lediana.jpg (5057 bytes)

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Lediana Carvalho de Aquino
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ LetrasLedianas@yahoo.com.br
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ http://LetrasLedianas.blogspot.com

 

Nascida em Natal - RN (12/03/1981). Mora em Fortaleza desde Outubro de 1998, onde fez muitos amigos e presenciou a construção de uma estrutura sólida pra consiguir viver em paz.

Não sabe quais caminhos a vida está a levando neste momento. Sente uma mudança no ar... Talvez a tal paz não seja a meta, mas sim uma ponte.

Escreve desde que se entende por gente. Sempre rabiscava a parte de trás dos cadernos escolares. Escrevia de tudo, confissões como num diário até poemas, histórias... A partir dos 15 anos, mais ou menos, começou a sentir vontade de expor o que escrevia, como se fosse necessário espalhar ao mundo alguma mensagem que ainda não decifrada. E é em busca de desvendá-la que continua escrevendo até hoje.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Um Abrigo II
Agora tenho outra sensação:
No imprevisto, tudo aconteceu.
E há muito ainda por vir.
Tudo muda um dia
E eu mudei também.
Parei, pensei, vivi.
E agora sei,
Que, dessa vez, algo eu aprendi.
Chegou aqui um novo coração
Que não é o meu.
Outro coração:
Que pulsa junto com o meu;
Que me deixar trafegar livre e descobrir;
Outro coração:
Que me tirou a interrogação;
Que entrou em meu mundo
e me fez sair de dentro de mim
abrindo as grades dessa prisão.
Meu abrigo,
Meu esconderijo.
No imprevisto, tudo ainda pode acontecer.
Ainda somos aprendizes
E há muito ainda a viver.
Segura minha mão, então
e vem comigo!
Em busca do novo
a cada dia,
cada momento...
E, se o passado
já se foi...
Se o futuro
ainda virá...
Vem comigo!
Porque o presente
é o nosso
Abrigo.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Tentando Descobrir o Que Sinto Por Nós Dois 

Silêncio é nossa linguagem
Desejo é a nossa arma
Paixão, nossos encontros
E os desencontros, saudades

Milhões de anos;
Milhões de mundos
Passaram.
E estamos juntos desde o início
Desde o começo de tudo
E outros mundos passarão
E estaremos juntos
Até o final dos tempos
Depois do fim do mundo

Agora é presente
Nosso presente
Que nos pertence
E que nos convida
A continuar
A se entregar
A conviver
A nos querer só pra nós

Possuímos a razão
O amor
A paixão
O prazer
A loucura
O segredo
A verdade

A verdadeira intenção que faz mover o mundo:
O sentimento maior
O maior de todos
Mais do que o amor
Algo que ainda é indefinível
Que ninguém descobriu
E ninguém sabia que existia

E nós o exploramos, testamos
Colocamos ele à toda prova
Ele resistiu
Nos esperou e nos acolheu
É como se fosse um ser
Que nos envolve e nos ilumina
Que nos deixa intrínsecos:
Intimamente ligados
E faz com que o futuro
Nos pareça
Surpreendentemente previsível.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Artista Autista

ARTISTA é aquele que, com suas mãos,
transforma a inspiração em
letras, cenas, cenários e coisas.
O ARTISTA canta para ser ouvido por todos.
Ele faz do mundo a sua moradia

AUTISTA é aquele que, sem usar as mãos,
transforma as letras, cenas, cenários e coisas
em sua própria inspiração.
O AUTISTA canta para ouvir-se internamente
Ele mora dentro de si mesmo

Tanta diferença!
O ARTISTA está livre
O AUTISTA é só
O ARTISTA é imortal
O AUTISTA já morreu faz tempo
E vive nos escombros de suas próprias paredes.
O ARTISTA destrói razões
O AUTISTA cria todas as outras.

Entretanto há algo em comum entre ambos:

Juntos se completam.
Sonham dentro desse paradoxo
Uma realidade que ambos querem alcançar.

Juntos amam tudo o que recomeça
O que se refaz
O que se reconquista
O que renasce
E se reintegra
E se reanima
Tudo o que é novamente novo

Juntos formam um só ser.
Um só poder de criação,
Um só perdão,
Um só coração.

Juntos vivem para transmitir
A mensagem que merece o seu nome:

"ESSE SOU EU
SOU UM ARTISTA AUTISTA!"

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Uma Carta Nunca Escrita para Alguém que Nunca Leu

Fortaleza (CE), 21 de abril de 1999.

