A
bola saiu pela linha de fundo. Os cruzamentos, outrora perfeitos, que na
seleção encontravam Vavá sempre de frente para o gol, ou Quarentinha no
Botafogo, e até mesmo Flávio nos tempos de Corinthians, são hoje uma
doce lembrança.
Aquele drible desconcertante que deixava seus
marcadores estonteados e fazia rir uma multidão, parecia um passista de
escola de samba, que faz que vai mas não vai, que faz que volta mas não
volta, que faz que fica mas não fica.
O Mané que gostava de
passarinho morreu.
Aquele Mané ingênuo que ao fim da Copa do Mundo da
Suécia disse no vestiário: “Que campeonato mais mixuruca, já acabou?”.
Esse Mané não mais existe. Esse Mané que no Chile redobrou sua
genialidade e fez toda uma torcida esquecer que Pelé não podia mais
jogar aquela copa. Ah Mané, se você tivesse na cabeça só um pouquinho do
talento que tinha nas pernas, não acabaria enrolado num lençol encardido
de um sanatório, nem tendo o corpo jogado numa gaveta do IML Você, logo
você, que deu tantos lençóis lindos em sua carreira de jogador, ter que
acabar desta maneira. Tivesse você os amigos que teve o Pelé, talvez
tudo fosse diferente. tivesse você um pouco mais de força, teria
conseguido driblar as garrafas com a mesma maestria que fazia com os
laterais do mundo inteiro.
O que mais eu posso dizer Manuel Francisco
dos Santos? Você que foi a Alegria do Povo, não conseguiu driblar a
morte.
Adeus Garrincha.