06.07.2006
Eles
andam sempre em grupos. Parece
que se dirigem todos ao mesmo lugar.
São
raros aqueles que andam sozinhos, pois mesmo quando não têm
companhia, logo surge um que se encosta e depois mais outro e assim
um novo grupo vai-se formando.
Eu
confesso que eles me dão medo. Mas me dão raiva também. Já fui muito
xingado e já xinguei também. Já corri atrás daqueles mais atrevidos
que passam por você, te xingando, levantando o dedo médio. Eles
brincam com você logo que o ultrapassam nas ruas dando aquela
fechada e ficam fazendo ziguezague na sua frente.
Quando
estão em bandos parece que você está diante de uma tela de cinema
assistindo a um filme de Guerra nas Estrelas, tal a velocidade e as
finas que eles tiram de tudo.
Você
está dirigindo calmamente por uma avenida qualquer e de repente ouve
um barulho em seu carro. Percebe que foi do lado direito. Aí você
olha para o retrovisor do lado direito para ter noção do que foi que
aconteceu e fica surpreso, não vê nada. Nem o retrovisor.
Há
momentos em que você está dirigindo com mais cuidado. Tomou
precauções antes de pegar o carro. Mentalmente você se programou
para não se irritar com eles. E você dirige sempre com a atenção
voltada para seus espelhos retrovisores. De repente você avista um
deles pelo espelho do lado esquerdo e aí, para evitar problemas,
você desvia um pouco para a direita e é exatamente por onde ele está
ultrapassando você. Novamente um dedo médio é levantado. Às vezes
eles se dividem e passam três ou quatro de cada lado de seu carro.
Aí, eu me encolho dentro do carro desejando que o carro também se
encolha. E me sinto patético.
Quando
acontece um acidente com algum deles, em segundos bandos deles param
em qualquer lugar como que para linchar o responsável pela queda do
outro que, comumente, já morreu. É, porque todos os dias aqui
em São
Paulo existem acidentes fatais com eles.
Os
semáforos não foram feitos para eles. Na verdade eles só param
naqueles cruzamentos de ruas de grande movimento e se amontoam nas
frentes dos carros.
Não
tenho nada contra as motocicletas, tanto é que nunca comprei uma
para dar marteladas nela, até porque existem motociclistas e
motoqueiros. Estes que pilotam suas motos Honda, Suzuki ou Yamaha,
eu chamo de camicases, pois são verdadeiros suicidas em suas
máquinas japonesas.
A
justificativa deles para tal agressividade no trânsito é que são
obrigados a cumprirem horários para entregas urgentes de
correspondências ou encomendas de alguma natureza. Eles recebem por
viagem e não percebem que todos os dias poderão estar fazendo a
última delas.