Não escrevo para dar notícias. Essa carta tem a exclusiva intenção de
mostrar quem sou. Ou seja, quero dizer como eu vejo e percebo as
coisas que acontecem ao meu redor. Quero mostrar uma avaliação que eu
faço de minha estória.

Existem certas atitudes minhas que as pessoas falam comigo de uma
forma como não me conhecessem. Quer dizer, estranham minhas ações.
Daí eu respondo: "Mas nem eu sei do que eu sou capaz..."

Isso é verdade! Eu sou capaz de fazer tudo, tudo mesmo, pelos motivos
mais variados possíveis (e até sem motivo mesmo). O certo é que eu
tenho essa maneira de ser. Não costumo dizer não. De tudo eu quero
participar, tudo eu quero experimentar.

Minha consciência se baseia nos meus padrões de certo e de errado,
coerente e incoerente, fácil e difícil. E nada mais... É proibido
proibir. Não me interessam as coisas que tenho por direito e sim
aquelas que eu possuo por conquista, luta, prazer e coragem.

Eu sou grande, me considero muito grande. Como se eu precisasse saber
de tudo, compreender tudo, invadir o mundo das pessoas e
perguntar: "Por quê?".

Mas isso não significa que eu queira mudar o mundo. Longe disso!

Minha busca incessante é pela VERDADE. A verdade que está presente em
todos, e em tudo: num pôr-do-sol que presenciamos, numa lágrima que
vemos cair, nas emoções que expressamos, enfim... Observar tudo isso
pra mim é fácil e necessário, como se fosse uma missão a cumprir.
Nessas horas sinto-me imune à vida terrena: vendo as pessoas agirem
com movimentos simulados. Como num jogo, fazem tudo por conveniência,
se esquivam de muitas emoções que possam vir a sentir. Isso não é pra
mim... Não sei ser assim.

Todo esse abstracionismo me eleva, me deixa longe da vida real. Me
considero diferente, sim! Isso acontece sempre. A todo momento
procuro me alocar, me agregar ao ambiente em que me encontro. Mas é
um esforço inútil. Mas cedo ou mais tarde olho pra mim e me vejo só:
completamente só... Nunca por opção, sempre por natureza. Isso já foi
pra mim um grande problema. Mas foi preciso que eu me adaptasse.Eu
consegui conviver com essa solidão. Mas também foi preciso, como
consequência, que eu modificasse minha forma de pensar.

Antes eu pretendia uma isolação total. Me privar das pessoas e
simplesmente observá-las (foi aí onde surgiu o pseudônimo "Artista
Autista", eu tinha a intenção de criar meu próprio mundo nas letras:
loucura!), fugi de amizades e relações mais próximas.

Depois percebi que esta atitude era um tanto improdutiva e sem
vantagem alguma. Houve uma época em que eu lia Carlos Drummond de
Andrade e foi através dessa leitura, incentivada por ela, que decidi
me juntar às pessoas, absorver o "Sentimento do Mundo" e me integrar
de uma maneira geral às coisas que eu presenciasse. Sobretudo,
aceitei minha condição de ser humano.

Essa nova maneira de ver o mundo só seria realmente eficiente se
existisse dentro de mim um espírito de Liberdade Intensa Fundamental.
Liberdade sim! Solidão jamais! Nessa lei eu me baseio agora.

Eu sou livre e responsável pelo meu destino. Tenho de escrevê-lo por
meu próprio punho. As decisões tomadas devem ser rápidas, precisas e
eficientes.

Toda essa transformação se intensificou quando finalmente eu saí de
casa, do berço da família. Eu comentava como eu achava a vida
difícil. Meus caminhos eram muito complicados. Difíceis de entrar e
impossíveis de sair.

É verdade! Eu não escolhi viver assim. Fui levada, por forças maiores
do que eu, a aceitar minha condições, meu passado. Eu não soube
escolher: fui escolhida.

Tudo isso são coisas nas quais eu acredito. Essa é a minha verdade.
Não tenho a intenção de me proteger dos problemas do mundo e sim a de
aparecer para eles. Quero ser transparente, previsível, fácil de
conviver, de entender.

Peço apenas que não me prenda, deixe-me livre. Entretanto nunca me
deixe só. Há algo mais além dessa pequena vida, algo em que só quem é
digno tem o direito de descobrir.

Agora, faça de mim o que quiser: essa sou eu!

Saudades.

