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-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Wilton - wilton_matos@yahoo.com.br

 

Afinado com os loucos. Editor e colaborador do WebZine KalliCháos e webmaster desta home. Toca violão, canta e arranha um pouco na flauta. Sujar quadros e blusas com tintas é uma diversão. Ateu com fé em viver 400 anos. Já morou na rua da Harmonia em Mossoró, depois foi para o Vale das Borboletas e agora está na Bela Vista em Fortaleza. Estuda música e criou o Zine KalliCháos.

 

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

o >>>>>> Poesia Jazz
o >>>>>> Kelly e Wilton

Eu vi
Vi?
Uma lua
E uma borboleta
Uma borboleta nua sobrevoando a lua
Distribuindo encantos, colorindo idéias
As asas cheias de idéias
As crateras abertas, repletas, completas...
Com dúvidas dispersas
Vontade de saber
Voar para entender
Entender para saber
Saber da vontade
Da vontade de mudar
Da vontade de comer
Vontade
Sanidade
Invontade
O móvel imutável
O mutante imóvel
A insistência negada
As asas o céu
O ser
Estou certo, cheio de incertezas
Cheio como a lua em noite de lobisomem
Aberto como as asas da borboleta.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

o >>>>>> Sexo

Masculino
Feminino
MasFeminino
É o mínimo
É o máximo
Entre os sexos
Está o conexo
Convexo
Complexo
Entender
Ver
Sorrir
Abraçar
Fractal de nós
Cacos dos nossos preconceitos
Despeito

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Brasil com Z - Brazil

Já não há tantos que morram de amores pelos norte-americanos e nesses últimos seis meses esse amor vem transformando-se em ódio. É inquestionável o poder econômico dos EUA o que transforma-se numa grande interrogação é também a dependência lingüística, musical entre outras.

Depois do atentado àquele país no 11 de setembro do ano que se foi, alguns fatos intrigam. É complicado entender como um país que se diz contra o terrorismo bombardeia durante todo esse tempo um país arruinado. Apoiando o presidente norte-americano está uma estatística devastadora de mais de 80% da população do EUA, que na verdade apoia senão o terrorismo ao indefeso Afeganistão. E mais ainda, as universidades mais importantes, cativeiro de mentes "brilhantes" daquele país, que no combate do Vietnã proclamavam a paz e amor em manifestos, converteram-se e assinaram a ordem ao terrorismo oficial. Esse apoio diz mais sobre o futuro, negro e bélico que já é presente que minha vã filosofia desconfia.

O Afeganistão nem mesmo prédios tinha para por abaixo. Só restos de esfomeados miseráveis, que vão sendo massacrados às vistas do mundo, suprindo a audiência das emissoras e dos jornais reais ou virtuais, alimentando essa fome sanguinária das sociedades.

Isso é só um início para justificar o fato que quero relatar. É insuportável já assistir ao desfile de bandeiras norte-americanas na moda do Brazil. Como isso aconteceu eu não tenho idéia, mas ploriferou uma praga de roupas decoradas com o símbolo dos EUA ou quando por engano a do Reino Unido. Até me aventurei perguntar umas dessas moça que bandeira era aquela. E ela, sem entrave nas idéias respondeu ser dos EUA. Pena que a bandeira era do Reino Unido. Isso é o modismo?? Sei não. Também me assustei quando vi outra garota com a blusa escrito: "I Love is War". Fiquei deveras assustado e revoltado com essa publicidade burra.

Na música é outro caso sério. Tivemos uma grande militante pela música brasileira que foi Elis Regina que participou do movimento que fundou o Sindicato dos músicos no Brasil. Um dos pontos cruciais era a proteção ao produto nacional nas rádios, que naquela época, já sofriam processo de americanização. E hoje podemos dizer que já está concluído. É só passear na sintonia das rádios para ver o que Elis previa. De cinco rádios pelo menos 4 tocam música "internacional". Pode tentar a qualquer hora do dia. Click em power para ligar o seu microsystem, turing sua tuner e sinta o drama.

