Angra do Heroísmo: Cidade Património Mundial
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- História de Angra do Heroísmo

- A Geografia do concelho de Angra

- A cultura de Angra

- Justificação da inscrição para o número 206 da lista do Património Mundial

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Angra do Heroísmo: Cidade Património Mundial

   -História

 Angra, pequena grande cidade, palco de importantes acontecimentos, é o retrato vivo da História que ajudou a fazer.
     A povoação de Angra elevada a Vila em 1478. Até à sua elevação a cidade em 1534, por D. João III, Angra conheceu um surto de desenvolvimento e de aumento populacional, sobretudo devido à importância do seu porto como escala dos navios de retorno da carreira das Índias!.Aqui foi criada a Provedoria das Armadas com o objectivo de proteger os navios carregados de valiosas mercadorias, alvo da cobiça dos piratas e corsários.
Vista de Angra da Memória
    Inicialmente, esta urbe cresceu à volta do seu castelo de Moinhos ou de S. Luís (onde está a Memória), cujo casario acompanhou a descida até à Baía por ruas e vielas sinuosas junto à ribeira que proporcionou a construção de moinhos. 
  À roda desse castelo e nas suas encostas existiram a rua do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, 
acompanhando sempre a Ribeira dos Moinhos por esta atravessada e também a rua das Alcaçarias.
  Abaixo da fortaleza dos Moinhos foi edificada a casa do Capitão, por iniciativa de Álvaro Martins Homem. A mesma foi mais tarde concluída por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da ribeira, construção do cais da Alfândega, muralha suporte da baía de Angra e Hospital de Santo Espírito.
   Nesta época foram ainda construídos os primeiros estaleiros navais na Prainha e Porto das Pipas.
   Delineada por pilotos e cartógrafos quatrocentistas, a cidade estrutura- se em função do seu objectivo principal - o apoio ao porto - tal como se pode apreciar mediante uma análise das suas ruas principais.
   Assim, a cruz latina formada pela Rua da Sé e Direita liga todos os elementos base da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor; os celeiros do Alto das Covas e a Câmara nos extremos do braço maior.
   A pouco e pouco, ao longo do século XVI, a cidade crescerá até ao Alto das Covas e S. Gonçalo, embora com ruas de traçado mais irregular.
   Enquanto isto, constroem-se as fortalezas ribeirinhas de S. Sebastião (Castelinho) e de Santo António (Monte Brasil) e mais tarde a imponente fortaleza de S. João Baptista.
Quando em 1534 D. João III a eleva à categoria de cidade, a primeira nos Açores, Angra era já uma florescente povoação, devido ao seu porto, uma bacia natural - Ancoragem -, que lhe dá o nome, e pela sua privilegiada situação geo-estratégica, que a tornou ponto de escala obrigatório nas travessias transcontinentais. É também no ano de 1534 que o Papa Paulo III a faz sede do Bispado dos Açores.
   Angra torna-se uma referência obrigatória nos interesses económicos, políticos e estratégico - militares, não só da nação, mas também de todas as grandes potências do Grande Período Imperial das Navegações, como a Holanda, Inglaterra e França, facto testemunhado pelos exemplos de arquitectura militar, prova da necessidade de defesa de tão importante ponto estratégico.
   Guardam a baía de Angra o Castelo de São João Baptista de um lado, autêntica fortaleza de extensas muralhas, e do outro o de São Sebastião, que em conjunto permitiam uma excelente defesa com o seu fogo cruzado.
   Chave do Atlântico, torna-se base marítima e ponto de escala de naus e caravelas a caminho dos Novos Mundos, com   especial destaque para a "Rota do Cabo" e para a "Carrera das Índias".

Castelo de S. João Baptista 
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 Pelo seu porto passam fortunas em ouro, prata e especiarias; nela pisam grandes vultos da História como Vasco da Gama e seu irmão, Paulo da Gama, que aqui encontra a sua última morada; torna-se, enfim, um ponto fulcral de uma das mais importantes páginas da História Universal - Os Descobrimentos. 
  Mas Angra marcou igualmente a História de Portugal, 
tornando-se o baluarte da resistência contra o domínio de Filipe II de Espanha, tornando-se na sede do governo do país entre 1580 e 1583. Nessa altura, mais do que nunca, Portugal foi aqui!
Em 1642, com a rendição dos espanhóis, D. João IV confere-lhe o título de "mui nobre e sempre leal".
  Em 1766, por decreto do Marquês de Pombal, Angra torna-se sede da Capitania Geral dos Açores e o centro político e militar do Arquipélago.
   Mais tarde, no século XIX, torna-se novamente o cerne dos acontecimentos pelo papel desempenhado na implementação do regime liberal em Portugal, tendo sido sede da Junta Provisória e capital constitucional do Reino.
Por esta participação, e pelos feitos em prol dos ideias de liberdade, é-lhe granjeado o acrescentar do título para "do Heroísmo".
Esta cidade de traçado renascentista, autêntico monumento de cunho senhorial vê reconhecido o seu valor pela U.N.E.S.C.O., em 1983, como Cidade do Património Mundial.  Resistiu ao passar dos anos, dos conflitos, dos ataques da natureza, mormente pelo grande sismo de 1980, mantendo a traça da sua planta do século XV e a arquitectura dos seus monumentos e edifícios.

