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Iemanjá é provavelmente um dos Orixás mais cultuados pelos umbandistas, ao lado de Ogum, Oxossi e Xangô, principalmente nos lugares onde as Tendas de Umbanda são próximas do mar. Iemanjá é considerada na Umbanda, e também nos cultos de origem africana, a Rainha das Águas, a Mãe Sereia, a Mãe D`Água. É ela que, segundo as lendas africanas, é a mãe dos demais Orixás e aquela que governa as águas dos mares e dos oceanos.
Nas cidades litorâneas, Iemanjá é cultuada no dia 31 de dezembro, quando então milhares de umbandistas e simpatizantes do Ritual reúnem-se à beira-mar para se despedirem do ano que passou e saudar a chegada do Ano Novo. Na Bahia, é cultuada no dia 2 de fevereiro, data em que se homenageia a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes.
Da mesma forma como os demais Orixás do panteão africano, Iemanjá também foi incorporada ao Ritual de Umbanda Sagrada, sendo um dos nomes mais respeitados e reverenciados dentro dos terreiros de Umbanda. A palavra
Yemanjá é do Yorubá e significa "mãe dos filhos-peixe", e em alguns Estados ela foi sincretizada nos altares umbandistas com a santa católica Nossa Senhora das Graças, em outros com Nossa Senhora da Glória e ainda Nossa Senhora dos Navegantes.
Iemanjá - O Orixá Regente dos Mares
Falar de Iemanjá baseado nas lendas iorubanas será a mesma coisa que repetir os ensinamentos que o Candomblé tem transmitido de geração em geração desde que os negros africanos começaram a cultuar os Orixás de sua pátria em solo brasileiro à época da escravidão.
Muitas são as formas de cultuar esse Orixá tão querido no meio umbandista. Muitos são os que têm verdadeiro fascínio por Iemanjá e não limitam esforços para realizarem oferendas com champanhe, rosas, espelhos, pentes e perfumes nas praias brasileiras. Não há motivo para apontar essa ou aquela maneira como sendo a correta forma de culto. Da mesma maneira como existem centenas de Orixás na África, diversas são as formas de veneração da Rainha das Águas.
No livro "O Código de Umbanda", do escritor e teólogo umbandista Rubens Saraceni, há uma definição muito precisa da atuação de Iemanjá na vida dos homens e de toda a criação. Segundo Saraceni, "Yemanjá é o Trono Feminino da Geração e seu campo preferencial de atuação é no amparo à maternidade." Isto concorda inclusive com a crença africana que diz que Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento, dando-lhes sustentação para a nova vida que surge diante deles.
Saraceni explica mais: "O fato é que o Trono Essencial da Geração assentado na Coroa Divina projeta-se e faz surgir, na Umbanda, a linha da Geração, em cujo pólo magnético está assentada o Orixá Natural Yemanjá e em cujo pólo negativo está assentado o Orixá Omulu."
"Yemanjá, a nossa amada Mãe da Vida é a água que vivifica e o nosso amado pai Omulu é a terra que amolda os viventes..."
"Yemanjá rege sobre a geração e simboliza a maternidade, o amparo materno, a mãe propriamente..."
A ligação de Iemanjá com as águas vai muito além daquilo que as lendas africanas retratam. Os iorubás, através das histórias fantásticas e cheias de simbologia, apontavam para uma das qualidades divinas do Divino Criador. Sem termos suficientes para a época que pudessem expressar toda a ciência que estava por trás das figuras dos Orixás, os iorubás prestavam o culto a Iemanjá e faziam os seus arquétipos sem muita preocupação com o fantasioso e o exagerado. Eram questões de fé, pertencentes exclusivamente aos povos africanos e agora também aos seguidores dos Cultos de Nação.
A simbologia contida na água pode-se verificar até mesmo nos escritos bíblicos. No livro de Gênesis, vê-se a descrição de como Deus retirou das águas a terra seca e fez a separação entre um e outro elemento. Antes da criação da terra seca, o "...Espírito de Deus pairava sobre as águas." A Criação, segundo a Bíblia, teve início nas águas da mesma forma como as lendas africanas retratam Iemanjá e o surgimento dos mares e dos oceanos.
Seu nome significa Mãe dos Filhos-Peixes. Originária do rio Ogun, em Abeokutá, Nigéria, tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que atribuem a ela poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. É maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio. Mas também sabe ser delicada, mantendo-se contudo pronta para defender seus filhos.
Os filhos de Yemanjá são pessoas autoritárias e persistentes em relação aos próprios filhos. São preocupados, responsáveis e decididos. São amigos e protetores e chegam, quando mulheres, a se comportarem como super-mães. São agressivos e até traiçoeiros, quando a segurança dos filhos e da família está em jogo. São faladores, não gostam da solidão.
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Conta uma lenda que Yemanjá, filha de Olokun, era casada com Olófim Oduduá com quem tinha dez filhos orixás. Por amamentá-los, ficou com os seios enormes. Impaciente e cansada de morar na cidade de Ifé, ela saiu em rumo oeste, e conheceu o rei Okerê; logo se apaixonaram e casaram-se. Envergonhada de seus seios, Yemanjá pediu ao esposo que nunca a ridicularizasse por isso. Ele concordou. Porém, um dia, embriagou-se e começou a gracejar sobre os enormes seios da esposa. Entristecida, Yemanjá fugiu.
Desde menina, trazia numa garrafa uma poção que o pai lhe dera para casos de perigo. Durante a fuga, Yemanjá caiu quebrando a garrafa. A poção transformou-a num rio cujo leito seguia em direção ao mar.
Ante o ocorrido, Okerê, que não queria perder a esposa, transformou-se numa montanha para barrar o curso das águas. Yemanjá pediu ajuda ao filho Xangô, e este, com um raio, partiu a montanha no meio. O rio seguiu para o oceano e, dessa forma, Yemanjá tornou-se a Rainha do Mar.
Yemanjá, segundo a Crença Africana
Lendas Africanas
Conta outra lenda que Exu, filho de Yemanjá, se encantou por sua beleza e tomou-a à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, e bravamente Yemanjá resistiu à violência do filho que, na luta, dilacerou os seios da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu "caiu no mundo" desaparecendo no horizonte.
Caída ao chão, Yemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador Olorum. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás.
Oferendas
As oferendas para Iemanjá devem ser depositadas sempre à beira-mar. O que não pode faltar são as flores, preferencialmente brancas. Rosas e palmas brancas, angélicas, orquídeas, crisântemos brancos e jasmim podem ser oferecidos a Iemanjá, acompanhados de champanhe, ou leite de côco, ou suco de uvas brancas. Como adorno, podem ser colocadas fitas brancas e azuis, acompanhadas de velas brancas, azuis ou rosas.
É possível também realizar oferendas com manjar de leite de côco, sem açúcar. Canjica branca cozida em água pura, e depois de escorrida, acrescentada com leite de côco em uma tigela branca, enriquecida com mel e uvas brancas por cima.
Outra oferenda pode ser feita com sagu e leite de côco ou tapioca com leite de côco.
As oferendas com comida geralmente são ímas de trabalho, com objetivos específicos que devem ser esclarecidos junto aos mentores espirituais, aos zeladores de Santo, ou Guias de um terreiro.
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