Nos filmes, em grande parte refugo cinematográfico, seja qualquer um, até mesmo pôrnos, tem de ter a bandeira americana. Não sei se é norma do cinema daquele país mas é o que acontece. Talvez essa mensagem subliminar tenha gerado essa moda descabida.

Sempre faço compras no centro de Fortaleza, a vista chega a arder de tamanha poluição lingüística entre nomes de lojas e marcas de produtos. É um uso tão exagerado que chega a ser ridículo como o nome de "centro comercial" chamado North Shopping que, pasmem, fica região oeste.

Tem ainda o lado prepotente desse país. Marisa Monte, importante intérprete da música brasileira, participava de um festival por lá e arriscou uma música no idioma deles, chama-se "Give me Love". A crítica simplesmente atacou em cheio o sotaque do inglês da cantora. E há quem aplauda eles cantando nossas músicas com misto de nasalização e indegustação auditiva. Simplesmente horrível!

Outro fato aconteceu durante Festival Jazz e Blues de Guaramiranga no carnaval e na semana subsequente. Participavam na quase totalidade músicos nacionais que executavam composições mundiais e vez ou outra uma própria. Eu quase me acabei de rir quando era anunciado o título da música instrumental, só nomes ingleses. Foi a gota d'água para um pequeno desespero.

Quero chegar em algum lugar com esse texto. Quero chegar nas nossas raízes, discutir a nacionalização da cultura. Temos que dar muito valor a gente da gente. Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Tom Jobim, Mutantes, Cazuza, Paulo Leminsk, Lenine... podemos citar sempre grandes nomes em qualquer área do conhecimento e da arte. Queria me sentir menos angustiado com esse monstro nos engolindo tão silenciosamente mas tão descaradamente.

Salve a nossa cultura!!

Salve o povo brasileiro!!

Salve-se quem puder!

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Ardor
-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ David / Wilton

Meus olhos ardem como o sol
Mas é de lamento o ardor
Até onde a vista alcança
O que era esperança o sol secou

Inocentemente espero
Que do céu caia prantos na terra
Onde o sol e a seca maltratam
Meus olhos e o meu coração

Valentemente eu vou alterar
O discurso que venho cantar
Esperando que o povo
Se canse do medo
medo do bicho
bicho do medo
a unha do bicho
medo do medo
Se canse do medo do bicho que vai te pegar

Usar a seca pra escravizar
De nada vai adiantar
Meu povo é mais forte e firme
Que a lama e o dinheiro da corrupção

Essa corrente nós vamos quebrar
E o povo vai se libertar
Libertar do sofrer
Da unha do bicho
Dos cães do congresso
Do medo do bicho
Que não tem regresso
nem preto, nem branco
nem grande ou pequeno do bicho ninguém temerá

Pelas coisas lá de cima
Da terra, do céus, dos doutores
E façam com sangue o suor
Lutando pelos seus valores

E ai de quem duvidar
Que o povo reiunirá
Forças pra lutar

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Sentimento Descenção

Onde estou?
Ainda vou me perguntar isso por muito tempo
Há pouco tempo poderia dizer
Ao menos onde não estou.
Catei na memória mas só me angustiou
Estou perdido aqui fora
E aqui dentro de mim
O agora não é de pouco tempo
Sinto estar aqui de remotas horas
Assim sinto
Só sinto

Estou caindo
Seu vou parar... nem sei.
Caio passando por meus pensamentos
Desprendendo-se de mim nessa cena surrequixotesca
Sentimentos, desejos, segredo...
Os meus segredos...
Algumas imagens são de todo o meu desconhecimento
Será que é de alguém de mim que pensou sem mim?

Algumas cenas são indescritíveis
Sensações.
Não se vê de fato, apenas se sente
Por meios complexos de percepção
Algo além de nossos cinco sentidos

É possível interagir com essa massa...
(não consigo definir)
De um forma indireta.
Ainda não consigo parar de cair
Vejo o que não quero
Não vejo o que quero
E isso não de todo uma verdade

Escuto sons, sem ritmos, sem freqüência.
Tornam-se insuportáveis.
Assim como não paro de cair
O som incomodará cada vez mais

De repente escureceu
Meus olhos fechados
Tudo parado
Todos esses quilômetros de carros

Parece o fim da queda.
E É?