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Angra do Heroísmo: Cidade Património Mundial

      -A Geografia do Concelho de Angra do Heroísmo

  O concelho de Angra do Heroísmo com cerca de 36 000 habitantes é o maior dos dois que constituem a mais populosa ilha do grupo central do Arquipélago dos Açores, a Ilha Terceira.
   A cidade situa-se nas coordenadas latitude (N) 38º 39.0´ e longitude (W) 27º 13.4´.
  A Ilha Terceira tem uma superfície de 399,81 Kms2, tendo de comprimento e largura máximos de 29 Kms e 17,5 Kms, respectivamente.

Divisão Admistrativa da ilha Terceira 
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   A Ilha alicerça-se sobre três grandes maciços estruturais, constituídos pelos estracto-vulcões dos Cinco Picos a leste, pelo maciço Guilherme Moniz - Pico Alto no centro e Santa Bárbara a oeste.   O concelho de Angra ocupa 239.88 Km2, cerca de 60% da área total da Ilha, sendo constituído por 19 freguesias, cinco das quais - Sé, Nossa Senhora da Conceição, São Pedro, São Bento e Santa Luzia - compõem a sede do 
Concelho, sendo as restantes 14 - São Mateus, Posto Santo, Terra-Chã, São Bartolomeu, Cinco Ribeiras, Santa Bárbara, Doze Ribeiras, Serreta, Raminho, Altares, Ribeirinha, Feteira, Porto Judeu e São Sebastião - freguesias rurais. De origem vulcânica a sua paisagem apresenta-se com características próprias, testemunha das várias erupções que foram desenhando o seu terreno acidentado, com colinas e crateras.
  As condições climatéricas não só da Ilha Terceira, mas de todo o arquipélago dos Açores, são definidas pela sua posição geográfica em pleno Oceano Atlântico Norte, localizado numa faixa de transição entre massas de ar de características tropicais e massas de ar mais frias, e influenciado pelas correntes marítimas, nomeadamente pela corrente quente do Golfo que isola o arquipélago da influência de correntes frias provenientes das latitudes mais setentrionais do Atlântico Norte.
  O clima na Terceira é, à semelhança do restante arquipélago, fortemente oceânico, de fraca amplitude térmica e elevada humidade e precipitação.
  A temperatura é amena durante todo o ano, com valores médios anuais que rondam os 17º C, ao nível do mar. As temperaturas médias mensais mais altas situam-se nos 24º C, e as mais baixas ocorrem em Fevereiro situando-se à volta dos 14ºC.
  A sua vegetação é luxuriante, com uma flora rica e diversificada na qual se inclui muitas plantas endémicas. A sua paisagem rural é marcada pela actividade agrícola, desenhada por campos e pastagens verdejantes.
  O concelho possui diversas reservas florestais de recreio, nomeadamente o Viveiro da Falca, a Serreta, a Lagoa das Patas, e mesmo no coração da cidade o Monte Brasil. Estas zonas têm especial aptidão para a prática de actividades ao ar livre, e são de grande importância paisagística e turística.
  Ao nível de reservas naturais destacam-se a Serra de Santa Bárbara e, uma vez mais, o Monte Brasil, como zonas d evidente interesse geológico e de notória riqueza botânica e paisagística.
  As zonas de protecção especial para a Avifauna na Ilha encontram-se igualmente no concelho de Angra, são elas: a Ponta das Contendas e o Ilhéu das Cabras, que constituem parte do importante património ambiental do concelho.
  Dentro das reservas naturais geológicas há a referir o importante Algar do Carvão. Situado no interior da Ilha.
Trata-se uma chaminé vulcânica não totalmente preenchida por lava. Desenvolve-se sob um cone vulcânico do tipo Stromboliano, cuja importância geo-espeleológica tem sido assinalada por diversos especialistas nacionais e estrangeiros.
Como curiosidades há a salientar a sua lagoa subterrânea, a cerca de 100m abaixo da superfície, que lhe dá uma beleza adicional, bem como as formações de obsidiana ou vidro vulcânico, que são extremamente raras no interior de grutas.

