Agora o presidente resolveu entrar em um assunto que acha que
entende: futebol e seleção brasileira. E, como sempre, deveria ter ficado de
boca fechada.
O técnico da seleção, mais uma vez, mostrou sua liderança diante do grupo
que dirige ao dizer que Ronaldo está forte e não gordo.
Ao capitão Cafu, ele pediu para que os jogadores não amarelem em campo.
O capitão também deu uma resposta à altura ao dizer que todos os jogadores
que lá estão têm bastante experiência.
Ronaldo, o fenômeno, não estava presente na vídeo-conferência, mas aos
jornalistas fez seu desabafo, com o qual concordo plenamente; de fato, nós
temos uma imprensa esportiva muito metida a besta. Adoram falar das saídas
dos jogadores, do que fazem em seus momentos de folga, da gordura de um, da
bolha do outro, da idade dos jogadores e por aí afora. Parece, que lá no
fundo, torcem contra, pois se a seleção ganhar mais essa copa não acharão
culpados para execrar.
O fenômeno mandou seu recado, através da imprensa, para o presidente dizendo
que ele, Ronaldo, também gostaria de fazer perguntas ao presidente, mas que
todos os jogadores estavam instruídos a não fazê-las. Chegou a insinuar que
pela imprensa também leu que o presidente gosta de tomar algumas. Corajoso
esse Ronaldo, e é por isso que se trata de um fenômeno.
Aliás, por causa dessas declarações, o presidente teve que se curvar e
mandar um pedido de desculpas, por escrito, via fax, se retratando ou
tentando se justificar pelo que dissera.
A seleção pode até não trazer o título, mas já demonstrou coragem
suficiente. Se perder a copa, não terá sido por medo, por amarelar em um
jogo qualquer. Quem amarelou foi o presidente, que se curvou diante de um
país que nem está na copa, a Bolívia.
Está na hora do presidente calar a boca e torcer apenas, torcer para que se
esta seleção for campeã, que os jogadores não se neguem a comparecer em
Brasília para receberem medalhas de mãos trêmulas e sujas.
E se perdermos a copa, coisa que é perfeitamente possível no esporte,
continue de boca fechada presidente, pois de boca fechada não saem bobagens,
nem mentiras, nem ofensas, além de não entrarem moscas.
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