Com Ódio e Amor
no Coração
Ao
som de rajadas mortíferas
Eu ouvi uma linda
canção,
Que falava em liberdade
Em combate
à opressão.
E segui aquele
hino
Bradando um grito de guerra;
Olhando
o céu, pisando a terra,
Metralha na
mão,
Com ódio e amor no coração.
15.11.1969
Não importa
quantos tenham que morrer, temos que lutar para
viver.
Por que o povo reclama
tanto?
Como coisa que isto adianta
muito.
Reclamam contra o imperialismo
norte-americano?
E quem são os
culpados?
Os americanos ou nós os brasileiros
que só falamos?
Por que tanta revolta sem
luta?
De que adianta reclamar só com
palavras?
Abaixo aqueles que pregam a
revolução com calças americanas;
Abaixo os
que falam em fome com barriga cheia;
Abaixo
aqueles que falam em miséria com dinheiro no
bolso.
E o povo admira estes
protestos
E dá valor aos que o
fazem.
Ora, se um gigante bate em um
anão,
E este reage só com
palavras,
Provoca apenas risos no
gigante;
Mas se impõe resistência,
Pode
apanhar,
Mas será mais difícil para o
gigante.
Somos uma nação gigante em
terreno,
Mas somos anões na coragem,
Pois
só falamos, não agimos.
Temos um solo
rico mas não temos as riquezas,
E nós só
falamos;
Temos bases norte-americanas
espalhadas em nosso território,
E nós só
falamos;
A Amazônia é conhecida no exterior
como Amazon Land,
E nós só falamos;
Temos
poucas escolas,
E nós só
falamos.
Deixemos o conformismo e
coloquemos de lado a conversa fiada,
Pois do
jeito que está não pode continuar.
Parem
de falar ó brasileiros,
Peguemos em armas e
vamos lutar!
05.10.1968
A
Prostituta
A mulher, enquanto
subia as sujas escadas do prédio onde morava,
carregando um litro de leite e um pacote de
maizena pensava o
porquê de vender seu corpo
para alimentar seu filho.
25.05.1969
O
Motorista
Duas e meia da manhã; o
motorista encosta o ônibus na
garagem e vai
a pé para casa, pois onde mora,
a esta hora,
não passa ônibus.
25.05.1969
Amor
Companheira,
não é preciso perguntar se te amo;
olhe em
meus olhos, sinta os meus beijos e verás
que
meu amor é incomensurável.
02.06.1969
Eu
Voltarei
Adeus meu pai, adeus minha
mãe;
Eu tenho medo, mas devo ir.
É a
guerra, tenho um dever a cumprir.
E você
minha pequena
Terá de esperar, é pena.
Mas
eu prometo a você
Que nenhuma bala me
atingirá,
Pois teu amor tornou-me
invulnerável.
Por entre as minas
passarei,
Granadas e bombas evitarei.
A
guerra é suja e cruel;
Mata-se sem saber
porque;
Tenho que ir e lutar,
Matar para
não morrer.
Voltar será
difícil,
Precisarei de muita sorte,
Mas
não me importo e lhe prometo
Que voltarei
porque sou forte.
Não chore menina, quero
um sorriso teu;
Quero levar na
lembrança
Tua imagem de criança.
Quero
crer na beleza da vida
Já que estarei tão
perto da morte.
Quando estiver a
caminho,
Estarei indo sozinho
Por entre
milhares de seres
Que como eu, acreditam no
regresso
Mesmo sabendo do perigo a
enfrentar.
Ninguém acredita que vai
morrer!
Ao longe, ouve-se o som das
trombetas,
O ruído dos tanques é
assustador
E o rufar dos tambores me
empobrece.
É triste partir, mas nunca se
esquece
Que temos na pátria amor,
Que
apesar dos males, ela é nosso lar;
Por ela
temos que lutar,
Dar do corpo o sangue e o
suor.
É estranho sentir esta
nostalgia,
Melancólico lembrar que você
existe
E que talvez logo eu deixe de
existir,
Embora eu sempre
continue
Existindo para você.
Adeus
meu pai, adeus minha mãe,
E você minha
pequena,
Espere por mim,
Pois eu
voltarei.
05.08.1969
Ser
poeta,
Não é apenas
Escrever versos de
amor;
Ser poeta,
Ë ter uma visão
ampla
Da vida e seus problemas,
E
procurar, através da poesia,
Conscientizar o
povo
Da necessidade de uma união entre os
homens
Para a existência de um mundo
melhor.
Aos que perguntam com
ironia,
O porquê de eu fazer
poesia,
Respondo-lhes apenas assim:
Em
cada verso que faço,
Mais diminui o
espaço,
Vazio, existente em mim.
05.08.1969
O
beijo é o mais lindo verso de uma poesia de
amor.
Neste teu aniversário,
De
presente dou-te rosas,
Faça delas
relicário
De nossas vidas
amorosas.