Lediana Carvalho.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Eclipse

Antigamente
A Lua vinha te buscar
Ao mesmo tempo em que o Sol me levava

Mas, por um momento, todos viram que no Céu
O dia estava escuro como no luar
E a noite clara como nos dias ensolarados

É que a Lua, intrusa, invadiu meu dia
E trouxe você pra mim
E o Sol, faceiro, te esperou na noite escura
Para me levar até você

Festa nas alturas!
O dia inteiro tem uma cor só!
É que Lua e Sol se encontraram
E têm anjos em ciranda
Cantarolando ao redor

Desde então,
O mundo não é mais o mesmo:
Eu vejo a Lua quando é dia claro
E você conversa com o Sol
Quando já é madrugada.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Um Abrigo

Há um vazio dentro de mim
Uma ânsia em viver
Uma vontade de romper
Mostrar a verdade, mudar
Antes que seja tarde

Sinto saudades de coisas que nunca fiz
Sei que, na verdade, sempre fui um aprendiz
Vejo o meu destino cada vez mais longe
Me confundo, penso que não há nada por vir
Mas, no imprevisto, tudo pode acontecer

O que há então?
Porque essa sensação?
Mudam as caras, caem as máscaras
Muda o mundo, mudam todos, muda tudo
E eu muda, não sei falar
Não quero falar nada sem saber
Não sei falar, sou uma aprendiz
No imprevisto tudo pode acontecer

Quero parar
Quero pensar, viver, saber
Quero sentir
Sempre fui uma aprendiz

Quem vai me ensinar?
Quem quer entrar em meu mundo?
Eu não sei...

Quem se arriscaria?
Quem vai saber?
Sou apenas uma aprendiz

Preciso preencher o vazio
Preciso de uma certeza
Preciso de uma razão
Preciso de um coração
Que não seja o meu

Um outro coração
Que pulse junto com o meu
Que me deixe trafegar livre
Que me deixe descobrir

Um outro coração
Que me liberte dessa prisão
Que me faça sair de dentro de mim
Onde eu faça o meu abrigo
Onde seja meu esconderijo

Um outro coração
Quem?
Eu não sei. Você sabe?

Na verdade, sou apenas uma aprendiz
No imprevisto, tudo o que eu sempre quis

Um coração (outro)
Um abrigo (sim)

05/00

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Ela Cala, Ele Fala

Eram oito horas da noite quando ela começou se arrumar para a festa. Um pouco apressada vestiu o vestido especialmente comprado para aquela noite e calçou os sapatos. Passou batom, colocou tudo o que pode dentro da bolsa e saiu correndo pelas escadas do prédio.

Já na rua tomou um táxi e mostrou ao motorista um cartão que indicava o endereço do local da festa. Chegando lá, viu que ele já a esperava na calçada, em frente ao clube.

- Fiquei preocupado, pensei que você tinha se enganado de lugar... Ou que não conseguisse explicar ao taxista.

Ela fez um gesto e baixou os olhos como se estivesse envergonhada.
- Ah! Já sei. Você perdeu a hora mesmo, não foi ? Sem problemas. Deixa eu olhar pra você. Nossa, está linda!

Ele disse isso, tocou em seu queixo e a beijou. E ficaram assim, abraçados, durante alguns minutos até que ela o olhou nos olhos.

- Não estou te entendendo... - disse ele.

Era um olhar diferente, o qual ele nunca tinha visto ela expressar. Um pequeno sorriso entre os lábios e os olhos fixos nos dele. Algo que lembrava uma cara de expectativa, como alguém que está pronto para falar alguma coisa. Ele conhecia todos os gestos e códigos que ela expressava, mas aquele olhar era inédito para ele.

Ela fez outro gesto que ele logo compreendeu que queria dizer "- Deixa pra lá". Então ele deixou pra lá.

- Você quer ir pra festa ou quer jantar primeiro? Tem um restaurante aqui perto, podemos ir caminhando até lá.

Outro gesto dela e os dois se encaminharam ao restaurante. Sentaram-se numa das mesas e o garçom veio trazer o cardápio. Ela apontou qualquer refeição lá escrita e depois a bebida. A um sinal dele, o garçom retornou à mesa. Ele fez o pedido.

Enquanto esperavam o jantar ele a olhava como se quisesse decifrar um segredo, um mistério que ela escondia. Assim, calada, ela observava o movimento da rua, do restaurante e esbarrava seu olhar no dele.

