-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Lediana
Carvalho de Aquino
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Nascida em Natal - RN (12/03/1981). Mora em Fortaleza
desde Outubro de 1998, onde fez muitos amigos e presenciou a construção de uma estrutura
sólida pra consiguir viver em paz. Não sabe quais caminhos a vida está a levando neste momento. Sente uma mudança no ar... Talvez a tal paz não seja a meta, mas sim uma ponte. Escreve desde que se entende por gente. Sempre rabiscava a parte de trás dos cadernos escolares. Escrevia de tudo, confissões como num diário até poemas, histórias... A partir dos 15 anos, mais ou menos, começou a sentir vontade de expor o que escrevia, como se fosse necessário espalhar ao mundo alguma mensagem que ainda não decifrada. E é em busca de desvendá-la que continua escrevendo até hoje. |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Um Abrigo
IIAgora tenho outra sensação: No imprevisto, tudo aconteceu. E há muito ainda por vir. Tudo muda um dia E eu mudei também. Parei, pensei, vivi. E agora sei, Que, dessa vez, algo eu aprendi. Chegou aqui um novo coração Que não é o meu. Outro coração: Que pulsa junto com o meu; Que me deixar trafegar livre e descobrir; Outro coração: Que me tirou a interrogação; Que entrou em meu mundo e me fez sair de dentro de mim abrindo as grades dessa prisão. Meu abrigo, Meu esconderijo. No imprevisto, tudo ainda pode acontecer. Ainda somos aprendizes E há muito ainda a viver. Segura minha mão, então e vem comigo! Em busca do novo a cada dia, cada momento... E, se o passado já se foi... Se o futuro ainda virá... Vem comigo! Porque o presente é o nosso Abrigo. |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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Tentando Descobrir o Que Sinto Por Nós Dois Silêncio é nossa linguagem Desejo é a nossa arma Paixão, nossos encontros E os desencontros, saudades Milhões de anos; Milhões de mundos Passaram. E estamos juntos desde o início Desde o começo de tudo E outros mundos passarão E estaremos juntos Até o final dos tempos Depois do fim do mundo Agora é presente Nosso presente Que nos pertence E que nos convida A continuar A se entregar A conviver A nos querer só pra nós Possuímos a razão O amor A paixão O prazer A loucura O segredo A verdade A verdadeira intenção que faz mover o mundo: O sentimento maior O maior de todos Mais do que o amor Algo que ainda é indefinível Que ninguém descobriu E ninguém sabia que existia E nós o exploramos, testamos Colocamos ele à toda prova Ele resistiu Nos esperou e nos acolheu É como se fosse um ser Que nos envolve e nos ilumina Que nos deixa intrínsecos: Intimamente ligados E faz com que o futuro Nos pareça Surpreendentemente previsível. |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Artista
Autista ARTISTA é aquele que, com suas mãos, transforma a inspiração em letras, cenas, cenários e coisas. O ARTISTA canta para ser ouvido por todos. Ele faz do mundo a sua moradia AUTISTA é aquele que, sem usar as mãos, transforma as letras, cenas, cenários e coisas em sua própria inspiração. O AUTISTA canta para ouvir-se internamente Ele mora dentro de si mesmo Tanta diferença! O ARTISTA está livre O AUTISTA é só O ARTISTA é imortal O AUTISTA já morreu faz tempo E vive nos escombros de suas próprias paredes. O ARTISTA destrói razões O AUTISTA cria todas as outras. Entretanto há algo em comum entre ambos: Juntos se completam. Sonham dentro desse paradoxo Uma realidade que ambos querem alcançar. Juntos amam tudo o que recomeça O que se refaz O que se reconquista O que renasce E se reintegra E se reanima Tudo o que é novamente novo Juntos formam um só ser. Um só poder de criação, Um só perdão, Um só coração. Juntos vivem para transmitir A mensagem que merece o seu nome: "ESSE SOU EU SOU UM ARTISTA AUTISTA!" |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Uma Carta
Nunca Escrita para Alguém que Nunca Leu Fortaleza
(CE), 21 de abril de 1999. |
