Quando entrei pela primeira
vez no saguão do hospital onde iniciaria a
radioterapia para curar um câncer, entrei com
muita confiança e logo fui cumprimentando as
pessoas em geral com um sonoro “boa tarde!”
Neste primeiro dia, apenas um casal respondeu ao
cumprimento e quando se retiraram eles se
despediram.
Nos dias que se seguiram continuei com o mesmo
comportamento numa tentativa de levar para
dentro daquela sala um pouco de otimismo e de
alegria. Cumprimentava a todos e foi bacana
acompanhar a evolução disso tudo: hoje todos se
cumprimentam e o mais importante, conversam,
dividem seus dramas.
Pacientes e acompanhantes já ousam sorrir, pelo
menos um pouco. Claro que os casos são de
diferentes graus de gravidade, mas o que se
percebe em cada olho é esperança. O tratamento
provoca efeitos em alguns, deixam-nos abatidos,
mas a perseverança prevalece. Ninguém desiste,
ninguém entrega os pontos, pois todos ali
desejam viver. Já não importa como cada um
adquiriu a doença, quantas mágoas carregou,
quanta raiva segurou, ou quantos cigarros fumou.
Todos que estão ali estão atrás do mesmo
objetivo, um torcendo pelo outro, dando um
incentivo ainda que com um sorriso tímido, todos
querendo viver!
Mas eu quero voltar a falar do casal do primeiro
dia com o qual eu tenho conversado diariamente:
José Roberto e Sandra formam um lindo casal. A
gente percebe o carinho da esposa pelo marido, a
força que emana de seus olhos, de seus braços e
de sua mente, além de seu sorriso. Eu acho que
ficamos amigos ou pelo menos, estamos ficando
amigos, pois estamos atrás do mesmo objetivo:
viver!
Eles vieram do Nordeste para cá para que ele
fizesse o tratamento e a coragem dele me
surpreende e me causa inveja. É a quarta vez que
luta contra um câncer. Já venceu outras três
batalhas e continua lutando, sem desistir e eu
tenho a certeza de que ele vai superar mais essa
luta. E estou torcendo muito por ele. Acho que
só falta encontrar algo para fazer quando se
recuperar, o que eu acho que ele já está
considerando: construir uma casa no sítio.
Plantar flores, árvores junto com a esposa.
Eles comemoram bodas de prata neste ano e tenho
certeza de que farão uma linda festa na
companhia dos filhos e netos.
O tratamento dele termina antes do meu e
provavelmente eu não os verei mais e já comecei
a sentir saudades deles dois. Mas o importante é
que se, de início, foi a dor que nos uniu, hoje
já existe um carinho e um respeito muito grande
entre nós, e essa amizade que está se iniciando
vai continuar, tenho a certeza, para todo o
sempre.
José Roberto e Sandra, que tenham lindos dias
pela frente! Eu nunca me esquecerei de
vocês.
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