Sem palavras a dizer, eles se saboreavam dessa forma, se olhando, se compreendendo, decorando milímetro por milímetro as partes do rosto, as sobrancelhas, os olhos, o nariz, a boca, o queixo, os cabelos. Poderiam passar horas e horas. Essa era a comunicação deles: quase telepatia. Ele a compreendia perfeitamente e ela sempre o ouvia com atenção.

- Sabe... Quando nós começamos a namorar, eu não imaginava que seria assim. - ele disse e foi logo indagado por ela perguntando, com o olhar, o que ele imaginava, então.

- Como eu pensava? Bem, eu pensava que ia ser uma coisa monótona. Você aí calada e eu aqui, sem entender nenhum gesto seu. Sim, por que eu nunca entendi essas linguagens dos mudos...

Ela sorriu confirmando que também nunca aprendera a linguagem dos mudos.

- Mas quando eu passei a conviver com você, te compreender, enfim. É como se, pra mim, você tivesse uma voz. É como se eu soubesse tudo o que você está pensando.

E o diálogo prosseguiu assim. Ela calada e ele falando, percebendo atentamente tudo o que ela tinha a dizer por seus gestos. Às vezes ela voltava a olhá-lo daquela forma que ele ainda não compreendia e perguntava, afinal, o que ela queria dizer com aquilo. Mas ela sempre gesticulava "- Deixa pra lá".

Jantaram e foram para a festa. Lá a música contagiava a todos. As pessoas dançavam inventando novas coreografias, sempre ao embalo do som que a banda tocava sem parar. Os dois juntaram-se a um grupo de amigos e festejaram até o fim da noite.

- Ei! Daqui nós vamos dar uma volta na praia. Vocês dois vêm com a gente? - perguntou-lhes um dos amigos.

- Vamos, vamos sim - confirmou ele a um sinal dela.

Já passava das quatro da manhã. O sol dava sinais de vida e a madrugada começava a se despedir dando início ao evento que marca a partida preguiçosa das estrelas. É quando o negro do céu passa a ser colorido pelo puro e claro azul, definindo o nascimento de mais uma manhã.

Em meio a esse cenário, na beira mar, estavam os dois, esquecidos da festa e da noite, deitados sobre a areia. Os amigos já tinham ido embora e eles resolveram ficar e assistir amanhecer. Ela encostava sua cabeça no ombro dele e juntos novamente deixavam o silêncio tomar conta do lugar.

O sol veio despontar sonolento, calmo, brilhante. Os primeiros raios refletiram no rosto dela e ele pode apreciar cada traço. Mais uma vez ela lançava para ele aquele olhar diferente que ele finalmente conseguiu decifrar.

Não tinha mais dúvidas. Ela estava querendo dizer, pela primeira vez: "- Eu te amo!"

- Me ama?!
- Hum-hum - confirmou ela com um grande sorriso nos lábios.
- Eu também te amo - dizia ele ainda meio confuso.

Então, ela, num movimento de superioridade, tocou o rosto dele e o beijou. Ele sem saber dizer mais uma palavra, surpreso com tudo aquilo, ficara imóvel. Ela se levantou, estendeu sua mão a ele e juntos caminharam de mãos dadas, pela beira da praia, conversando, cada um a seu melhor modo, sobre a descoberta que acabavam de fazer.

O sol já brilhava intensamente, a cidade acordara. Era a hora de ir embora.
Ele foi deixá-la em casa. E antes que ela entrasse, arriscou, pela primeira vez:
- Quer casar-se comigo?

Outro gesto dela, de felicidade, e os dois escreveram, para sempre, juntos, os seus destinos.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Você Está Comigo

Eu Estava e Você Estava Comigo
No meu pensamento longíquo
Um eco soa o teu nome

A todo instante
Minha mente viaja
As cenas, lembranças e intuições
Que me fazem vagar no tempo
E no espaço
Pra te bus buscar, pra te encontrar, te rever
Imaginar você aqui do lado
Teu ros, teus olhos, tua boca
E tuas mãos dadas as minhas...

Estás aqui eu sei
Sinto sua presença em todos os lugares por onde vou
Em todos os cenários que vejo
Todos os sons que ouço
Nas fragrâncias que cheiro
Todos os paladares que provo
Todas as coisas que toco
E nos acontecimentos que prevejo
Você contempla os meus sentidos!

Converso com você em pensamento
Te deixo a par de tudo o que acontece
E você me mostra o caminho,
A luz, a verdade.

Tendo você do lado
Tudo é mais fácil, mais leve
E fica gostoso viver
Ver, ouvir, cheirar, provar, tocar, prever.