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Eclipse Antigamente A Lua vinha te buscar Ao mesmo tempo em que o Sol me levava Mas, por um momento, todos viram que no Céu O dia estava escuro como no luar E a noite clara como nos dias ensolarados É que a Lua, intrusa, invadiu meu dia E trouxe você pra mim E o Sol, faceiro, te esperou na noite escura Para me levar até você Festa nas alturas! O dia inteiro tem uma cor só! É que Lua e Sol se encontraram E têm anjos em ciranda Cantarolando ao redor Desde então, O mundo não é mais o mesmo: Eu vejo a Lua quando é dia claro E você conversa com o Sol Quando já é madrugada. |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Um Abrigo Há um vazio dentro de mim |
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Ela Cala,
Ele Fala Eram oito horas da noite quando ela começou se arrumar para a festa. Um pouco apressada vestiu o vestido especialmente comprado para aquela noite e calçou os sapatos. Passou batom, colocou tudo o que pode dentro da bolsa e saiu correndo pelas escadas do prédio. Já na rua tomou um táxi e mostrou ao motorista um cartão que indicava o endereço do local da festa. Chegando lá, viu que ele já a esperava na calçada, em frente ao clube. - Fiquei preocupado, pensei que você tinha se enganado de lugar... Ou que não conseguisse explicar ao taxista. Ela fez um gesto e baixou os olhos como se estivesse
envergonhada. Ele disse isso, tocou em seu queixo e a beijou. E ficaram assim, abraçados, durante alguns minutos até que ela o olhou nos olhos. - Não estou te entendendo... - disse ele. Era um olhar diferente, o qual ele nunca tinha visto ela expressar. Um pequeno sorriso entre os lábios e os olhos fixos nos dele. Algo que lembrava uma cara de expectativa, como alguém que está pronto para falar alguma coisa. Ele conhecia todos os gestos e códigos que ela expressava, mas aquele olhar era inédito para ele. Ela fez outro gesto que ele logo compreendeu que queria dizer "- Deixa pra lá". Então ele deixou pra lá. - Você quer ir pra festa ou quer jantar primeiro? Tem um restaurante aqui perto, podemos ir caminhando até lá. Outro gesto dela e os dois se encaminharam ao restaurante. Sentaram-se numa das mesas e o garçom veio trazer o cardápio. Ela apontou qualquer refeição lá escrita e depois a bebida. A um sinal dele, o garçom retornou à mesa. Ele fez o pedido. Enquanto esperavam o jantar ele a olhava como se quisesse decifrar um segredo, um mistério que ela escondia. Assim, calada, ela observava o movimento da rua, do restaurante e esbarrava seu olhar no dele. Sem palavras a dizer, eles se saboreavam dessa forma, se olhando, se compreendendo, decorando milímetro por milímetro as partes do rosto, as sobrancelhas, os olhos, o nariz, a boca, o queixo, os cabelos. Poderiam passar horas e horas. Essa era a comunicação deles: quase telepatia. Ele a compreendia perfeitamente e ela sempre o ouvia com atenção. - Sabe... Quando nós começamos a namorar, eu não imaginava que seria assim. - ele disse e foi logo indagado por ela perguntando, com o olhar, o que ele imaginava, então. - Como eu pensava? Bem, eu pensava que ia ser uma coisa monótona. Você aí calada e eu aqui, sem entender nenhum gesto seu. Sim, por que eu nunca entendi essas linguagens dos mudos... Ela sorriu confirmando que também nunca aprendera a linguagem dos mudos. - Mas quando eu passei a conviver com você, te compreender, enfim. É como se, pra mim, você tivesse uma voz. É como se eu soubesse tudo o que você está pensando. E o diálogo prosseguiu assim. Ela calada e ele falando, percebendo atentamente tudo o que ela tinha a dizer por seus gestos. Às vezes ela voltava a olhá-lo daquela forma que ele ainda não compreendia e perguntava, afinal, o que ela queria dizer com aquilo. Mas ela sempre gesticulava "- Deixa pra lá". Jantaram e foram para a festa. Lá a música contagiava a todos. As pessoas dançavam inventando novas coreografias, sempre ao embalo do som que a banda tocava sem parar. Os dois juntaram-se a um grupo de amigos e festejaram até o fim da noite. - Ei! Daqui nós vamos dar uma volta na praia. Vocês dois vêm com a gente? - perguntou-lhes um dos amigos. - Vamos, vamos sim - confirmou ele a um sinal dela. Já passava das quatro da manhã. O sol dava sinais de vida e a madrugada começava a se despedir dando início ao evento que marca a partida preguiçosa das estrelas. É quando o negro