Angra do Heroísmo: Cidade Património
Mundial
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Angra do Heroísmo: Cidade
Património Mundial
-História
Angra, pequena grande cidade, palco de importantes acontecimentos,
é o retrato vivo da História que ajudou a fazer.
A povoação de Angra elevada
a Vila em 1478. Até à sua elevação a cidade
em 1534, por D. João III, Angra conheceu um surto de desenvolvimento
e de aumento populacional, sobretudo devido à importância
do seu porto como escala dos navios de retorno da carreira das Índias!.Aqui
foi criada a Provedoria das Armadas com o objectivo de proteger os navios
carregados de valiosas mercadorias, alvo da cobiça dos piratas e
corsários.
Vista de Angra da Memória
|
Inicialmente, esta urbe cresceu à volta
do seu castelo de Moinhos ou de S. Luís (onde está a Memória),
cujo casario acompanhou a descida até à Baía por ruas
e vielas sinuosas junto à ribeira que proporcionou a construção
de moinhos.
À roda desse castelo e nas suas encostas existiram
a rua do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, |
acompanhando sempre a Ribeira dos Moinhos por esta atravessada e também
a rua das Alcaçarias.
Abaixo da
fortaleza dos Moinhos
foi edificada a casa do Capitão, por iniciativa de Álvaro
Martins Homem. A mesma foi mais tarde concluída por João
Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização
da ribeira, construção do cais da Alfândega, muralha
suporte da baía de Angra e Hospital de Santo Espírito.
Nesta época foram ainda construídos os
primeiros estaleiros navais na Prainha e Porto das Pipas.
Delineada por pilotos e cartógrafos quatrocentistas,
a cidade estrutura- se em função do seu objectivo principal
- o apoio ao porto - tal como se pode apreciar mediante uma análise
das suas ruas principais.
Assim, a cruz latina formada pela Rua da Sé
e Direita liga todos os elementos base da cidade: o porto e a casa do capitão
nos extremos do braço menor; os celeiros do Alto das Covas e a Câmara
nos extremos do braço maior.
A pouco e pouco, ao longo do século XVI, a cidade
crescerá até ao Alto das Covas e S. Gonçalo, embora
com ruas de traçado mais irregular.
Enquanto isto, constroem-se as
fortalezas
ribeirinhas de S. Sebastião (Castelinho) e de Santo António
(Monte Brasil) e mais tarde a imponente fortaleza de S. João Baptista.
Quando em 1534 D. João III a eleva à categoria de
cidade, a primeira nos Açores, Angra era já uma florescente
povoação, devido ao seu porto, uma bacia natural - Ancoragem
-, que lhe dá o nome, e pela sua privilegiada situação
geo-estratégica, que a tornou ponto de escala obrigatório
nas travessias transcontinentais. É também no ano de 1534
que o Papa Paulo III a faz sede do Bispado dos Açores.
Angra torna-se uma referência obrigatória
nos interesses económicos, políticos e estratégico
- militares, não só da nação, mas também
de todas as grandes potências do Grande Período Imperial das
Navegações, como a Holanda, Inglaterra e França, facto
testemunhado pelos exemplos de arquitectura militar, prova da necessidade
de defesa de tão importante ponto estratégico.
Guardam a baía de Angra o Castelo de São
João Baptista de um lado, autêntica fortaleza de extensas
muralhas, e do outro o de São Sebastião, que em conjunto
permitiam uma excelente defesa com o seu fogo cruzado.
Chave do Atlântico, torna-se base marítima
e ponto de escala de naus e caravelas a caminho dos Novos Mundos, com
especial destaque para a "Rota do Cabo" e para a "Carrera das Índias".
Castelo
de S. João Baptista
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|
Pelo seu porto passam fortunas em ouro, prata e especiarias;
nela pisam grandes vultos da História como Vasco da Gama e seu irmão,
Paulo da Gama, que aqui encontra a sua última morada; torna-se,
enfim, um ponto fulcral de uma das mais importantes páginas da História
Universal - Os Descobrimentos.
Mas Angra marcou igualmente a História de Portugal, |
tornando-se o baluarte da resistência contra o domínio
de Filipe II de Espanha, tornando-se na sede do governo do país
entre 1580 e 1583. Nessa altura, mais do que nunca, Portugal foi aqui!
Em 1642, com a rendição dos espanhóis, D. João
IV confere-lhe o título de "mui nobre e sempre leal".
Em 1766, por decreto do Marquês de Pombal, Angra torna-se
sede da Capitania Geral dos Açores e o centro político e
militar do Arquipélago.
Mais tarde, no século XIX, torna-se novamente
o cerne dos acontecimentos pelo papel desempenhado na implementação
do regime liberal em Portugal, tendo sido sede da Junta Provisória
e capital constitucional do Reino.
Por esta participação, e pelos feitos em prol dos
ideias de liberdade, é-lhe granjeado o acrescentar do título
para "do Heroísmo".
