O SIMPLES NÃO É FÁCIL
"Buda costumava dizer sempre: para você ser feliz
"basta" viver o aqui e agora. No entanto, esta
é justamente a atitude mais rara no ser humano, apesar
de ser o máximo da simplicidade.
E aí é que está a questão: no sentido existencial, o
simples não é o fácil."
Muito pelo contrário, o simples costuma ser, justamente,
o mais difícil. Mas a palavra "basta"nos passa
a impressão de facilidade, dando, inclusive, uma certa
sensação de impotência - afinal, se é fácil assim
então por que eu não consigo?!
Sem dúvida, o uso indiscriminado das palavras simples e
fácil contribui bastante para alimentar esse mal
entendido, o que é reforçado pela idéia de que, num
mundo complexo e louco como o nosso, o caminho da
felicidade também deveria ser complexo, quando é
justamente o oposto: É só estar apenas e sempre neste
exato momento. É muito simples! Mas como é difícil,
não é?!
E no terreno científico costuma ocorrer o mesmo.
Einsteis, para chegar às suas "simples"
fórmulas, teve que usar muito. Não foi nada
"fácil"!
Da mesma maneira, tome cuidado com a armadilha que um
"simples" conhecimento adquirido pode lhe
preparar dando a ilusão de que a questão já resolvida.
Pois é, geralmente simples não é sinônimo de fácil.
Se, por exemplo, lhe disserem que para você alcançar um
estado de paz ou felicidade absoluta, bastaria que se
desfizesse completamente do seu sentimento de
egocentrismo (a ilusão de que você é o centro do
universo e de que, portanto, tudo gira em torno de
você), iria imediatamente argumentar que não poderia
ser tão simples assim, não é? Mas, por incrível que
pareça, isso é a pura verdade. Na terapia budista
(budismoterapia), à medida que o seu grau de
egocentrismo é reduzido e que seu sentimento de culpa
(eu merecia isso!), também vão sendo diminuídos,
constatamos essa realidade. (Hamilton Gouvêa, terapeuta
budista).
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