do céu passa a ser colorido pelo puro e claro azul, definindo o nascimento de mais uma manhã. Em meio a esse cenário, na beira mar, estavam os dois, esquecidos da festa e da noite, deitados sobre a areia. Os amigos já tinham ido embora e eles resolveram ficar e assistir amanhecer. Ela encostava sua cabeça no ombro dele e juntos novamente deixavam o silêncio tomar conta do lugar. O sol veio despontar sonolento, calmo, brilhante. Os primeiros raios refletiram no rosto dela e ele pode apreciar cada traço. Mais uma vez ela lançava para ele aquele olhar diferente que ele finalmente conseguiu decifrar. Não tinha mais dúvidas. Ela estava querendo dizer, pela primeira vez: "- Eu te amo!" - Me ama?! Então, ela, num movimento de superioridade, tocou o rosto dele e o beijou. Ele sem saber dizer mais uma palavra, surpreso com tudo aquilo, ficara imóvel. Ela se levantou, estendeu sua mão a ele e juntos caminharam de mãos dadas, pela beira da praia, conversando, cada um a seu melhor modo, sobre a descoberta que acabavam de fazer. O sol já brilhava intensamente, a cidade acordara. Era a
hora de ir embora. Outro gesto dela, de felicidade, e os dois escreveram, para sempre, juntos, os seus destinos. |
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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Você
Está Comigo Eu Estava e Você
Estava Comigo |
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ KalliCháos ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-
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)))¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Sedução
Envolvente Ouvi de longe as doze badaladas da meia-noite. Como morava numa das últimas casas do bairro, tinha que passar por uma ponte mergulhada na neblina. Foi quando observei algo atrás de mim. Virei a cabeça e senti um calafrio na espinha. Tomei um susto ao perceber que não era ninguém. Tentava me acalmar. "Será que se escondeu e vai me seguir até em casa ?" - pensei. Estava amedrontada, não sabia se corria, se seguia ou se ficava parada. Me encostei no parapeito para me refazer do susto e me tranqüilizar. Quando levantei os olhos, pude ver, entre a neblina, um vulto se aproximando. Aos poucos, consegui perceber que era um corpo masculino, vestia uma calça jeans, somente. Era um corpo não muito musculoso, mas forte, somado a dois olhos claros, da cor de seus cabelos muito bem alinhados e à boca mais perfeita que eu já vi em toda minha vida... - Q-quem, ou melhor, o quê, ou melhor, quem é você, quer
dizer, eu nunca vi você por aqui... - eu disse, sem saber direito o que dizia. Eu não consegui falar mais uma palavra, estava fixada. Não entendia o que ele fazia ali, àquela hora da noite. - Nossa! Você deve estar com muito frio! Sua mão está gelada... Eu não estava com frio. Rapidamente, envergonhada, puxei minha mão. - Éh... Deve ser a neblina... - tentava, em vão,
disfarçar. Gabriel tinha uma voz sedutora, um corpo sedutor, um jeito sedutor.De onde viria ? Para onde estaria indo ? O que faria ali, vestindo apenas uma calça jeans ? Era tudo o que eu queria saber. Mas foi ele então quem me perguntou: - O que você faz aqui, a essa hora? Sem perceber, eu me insinuava. A presença de Gabriel estava me transtornando. Não me conhecia mais, não sabia mais o que dizia ou fazia. Procurando o mais rápido possível sair daquela situação, decidi ir embora. - Bom, Gabriel, foi um prazer, mas, acho que vou embora - estendi-lhe o braço em busca de um aperto de mãos. Nesse momento, tudo parecia estático. Meus olhos, fixos nos dele, buscavam uma reação. Ele nada fazia. Apenas me olhava com os braços cruzados. Imitei-o também cruzando os meus e baixei os olhos. - Não me quer para seu guarda-costas? Inesperadamente, ele me pegou nos braços e me perguntou
onde eu morava. - Está entregue! - e me colocou no chão. Ficamos por algum tempo sérios, olhando um para o outro. - Desculpe... - eu tentava me explicar. Gabriel tocou em meu queixo e, sem dizer uma palavra, me beijou mais uma vez. Envolveu-me novamente em seus braços e me levou para meu quarto. Não estava mais lá quando acordei. E eu nunca mais o vi. |
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