Esta cidade de traçado renascentista, autêntico monumento
de cunho senhorial vê reconhecido o seu valor pela U.N.E.S.C.O.,
em 1983, como Cidade do Património Mundial. Resistiu ao passar
dos anos, dos conflitos, dos ataques da natureza, mormente pelo grande
sismo de 1980, mantendo a traça da sua planta do século XV
e a arquitectura dos seus monumentos e edifícios.
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Angra do Heroísmo: Cidade
Património Mundial
-A
Geografia do Concelho de Angra do Heroísmo
O concelho de Angra do Heroísmo
com cerca de 36 000 habitantes é o maior dos dois que constituem
a mais populosa ilha do grupo central do Arquipélago dos Açores,
a Ilha Terceira.
A cidade situa-se nas coordenadas
latitude (N)
38º 39.0´ e longitude (W) 27º 13.4´.
A Ilha Terceira tem uma superfície
de 399,81 Kms2, tendo de comprimento e largura máximos de 29 Kms
e 17,5 Kms, respectivamente.
Divisão Admistrativa da ilha Terceira
(Clique para ver em tamanho
maior)
|
A Ilha alicerça-se sobre
três grandes maciços estruturais, constituídos pelos
estracto-vulcões dos Cinco Picos a leste, pelo maciço Guilherme
Moniz - Pico Alto no centro e Santa Bárbara a oeste.
O concelho de Angra ocupa 239.88 Km2, cerca de 60% da área total
da Ilha, sendo constituído por 19 freguesias, cinco das quais -
Sé, Nossa Senhora da Conceição, São Pedro,
São Bento e Santa Luzia - compõem a sede do |
Concelho, sendo as restantes 14 - São Mateus,
Posto Santo, Terra-Chã, São Bartolomeu, Cinco Ribeiras, Santa
Bárbara, Doze Ribeiras, Serreta, Raminho, Altares, Ribeirinha, Feteira,
Porto Judeu e São Sebastião - freguesias rurais. De origem
vulcânica a sua paisagem apresenta-se com características
próprias, testemunha das várias erupções que
foram desenhando o seu terreno acidentado, com colinas e crateras.
As condições climatéricas
não só da Ilha Terceira, mas de todo o arquipélago
dos Açores, são definidas pela sua posição
geográfica em pleno Oceano Atlântico Norte, localizado numa
faixa de transição entre massas de ar de características
tropicais e massas de ar mais frias, e influenciado pelas correntes marítimas,
nomeadamente pela corrente quente do Golfo que isola o arquipélago
da influência de correntes frias provenientes das latitudes mais
setentrionais do Atlântico Norte.
O clima na Terceira é, à
semelhança do restante arquipélago, fortemente oceânico,
de fraca amplitude térmica e elevada humidade e precipitação.
A temperatura
é amena durante todo o ano, com valores médios anuais que
rondam os 17º C, ao nível do mar. As temperaturas médias
mensais mais altas situam-se nos 24º C, e as mais baixas ocorrem em
Fevereiro situando-se à volta dos 14ºC.
A sua vegetação é
luxuriante, com uma flora rica e diversificada na qual se inclui muitas
plantas endémicas. A sua paisagem rural é marcada pela actividade
agrícola, desenhada por campos e pastagens verdejantes.
O concelho possui diversas reservas
florestais de recreio, nomeadamente o Viveiro da Falca, a Serreta, a Lagoa
das Patas, e mesmo no coração da cidade o Monte Brasil. Estas
zonas têm especial aptidão para a prática de actividades
ao ar livre, e são de grande importância paisagística
e turística.
Ao nível de reservas naturais
destacam-se a Serra de Santa Bárbara e, uma vez mais, o Monte Brasil,
como zonas d evidente interesse geológico e de notória riqueza
botânica e paisagística.
As zonas de protecção
especial para a Avifauna na Ilha encontram-se igualmente no concelho de
Angra, são elas: a Ponta das Contendas e o Ilhéu das Cabras,
que constituem parte do importante património ambiental do concelho.
Dentro das reservas naturais geológicas
há a referir o importante Algar do Carvão. Situado no interior
da Ilha.
Trata-se uma chaminé vulcânica
não totalmente preenchida por lava. Desenvolve-se sob um cone vulcânico
do tipo Stromboliano, cuja importância geo-espeleológica tem
sido assinalada por diversos especialistas nacionais e estrangeiros.
Como curiosidades há a salientar a
sua lagoa subterrânea, a cerca de 100m abaixo da superfície,
que lhe dá uma beleza adicional, bem como as formações
de obsidiana ou vidro vulcânico, que são extremamente raras
no interior de grutas.
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Angra do Heroísmo: Cidade
Património Mundial
-A Cultura
Angra do Heroísmo é uma cidade historicamente
e tradicionalmente rica em expressões culturais, desde as eruditas
às de cariz popular, que durante todo o ano os Terceirenses sabem
protagonizar e apreciar.
As actividades culturais têm, aliás, em Angra
um forte suporte logístico, uma vez que a cidade possui um rico
património arquitectónico e histórico, palco inúmeras
vezes de exposições, recitais e outras manifestações
similares, que encontram nesses espaços privilegiados - Igrejas,
museus, palácios - um pano de fundo envolvente e adequado.
