrado.
-
- Vinham lá da casa nova
- O Paulo que nunca pára
- Com um tronco de imburana
- Que é madeira tão rara
- Pra fazer xilogravura
- Além disso, escultura
- Que de gente tem a cara.
-
- Agora assim vou contar
- Nesse oportuno momento
- A minha visita ao rancho
- Que não houve descontento
- Assino se for preciso
- Foi como num paraíso
- Esqueci todo tormento.
-
- Pra santa virgem Maria
- Fiz então uma promessa
- De pagamento eu fazer
- E isso com muita pressa
- Embora sendo profana
- Sua imagem de imburana
- Porque muito me interessa.
-
- E depois dela esculpida
- Em São Paulo eu deixarei
- Em Aparecida do Norte
- Lugar que sempre sonhei
- Eis aí minha razão
- Pela preocupação
- Porque saúde encontrei.
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- Na traseira do Gurgel
- O tronco foi amarrado
- Quatro horas despedimos
- Daquele povo educado
- E chave na ignição
- E o bicho que nem o cão
- Saiu no mundo espritado.
-
- Na rodagem foi ligeiro
- Que chegamos sem demora
- Paulo olhava pro relógio
- Dizia vamos se embora
- Tenho ainda um compromisso
- Pra que foi que disse isso
- Foi outro agôro na hora.
-
- Logo o Gurgel foi pendendo
- Um pneu tava furado
- Pra nossa sorte o traseiro
- Foi outro drama arretado
- Paulo serviu de macaco
- Levantou provando taco
- Pois foi assim consertado.
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- Às dezoito nós chegamos
- No Maranguape afamado
- À casa de outro amigo
- Do Paulo,agente é levado
- Pra entregar encomenda
- As bananas para venda
- Que ele trouxe ofertado.
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- A demora fora curta
- Enfadado me encontrava
- O Paulo eu foi deixar
- Aonde seu carro estava
- E com Dadaá sem tristeza
- Seguimos pra Fortaleza
- A viagem terminava.
-
- Se houve então sacrifício
- Explico aqui a questão
- Foi pra testar a promessa
- Deste poeta cristão
- Quem então acompanhou
- Sei que a santa abençoou
- Pela fé no coração.
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- Assim termina a história
- Do personagem fiel
- Que envolveu um amigo
- Do direito bacharel
- Se foi culpa é do destino
- Assim fiz sem desatino
- Um registro no cordel
-
- Farei outra aventura
- Convidarei outro amigo
- Helder Campos com certeza
- No Gurgel terá abrigo
- Por ser muito falador
- Não paga nada se for
- Só quero ver seu castigo.
-
Fim
- Folheto com 12 páginas -Edição
Cecordel - Outrubro/2003