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Limites Ilimitados

Ando pela rua margeando um meio-fio
É o limite entre veículos e pedestres
É preciso ser respeitado!
Nosso corpo estilhaça os limites
Com os seres olímpicos
O desrespeito é total!

Limite é uma linha
(Uma linha de um círculo?!)
Imaginária as vezes
Caminho sobre essa linha
As vezes ponho o pé fora
As vezes ponho o pé dentro
Vou me equilibrando nessa corda bamba
Terá final essa linha?
E se eu chegasse lá?
O limite não existiria!!
As possibilidades seriam a minha imaginação
A linha que antes estava em meus pés
Veio parar em minha cabeça
Tenho agora um outro problema
Resolver os limites da minha imaginação.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Liberdade

Estou vivo porque tenho esperança
De realizar o sonho impossível.
Ser uma pequena borboleta
Arquear as asas para um instante depois
Partir noutra dimensão
Fazer as raízes fracas e minhas asas fortes
E assim me mostrarem horizontes libertos de ceguidão.
Pensar e assim ser e assim fazer.
Escapar dos limites inexistentes
Medo do nada, vergonha do natural.
Escapar dos limites existentes
Corpo inconveniente, vida pequena.
O meu sonho é só um sonho
E só nele posso ser realmente o que quero ser.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Cegueira

Se tu fores um texto braille
Furo os meus olhos
Perco tudo de vista
E me faço assim cego
Que é pra ler tuas curvas
Rastejar tua pele
Perseguindo os tons dos teus sons
Tantos tons!
Investi demais
Em poucos segundos
Você é risco
É risco que corro
Perseguindo eternidades.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Mundo

Eu faço mundo, construo universos.
Obras da minha arte
Perfeitos com as imperfeições
Universo
Visível e o invisível
O feio e o bonito
O bem e o mal
O preto e o branco
Universo
Meu mundo é meu espelho
O reflexo, o visível e o invisível
Do meu mundo de idéias
Sou muito maior
Que os limites dos pensamentos
A arte tem vida
Recria-se
Criou o presente que engole o futuro
Defecando sem digestão, o passado
Sou pai de um filho desnaturado
Sem ordem e toda a beleza do caos.

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ A Sujeira Por Baixo do Tapete

De repente me interessou
Uns carro feito de geladeira
Com rodas de caminhão
E dois paus em uma beira
Pra levar fruta do pomar
Pra vender ali na feira

Mas não foi somente isso
Que eu vi eles carregar
Era areia, coisa velha
Planta pras veia plantar
E uns ferros retorcidos
Pra o chapéu pendurar

Aqui pertinho de casa
Tinha um que era engraçado
Passou correndo feito doido
Certamente tava atrasado
Pra levar mais uma carga
Do patrão que estava irado

Na avenida humberto monte
Quase ali na universidade
Achei um com uma cara triste
Levava dentro a saudade
Da mulher que um dia amou
Quando tinha pouca idade

Chico Zé era um branco
Casado com a Quitéria
O seu carro era vazio
Não tinha uma sequer matéria
Tinha uma vida desgraçada
Marcada a ferro pela miséria

Perdi um bom tempo observando
Um que levava idéias geniais
Perguntei se ele não teria
Algumas que fossem musicais
Ou que servisse a poesia
Ou ainda a textos teatrais

As criança gostaram muito
Do palhaço que trouxe a alegria
Carrinho, boneca, pião
Arraia e pinto que pia
Era só dar um real
E escolher a sua folia

Quando a noite as lojas fecham
No centro de fortaleza
Tanta caixa espalhada pelo chão
Diminuindo a sua beleza
Eles vêm e junta tudo
Não fica nada, com certeza

O ultimo carro que vi
Foi hoje no fim do dia
Veio me entregar uma encomenda
Minha solidão, minha filosofia
Muita inspiração, transpiração
E outros motivos de poesia

Uma coisa em comum
Nas pessoas que empurravam o carrinho
Era a alegria que tinham na vida
Mesmo vivendo com tão pouquinho
Empurrando as sobras da sociedade
Que pra eles sonegam um carinho

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ O Ataque das Muriçocas Selvagens

Apareceram de repente, de um dia para outro, num piscar de olhos, no tempo que dura meio pensamento... Quando abri a porta, não pude acreditar! Acabava de chegar do trabalho e vi aquela marmota dentro de casa. Zilhões de pestinhas sanguessuga, as muriçocas selvagens.

