08.08.1967
Ao meu amigo Segismundo Bruno

Não penses que a tua vida
Será eternamente tão bela;
Muita coisa acontece nela
Que a torna muito sofrida.

Para amigos e parentes,
Mantenha sempre lealdade,
Evite sempre a falsidade,
Que deixará a todos contentes.

Não confies muito em estranhos,
Nem queiras ter muitos amigos,
Pois poderá ter sonhos perdidos,
O que te trarão dias tristonhos.

Só Deus faz o que bem entende,
Ele é que pode tudo mudar;
Ele é que deves procurar,
Pois é Dele que dependes.

Ouça bem o que te digo:
Siga todos os conselhos meus,
A quem não presta diga adeus,
Vem a mim se quiser um amigo.


30.06.1968

Visão

Havia uma brisa calma e leve;
A lua escondia-se em negras nuvens.
Era um campo aberto, quase não havia árvores.
Repentinamente, o vento começou a soprar mais forte;
Não havia mais lua, somente nuvens.

O céu tornou-se escuro;
Era o prenúncio de uma tempestade.
Estava só, tinha medo;
Tinha medo do vento, tinha medo da chuva;
Procurei um abrigo, mas qual,
Mísera sorte aquela, nada encontrei.

Os relâmpagos sibilavam nos céus,
Como fogos de artifício.
Estava só, tinha medo.
Tinha medo dos relâmpagos,
Tinha medo dos trovões.
Procurei abrigo, mas andei em círculos,
Zonzo com tanto ruído
Causado pela tempestade.
Caí ao chão... levantei-me;
E fiquei parado como um espantalho,
A contemplar o desabafo da natureza.
Imaginei-me na ridícula posição de medroso;
Dei um sorriso ao ver que a relva,
Os pequenos arbustos dançavam
Ao embalo das gotas d’água.
Comecei a ouvir passos apressados
Pisando o chão molhado;
De repente, vi-te chegar.
Vestias um leve vestido,
Estava todo rasgado.
Teus longos e escorridos cabelos negros
Cobriam teu seio
Que palpitava de anseio e medo por me ver.
Olhei-te e me aproximei.
Tu recuastes, porém,
Ao perceber que eu não queria fazer-te mal algum,
Parastes e destes um tímido sorriso.
Já não tinha medo e sorri também.
Aproximei-me mais e mais;
Tomei tuas mãos, beijei teu rosto;
Tomei teu corpo, beijei tua boca;
Possuí-te!


29.06.1968

Saudade, ansiedade de alguém da presença de outro alguém.


No dia em que me despedi de Vanice


Vou embora levando saudade;
Nada mais me prende aqui
A não ser uma grande amizade.

Mas, por desconhecerem a verdade,
Muitos dizem que fugi.

Eu, porém, nunca fugiria assim,
Deixando com muita saudade,
Aquela que gosta de mim.

Parto agora,
Mas voltarei um dia;

E se quiser saber o por que,
Digo que sinto a alma vazia,
Por já ter saudade de você.


06.08.1968

Parabéns Meu Amor

Parabéns a você meu bem,
Nesta data tão querida,
Completas mais um ano de vida,
E ficas mais linda também.

Agora, precisas juízo criar;
Teus dezoito anos sonhados,
Teus lindos sonhos dourados,
Acabaram de chegar.

Embora pareças uma boneca de louça,
Linda, jovem, inocente,
Não és mais menina, és moça!

Estás na mais linda idade,
E meu desejo mais persistente
É que aches em mim felicidade.

21.08.1968

Grandezas

Vejo o mundo através de meus olhos curiosos,
Buscando encontrar algo a que me apegar.
Entretanto, fico estático diante de sua imensidão.
Olho para cima e vejo o céu azul infinito.
Quantos sonhos!
Quantos versos já fiz enquanto o contemplava.
As nuvens nele passeiam
E brincam formando as mais variadas figuras.
Às vezes, elas se entristecem
E derramam suas lágrimas sobre a terra.
Porém, parecem sempre belas, mesmo tristes.

Vejo o sol, o rei dos astros
Com sua luz incandescente,
Que dá um novo alento ao homem,
Mas que também o castiga
Quando se torna implacável em sua magnificência.
Mas mesmo irritado, ele é belo.

Olho para o mar e vejo sua grandeza;
Enxergo o horizonte quando está calmo;
Porém, quando se enraivece,
Torna-se de uma voracidade gigantesca.

A praia é deserta e o poeta, o artista,
Fazem dela ponto de partida para suas obras.
Como é linda a praia, como é belo o mar!

E a floresta então,
Quanta coisa está escondida lá;
Quanto mistério contém.
Lá existe paz,
Pois o homem ainda não é o senhor das selvas.

Olho para as montanhas;
Seus picos elevam-se aos céus.
Quando o homem escala qualquer uma delas
Sente-se como o dono do mundo.

Chega a noite
E os meus olhos tornam aos céus
E vejo então a lua.
Oh a lua!
Suas quatro estações levam amor aos namorados
E fazem com que os homens sintam-se mais homens.
E as estrelas como são lindas!
A luz por elas emanadas
Trazem paz neste mundo de guerras.
São de uma magnitude incomensurável
E de um esplendor irradiante.
São infinitas e reinam no espaço
Onde o homem começa a dominar,
Mas ainda longe de alcançá-las.

Ah como é linda a mãe natureza!
Como é enorme o seu campo!
Sua beleza reina em todo o universo.
E aqui na terra,
O homem tenta dominar a mesma natureza que o criou.
Tenta a conquista do espaço,
Desbrava os mares e as florestas,
Escala montanhas,
Para tornar-se o senhor deste mundo maravilhoso.

Penso em tudo outra vez
E sinto-me pequeno diante de tanta grandeza.
Acho tudo isto muito lindo,
Mas desapego-me de tudo,
Pois neste mesmo mundo está você.
Sim querida, tudo é tão pequeno,
Diante da grandiosa idéia
Que eu faço de você!


 

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