Para o apaixonado pelo património arquitectónico,
Angra, Património Mundial, oferece as suas múltiplas riquezas,
quer ao nível da arquitectura militar, quer ao nível da arquitectura
religiosa e civil: fortalezas, palácios, igrejas, ermidas, bibliotecas,
museus, jardins, monumentos, quintas e solares, miradouros etc., que merecem
bem mais do que uma só visita.
A cidade tem ainda, como palco privilegiado das suas actividades
culturais, o Teatro Angrense, edifício faustoso do século
XIX, e um dos melhores apetrechados teatros do país.
Este Teatro, pertença da autarquia, possui uma óptima
acústica, um magnífico campo de visão de qualquer
ponto da sala e uma boa ventilação. Com um excelente palco
de 17m X 11,30, e uma lotação de 927 lugares, tem exibido,
ao longo dos tempos, espectáculos de reconhecido mérito de
nível local, nacional e internacional. Durante o
Carnaval Angra, à semelhança do resto da Ilha, vibra
com o maior festival de teatro popular do país, com a exibição
de cerca de 50 grupos de "Danças de Entrudo", que só por
si atestam bem a riqueza e o dinamismo cultural das suas gentes.
De realçar ainda a tradição |
Praça de Touros da Terceira
|
tauromáquica desta Ilha, manifestada pela paixão quer
pelas Touradas de Praça, quer pelas típicas Touradas à
corda Terceirenses, quer ainda pelas tradicionais esperas de gado.
Angra do Heroísmo possui a única Praça
de Touros da Região, onde anualmente tem lugar uma feira taurina
de projecção internacional, normalmente por altura das Festas
da cidade,
as Sanjoaninas.
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Angra do Heroísmo:
Cidade Património Mundial
-Justificação
da inscrição para o
número
206 da lista do Património Mundial, feita pelo International
Council on Monuments and Sites (Icomos) em Paris, Junho de 1983:
Na história dos Descobrimentos Marítimos dos
séculos XV e XVI que permitiram a comunicação entre
as grandes civilizações de África, Ásia, América
e Europa, Angra do Heroísmo ocupa um lugar relevante: o porto da
ilha Terceira, nos Açores, serviu de ligação, durante
quase três séculos, entre a Europa e os Novos Mundos. Vasco
da Gama em 1499 e Pedro Alvarado em 1536, instauram a obrigatoriedade de
fazer escala neste porto para as frotas de África Equatorial, das
Índias Orientais e Ocidentais na rota das suas viagens de regresso
à Europa. Instaurou-se aí imediatamente uma Provedoria das
Armadas e Naus da Índia.
O local, admiravelmente escolhido pelos primeiros navegadores,
era protegido dos ventos dominantes por uma série de montes e colinas;
o porto tinha duas bacias naturais, a do Fanal e a da Ancoragem (Angra)
que deu o nome à cidade. Fez-se um sistema defensivo inexpugnável
desde a fundação com as grandes fortalezas de São
Sebastião e de São Filipe (hoje chamada São João
Baptista). Simultaneamente, a implantação da cidade dicidia-se,
com base num traçado original: o plano de xadrez característico
das cidades novas introduziu-se aqui por causa dos ventos dominantes. Angra
do Heroísmo oferece, assim, um exemplo talvez único de adaptação
de um modelo urbanístico com condições climáticas
especiais. Conjectura-se, e com razão, que esta escolha foi imposta
pelos navegadores e pelos seus cartógrafos.
Vista aérea de
Angra do Heroísmo
|
Angra passou a ser oficialmente cidade no dia 21 de Agosto
de 1534; durante esse mesmo ano, tornou-se a sede do Arcebispo dos Açores.
Esta função religiosa contribui para o desenvolvimento da
cidade onde se construíram, em estilo barroco, a catedral do Santíssimo
Salvador, as igrejas da Misericórdia e do Santo Espírito,
os conventos dos Franciscanos e dos Jesuítas. |
Sé Catederal da diocose dos
Açores - Angra do Heroísmo
|
Angra conservou, mesmo depois do terramoto de 1 de Janeiro de
1980, a melhor parte do seu património monumental e um conjunto
urbano homogéneo, caracterizado por uma arquitectura vernacular
original. No quadro de uma proposta temática sobre Os Descobrimentos
Marítimos dos Séculos XV e XVI, a ICOMOS recomenda a inscrição
de Angra do Heroísmo na lista do Património Mundial em nome
dos critérios IV e VI.
- Critério IV: O Porto de Angra, escala obrigatória
das frotas de África e das Índias em pleno Oceano Atlântico,
é o exemplo eminente de uma criação ligada à
função marítima, no quadro dos grandes Descobrimentos.
- Critério VI: Tal como a Torre de Belém e o Mosteiro
dos Jerónimos em Lisboa, como Goa, Angra do Heroísmo está
directa e materialmente associada a um acontecimento que tem um significado
histórico universal: Os Descobrimentos Marítimos que permitiram
as trocas entre as grandes civilizações do planeta. ICOMOS,
JUNHO 1983
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Memória
Última actualização:
05/11/00