Quando estava me aprontando para dormir pensava que esta noite não iria ser fácil e não foi. É insuportável esse zinido de violino desafinado ...iiiiêêêêêiiiiiêêêêêê.... Liguei o ventilador ao máximo e me cobri da cabeça aos pés. Eu sorria maquiavelicamente quando alguma desavisada era sugada pelo ventilador, minha melhor estratégia de defesa até então... hehehe... tadinha!! ...huahuahua...

Apaguei a luz e tentei dormir. O som de violino se multiplicava, estavam dando um concerto no meu juízo... iiiiêêêêêiiiiiêêêêêê.... As vezes, dormindo, me descuidava e alguma parte do meu corpo se descobria. Como um raio ou urubu na carniça um esquadrão atacava a região desfalcada. Acho que nem no HEMOCE me tiraram tanto sangue!

Abri a luz, elas dispersaram. O ataque foi tão voraz que deu pra perceber que elas estavam mais gordinhas. Eram tantas que pareciam decoração macabra enfileiradas na parede do meu quarto. Sorriam a vitória de uma batalha.

Era o que me faltava, depois de um cansativo dia de trabalho num dos sistemas mais sofisticados do mundo de controle de energia elétrica, em pleno século XXI, em épocas de globalização, o dólar estourando no câmbio... e eu aqui matando muriçoca!! Elas deviam pelo menos se modernizar, em vez de eu ter que matar uma por uma eu podia selecionar tudo e deletar.

Logo no outro dia fui ao supermercado comprar um \"remédio\" para as muriçocas. Nem sei porque o povo fala assim, elas não têm nada de doentes! Entre duas prateleiras de opção escolhi o mais poderoso, devia ser pois o preço era quase um assalto.

Quando cheguei em casa com o \"remedinho\" o meu sorriso transfigurava toda uma vontade de vingança. Abria a embalagem do produto já pensando no sono tranqüilo que iria ter e tive. A noite, que beleza! Até sonhei coisa boa.

Quando acordei e fui desligar o aparelho que baita susto levei. As zilhões de pestinhas sanguinárias estavam se lombrando com o que devia expulsá-las direto para o inferno. Fiquei p.... da vida com o fabricante. Pensei em processá-la mas ainda não tive tempo por passar o dia todo tentando causar uma extinção na base do tapa, modo mais eficaz. Arcaico mas eficaz.

E acabo de descobrir uma desvantagem de morar sozinho. É não ter ninguém para dividir as picadas das muriçocas selvagens.... huahuahua... peguei mais uma ... Crápula!! Ser totalmente desprezível!! Verme rastejante!!

12/11/01

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡ Tortura do Esquecimento

Ó meu amor olha aqui
Quero um resto de atenção
Veja como estou
Quase criando mofo
Largado nessa prisão
O telefone, nem lembro mais qual o toque
Nada novo, só fwd e enc no email
Cada dia uma, duas sessões
E eu me achando mais feio
É tanto papel na minha mesa
Contas a pagar e livro pra escrever
Tá com dois dias, essa caneta na mão
E a certeza que desaprendi a ler
Você nem lembra de mim, eu sei
É qualquer um pra fazer me esquecer
E qualquer outro pra te fazer feliz
E eu um qualquer zé mané, só te faço sofrer
Eu perdi, não tenho mais o que tanto quis
Você, nariz com nariz.

05/11/01

 

-)-)-)¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡    KalliCháos   ¡¤¨¤¡¡¤¨¤¡(-(-(-