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ANÁLISE CRÍTICA, COM CITAÇÃO DE TRECHOS DO LIVRO DE GEORGE THOMPSON, ANTIGO TENENTE-CORONEL ENGENHEIRO DO EXÉRCITO PARAGUAIO*.
Extraído da "Blackwood's Edinburgh Magazine, de 1869".
por Alison, Jnr. Archibald
Tradução: Eduardo Queiroz Galvão
As brasas ainda não estão totalmente extintas de uma guerra extremamente violenta, que vem por alguns anos ceifando milhares de vidas no continente sul-americano. Este conflito, embora pouco conhecido na Europa, tem despertado, sob muito aspectos, grande interesse aos estudiosos do assunto.
Na parte oriental do continente sul-americano, encravada nos ângulos formados pelos rios Paraná e Paraguai, encontra-se a República do Paraguai. O país faz fronteira com com o Brasil na parte norte e leste; ao sul, faz limite com a Confederação Argentina; e a oeste, na cabeceira rio Paraguai, pelo “Gran-Chaco” ou o grande e desabitado deserto.
Toda parte sul do Paraguai, no ângulo onde os rios Paraná e Paraguai se unem, consiste uma planície pantanosa entrecortada por várias lagunas e interligadas por estreitas passagens de águas rasas, por onde é possível transitar na região. O terreno habitável, de relevo mais alto, formado de cadeias de colinas e planícies, começam a partir de Assunção, no alto curso do rio paraguaio.
Esta terra estranha e isolada, cercada por rios e pântanos, não tem nenhum meio de comunicação com o mundo exterior a não ser através do grande rio Paraná. Não existe nenhuma estrada para tráfego interno, salvo as profundas correntes do rio Paraguai que deslisa até a junção com o Paraná. O país possui apenas uma pequena estrada de ferro que liga Assunção ao interior. O rio é para este país, o que mar, a rodovia e a linha férrea são para os países mais desenvolvidos.
O Paraguai é habitado por uma raça mestiça de descendentes de espanhóis e índios. Os jesuítas, para quem os espanhóis cederam a terra após o descobrimento, civilizaram e instruíram as tribos nativas. No decorrer dos anos, este povo, primeiro, se libertou do ensino religioso, depois de seus políticos regentes e se tornou independente quando os espanhóis perderam o julgo de suas colônias. Em 1813, o célebre Dr. Francia tornou-se ditator e seu governo manteve como princípio o férreo controle e completo isolamento do país, tendo, inclusive, fechado as fronteiras por terra, por água ou por quaisquer meios de contato com o mundo exterior, além de proibir todo comércio externo do país. O povo dependia inteiramente dos meios internos de manufatura para consumo. Foi instalada, por conseguinte, o mais singular e suspeito despotismo dos tempos modernos. Ele morreu em 1840 e foi logo sucedido por Antonio López, um advogado pobre que também governou o país exercendo o extremo controle das leis e do povo paraguaio. Antonio López relaxou, no entanto, de forma significativa, o isolamento sistematizado pelo Dr. Francia e reabriu o país para o comércio externo, mandou construir arsenais, restabeleceu o tráfego fluvial de navios e, até mesmo, construiu uma pequena estrada de ferro ligando a capital ao interior. Quando Antonio López faceleu em 1862, foi sucedido por seu filho mais velho, Francisco Solano López e recebeu o título de Presidente da República – sob o governo deste déspota a guerra, que passaremos a investigar, ocorre.
* ‘The War in Paraguay’. By George Thompson, C.E., late Lieut. Colonel of Engineers in the Paraguay Army. Longmans, Green, & Co., London.
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L I N K
- Causas da guerra:
CAPTURA DO NAVIO MARQUÊS DE OLINDA
- Encerramento da guerra:
MORTE DE FRANCISCO SOLANO LÓPEZ
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