Presencio a vida urbana
Com seus conflitos e confusões
Admiro a natureza
Com sua riqueza verde e de todas as cores
Vejo o choro de uma criança
O brilho no olhar de quem ama
A agonia dos que sofrem
As injustiças terrenas
Os milagres que acontecem a todo momento
E você está comigo...

O mundo gira, dia após dia, em torno de si mesmo
A vida segue seu rumo conforme está escrito
E você está comigo...

Um soluço
Uma palavra
Um minuto de silêncio
E você está comigo

Saudades
Poesia
Silêncio absoluto
E você está comigo...

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

)))¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Sedução Envolvente

Ouvi de longe as doze badaladas da meia-noite. Como morava numa das últimas casas do bairro, tinha que passar por uma ponte mergulhada na neblina. Foi quando observei algo atrás de mim. Virei a cabeça e senti um calafrio na espinha. Tomei um susto ao perceber que não era ninguém.

Tentava me acalmar. "Será que se escondeu e vai me seguir até em casa ?" - pensei. Estava amedrontada, não sabia se corria, se seguia ou se ficava parada.

Me encostei no parapeito para me refazer do susto e me tranqüilizar. Quando levantei os olhos, pude ver, entre a neblina, um vulto se aproximando.

Aos poucos, consegui perceber que era um corpo masculino, vestia uma calça jeans, somente.

Era um corpo não muito musculoso, mas forte, somado a dois olhos claros, da cor de seus cabelos muito bem alinhados e à boca mais perfeita que eu já vi em toda minha vida...

- Q-quem, ou melhor, o quê, ou melhor, quem é você, quer dizer, eu nunca vi você por aqui... - eu disse, sem saber direito o que dizia.

- Deve ser porque eu nunca estive por aqui - ele se aproximava cada vez     mais - eu me chamo Gabriel, e você ?
- D-Diana! - eu ainda gaguejava.
- Ele tomou minha mão gentilmente, olhou em meus olhos e, dizendo "Muito prazer", a beijou.

Eu não consegui falar mais uma palavra, estava fixada. Não entendia o que ele fazia ali, àquela hora da noite.

- Nossa! Você deve estar com muito frio! Sua mão está gelada...

Eu não estava com frio. Rapidamente, envergonhada, puxei minha mão.

- Éh... Deve ser a neblina... - tentava, em vão, disfarçar.
- Sei... - fitou novamente meu olhar.

Gabriel tinha uma voz sedutora, um corpo sedutor, um jeito sedutor.De onde viria ? Para onde estaria indo ? O que faria ali, vestindo apenas uma calça jeans ? Era tudo o que eu queria saber.

Mas foi ele então quem me perguntou:

- O que você faz aqui, a essa hora?
- Quase todas as noites eu passo por aqui a essa hora - já estava mais calma - foi por isso que me admirei com você aqui: nunca encontrei ninguém enquanto volto do trabalho mais tarde.
- É perigoso, sabia?
- Bem que eu precisava de um guarda-costas...

Sem perceber, eu me insinuava. A presença de Gabriel estava me transtornando. Não me conhecia mais, não sabia mais o que dizia ou fazia.

Procurando o mais rápido possível sair daquela situação, decidi ir embora.

- Bom, Gabriel, foi um prazer, mas, acho que vou embora - estendi-lhe o braço em busca de um aperto de mãos.

Nesse momento, tudo parecia estático. Meus olhos, fixos nos dele, buscavam uma reação. Ele nada fazia. Apenas me olhava com os braços cruzados. Imitei-o também cruzando os meus e baixei os olhos.

- Não me quer para seu guarda-costas?
- Quê?!
- Você não falou que precisava de um?
- Ahn! É... Quem sabe, podemos ir conversando até em casa, é aqui pertinho...

Inesperadamente, ele me pegou nos braços e me perguntou onde eu morava.
Guiei-o até minha casa, sempre envolvendo meus braços em seu ombro nu, enquanto ele corajosamente me levava.

- Está entregue! - e me colocou no chão.

Ficamos por algum tempo sérios, olhando um para o outro.
Eu não consegui mais resistir, alguma coisa tinha que acontecer. Abracei e beijei-lhe na boca. Foi um beijo suave, flutuante, inesquecível...

- Desculpe... - eu tentava me explicar.

Gabriel tocou em meu queixo e, sem dizer uma palavra, me beijou mais uma vez. Envolveu-me novamente em seus braços e me levou para meu quarto.

Não estava mais lá quando acordei.

E eu nunca mais o vi.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-