Você ensinou-me a brincar em um mundo
violento. Fez-me ver que as coisas não são
assim tão ruins como, muitas vezes, a gente
pensa.
Os primeiros passos que eu dei de mãos dadas
com você, fizeram com que eu me sentisse
muito importante, muito orgulhoso.
As tantas vezes em que rolamos pelo chão da
casa, ou pulávamos no sofá, ou ainda na cama
nas manhãs de domingo, deixando a mamãe
irritada, tudo isto me vem à mente numa
agradável lembrança.
A tua franqueza espontânea que te faz, até
hoje, dizer aquilo que te passa pela cabeça,
em qualquer situação, na frente de qualquer
pessoa, me faz sentir inveja de você.
As primeiras letras do alfabeto que
estudamos juntos, a primeira mesada (nossa
quanto dinheiro!), e o primeiro tão esperado
presente de Natal. Lembra qual foi? Não? É,
já faz algum tempo. Foi um carrinho, desses
que a gente entra dentro e pedala. Era um
carrinho muito bacana e é pena que ele não
exista mais. Foi dado para alguém que não me
lembro.
São boas estas lembranças mas, de tudo, o
que mais me agrada, é a plena certeza do
amor que você sente por mim. Isto me dá uma
força tão grande!
Você me tornou adulto, fazendo-me ver que eu
tenho que lutar cada vez mais, trabalhar
sempre, ser honesto e leal. E eu espero
nunca decepcionar e perder a confiança que
você tem em mim.
É por tudo isto que eu te respeito e te amo
muito, embora, às vezes, eu discorde de
alguma coisa e você se aborreça comigo. É um
sentimento passageiro eu sei, pois logo você
vem conversar comigo e, incrível, às vezes
me pede até desculpas.
Ah como eu te invejo, como eu gostaria de
ser igualzinho a você, meu filho.