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apresentação da pesquisa

 

 

 

 

 

 

Apresentação 

 

da pesquisa

       

desenvolvimento teórico

relevância

clínica

 

Este projeto prevê o desdobramento da pesquisa Freud e Fábrica da Alma, realizada no Departamento de Psicologia da PUC-Rio de out/2002 a out/2004, com financiamento da FAPERJ. Tal pesquisa atravessou toda a obra freudiana, inventariando e registrando os pontos nos quais a problemática da relação entre corpo e psiquismo aparece. Tendo esta etapa sido concluída com sucesso, tratou-se de fazer derivarem daí novas questões e de circunscrever temas importantes tais como a composição inato-adquirido, o par filogenia/ontogenia, o paralelismo psicofísico, as noções freudianas de ‘concomitância dependente’, ‘equação etiológica’ e os conceitos de ‘pulsão’, ‘isso’ e ‘afeto’. Cada temática foi investigada separadamente e os resultados já estão em fase de divulgação através de publicação de artigos em revistas científicas.

Ao longo deste trabalho sobre a obra freudiana, verificou-se ser urgente investigar discursos novos cujos efeitos já se fazem sentir em nós e no modo como nos pensamos e como agimos. A subjetividade do século XXI vem assumindo a forma de um corpo-máquina eminentemente informacional, cognitivo e cerebral. Em meados do último século, presenciamos a invenção do computador pessoal e o surgimento da cibernética e da inteligência artificial, fatos que mudaram radicalmente nossas vidas e costumes.

Internamente ao campo das ciências do psíquico, forjamos novas metáforas e novos modelos psicológicos segundo os quais pensar é computar e processar informações através de um suporte cuja importância é tema de debates quentes até hoje. O Behaviorismo cedeu lugar ao Cognitivismo: a Psicologia enfim abriu oficialmente a caixa-preta. Assim, ao longo da segunda metade do século XX, presenciamos o nascimento de um campo novo no quadro dos saberes: o campo das Ciências Cognitivas. Transdisciplinar e heterogêneo, o Cognitivismo (ou Ciências Cognitivas) é formado por regiões de outros campos aparentemente diversos como a Lingüística, a Psicologia, a Filosofia, a Matemática, a Informática, a Engenharia, entre outros.

Vimos ainda, nos anos 70, as ciências do cérebro agruparem-se sob o título de Neurociência, defendendo a importância da arquitetura e da materialidade cerebral, não apenas como suporte do cognitivo, mas principalmente como sua determinação. Atualizavam-se debates antigos em novos termos: a “problemática corpo/mente” agora era chamada de “relação hardware/software” para exprimir a questão da causalidade mental e dos níveis de causalidade; a questão da relação entre estrutura-arquitetura e função articulou-se à diferença entre as modalidades seriais e em paralelo de processamento de informação; a metáfora do homem-máquina pareceu mais real do que nunca, pois nos vimos programados para sermos o que nos tornamos. Durante a última década — mundialmente anunciada como ‘década do neurônio’ — estas ciências do cérebro deram as mãos ao Cognitivsmo, importando a terminologia informacional e tratando o órgão anímico como uma super-máquina informática. Quem não se lembra do título e do texto da série apresentada pelo Dr. Drauzio Varella no Fantástico, “Cérebro, a Super-máquina”?

Chama a nossa atenção o fato de que, até hoje, apesar de esforços isolados, a Psicanálise tenha se mantido alheia, sem que os motivos estejam claros de parte a parte. Psicanálise, Ciências Cognitivas e Neurociência seriam epistemologicamente incompatíveis? Ou, ao contrário, pode-se positivar algum diálogo? Nesse caso, através de quais comutadores teóricos um campo comum poderia ser construído? Porque a antipatia recíproca? Será somente uma questão de objeto de estudo ou de campo conceitual? O que está em jogo? O que a Psicanálise tem a dizer sobre o assunto? É o caso de se produzir apenas uma crítica da razão cognitiva?

Nossa pesquisa propõe uma investigação em três blocos. O primeiro pretende definir as condições do diálogo necessário: depois de mapeados os modelos em jogo, conseguiremos chegar às condições de compatibilidade entre eles? O segundo bloco é consagrado a redefinição da abordagem psicanalítica a partir do olhar e da crítica destes novos saberes: os psicanalistas saberão se abrir e redesenhar seus conceitos aumentando-lhes a potência? Em caso afirmativo, quais conceitos se prestam bem a este fim, oferecendo uma interface amigável para os campos em jogo? Finalmente, o terceiro bloco diz respeito aos confins e limites da própria Psicanálise: quais os esforços de composição já realizados e como se deram? Até que ponto foi possível chegar e de onde devemos começar a interlocução?

Acreditamos ser urgente buscar respostas para tais questões, ainda que estas respostas emerjam na forma de novas perguntas. Certamente, elas virão da investigação de questões teóricas, clínicas e éticas, pertinentes tanto ao campo psicanalítico, quanto ao campo das Ciências Cognitivas e das Neurociências.

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Departamento de Psicologia · PUC-Rio

Pós-graduação em Psicologia Clínica

Apoio: Faperj / CNPq