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Angra do Heroísmo: Cidade Património Mundial
   -A Cultura

  Angra do Heroísmo é uma cidade historicamente e tradicionalmente rica em expressões culturais, desde as eruditas às de cariz popular, que durante todo o ano os Terceirenses sabem protagonizar e apreciar.
  As actividades culturais têm, aliás, em Angra um forte suporte logístico, uma vez que a cidade possui um rico património arquitectónico e histórico, palco inúmeras vezes de exposições, recitais e outras manifestações similares, que encontram nesses espaços privilegiados - Igrejas, museus, palácios - um pano de fundo envolvente e adequado.
  Para o apaixonado pelo património arquitectónico, Angra, Património Mundial, oferece as suas múltiplas riquezas, quer ao nível da arquitectura militar, quer ao nível da arquitectura religiosa e civil: fortalezas, palácios, igrejas, ermidas, bibliotecas, museus, jardins, monumentos, quintas e solares, miradouros etc., que merecem bem mais do que uma só visita.
A cidade tem ainda, como palco privilegiado das suas actividades culturais, o Teatro Angrense, edifício faustoso do século XIX, e um dos melhores apetrechados teatros do país.
  Este Teatro, pertença da autarquia, possui uma óptima acústica, um magnífico campo de visão de qualquer ponto da sala e uma boa ventilação. Com um excelente palco de 17m X 11,30, e uma lotação de 927 lugares, tem exibido, ao longo dos tempos, espectáculos de reconhecido mérito de nível local, nacional e internacional. Durante o
 
Carnaval Angra, à semelhança do resto da Ilha, vibra com o maior festival de teatro popular do país, com a exibição de cerca de 50 grupos de "Danças de Entrudo", que só por si atestam bem a riqueza e o dinamismo cultural das suas gentes. 
   De realçar ainda a tradição 
Praça de Touros da Terceira 
tauromáquica desta Ilha, manifestada pela paixão quer pelas Touradas de Praça, quer pelas típicas Touradas à corda Terceirenses, quer ainda pelas tradicionais esperas de gado.
  Angra do Heroísmo possui a única Praça de Touros da Região, onde anualmente tem lugar uma feira taurina de projecção internacional, normalmente por altura das Festas da cidade, as Sanjoaninas.
 
 

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Angra do Heroísmo: Cidade Património Mundial
   -Justificação da inscrição para o número 206 da lista do Património Mundial, feita pelo International Council on Monuments and Sites (Icomos) em Paris, Junho de 1983:

  Na história dos Descobrimentos Marítimos dos séculos XV e XVI que permitiram a comunicação entre as grandes civilizações de África, Ásia, América e Europa, Angra do Heroísmo ocupa um lugar relevante: o porto da ilha Terceira, nos Açores, serviu de ligação, durante quase três séculos, entre a Europa e os Novos Mundos. Vasco da Gama em 1499 e Pedro Alvarado em 1536, instauram a obrigatoriedade de fazer escala neste porto para as frotas de África Equatorial, das Índias Orientais e Ocidentais na rota das suas viagens de regresso à Europa. Instaurou-se aí imediatamente uma Provedoria das Armadas e Naus da Índia.
  O local, admiravelmente escolhido pelos primeiros navegadores, era protegido dos ventos dominantes por uma série de montes e colinas; o porto tinha duas bacias naturais, a do Fanal e a da Ancoragem (Angra) que deu o nome à cidade. Fez-se um sistema defensivo inexpugnável desde a fundação com as grandes fortalezas de São Sebastião e de São Filipe (hoje chamada São João Baptista). Simultaneamente, a implantação da cidade dicidia-se, com base num traçado original: o plano de xadrez característico das cidades novas introduziu-se aqui por causa dos ventos dominantes. Angra do Heroísmo oferece, assim, um exemplo talvez único de adaptação de um modelo urbanístico com condições climáticas especiais. Conjectura-se, e com razão, que esta escolha foi imposta pelos navegadores e pelos seus cartógrafos.

Vista aérea de 
Angra do Heroísmo 
 Angra passou a ser oficialmente cidade no dia 21 de Agosto de 1534; durante esse mesmo ano, tornou-se a sede do Arcebispo dos Açores. Esta função religiosa contribui para o desenvolvimento da cidade onde se construíram, em estilo barroco, a catedral do Santíssimo Salvador, as igrejas da Misericórdia e do Santo Espírito, os conventos dos Franciscanos e dos Jesuítas. 

Sé Catederal da diocose dos 
Açores - Angra do Heroísmo 
  Angra conservou, mesmo depois do terramoto de 1 de Janeiro de 1980, a melhor parte do seu património monumental e um conjunto urbano homogéneo, caracterizado por uma arquitectura vernacular original. No quadro de uma proposta temática sobre Os Descobrimentos Marítimos dos Séculos XV e XVI, a ICOMOS recomenda a inscrição de Angra do Heroísmo na lista do Património Mundial em nome dos critérios IV e VI.
- Critério IV: O Porto de Angra, escala obrigatória das frotas de África e das Índias em pleno Oceano Atlântico, é o exemplo eminente de uma criação ligada à função marítima, no quadro dos grandes Descobrimentos.
- Critério VI: Tal como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, como Goa, Angra do Heroísmo está directa e materialmente associada a um acontecimento que tem um significado histórico universal: Os Descobrimentos Marítimos que permitiram as trocas entre as grandes civilizações do planeta. ICOMOS, JUNHO 1983

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Memória


Última actualização: 05/11/00