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O amor é lindo!
Ivan Jubert
Guimarães
04.01.2007
“Love is a many splendored thing” quando
exibido no Brasil recebeu o título de
“Suplício de uma Saudade”. Mas o título
original, que também é o título da trilha
sonora quer dizer que o amor é uma coisa
esplendorosa.
E de fato é, só quem já amou ou foi amado,
sabe disso na sua essência.
Quando a gente se casa, a gente quer a
convivência com a pessoa amada, quer estar
junto, presente. Manter contatos íntimos,
formar uma família. É por isso que a gente
se casa. Já vi casos de pessoas que se
casaram e o noivo sofrera terrível acidente
no qual perdeu as pernas e a noiva fez
questão de casar-se com ele. Além do amor e
da compaixão que ela poderia estar sentindo,
eles estariam juntos em corpo e alma.
Também já vi muitos casamentos por
interesse, golpe do baú como chamam, onde um
dos dois, ou os dois, casam-se para unir
fortunas em dilapidação. São casamentos sem
amor, que é a base de qualquer relação
humana.
Mas o amor, a paixão conjugal, tem facetas
que quase ninguém entende ou percebe. E
nossas más línguas costumam fazer
comentários jocosos às vezes. Não é este o
caso, juro que não.
É um caso até, digamos, singelo esse. O
noivo é viúvo desde 2003 quando sua esposa
foi executada numa disputa pelo comando de
uma facção e, convenhamos, deve ser muito
difícil perder a esposa numa situação
dessas.
Amor ou conveniência? Sem querer julgar. Mas
a instituição do casamento é uma coisa que
marca o Eu. Estou casado há 34 anos e ainda
me lembro de toda a cerimônia, das palavras
do padre, por o ritual todo foi bonito, a
troca de olhares, a troca de alianças e as
palavras finais do padre declarando que
éramos, a partir daquele instante, marido e
mulher. E saímos da Igreja de mãos dadas e
iniciamos nossa vida conjugal.
Mas, voltando ao caso em questão, a noiva é
estudante de direito e esteve detida
recentemente, acusada de colaborar com o PCC
e de receber
quinze mil reais por mês. O nome dela é
Cynthia Giglioli da Silva e o noivo chama-se
Marcos Willians Herbass Camacho, o Marcola.
A cerimônia foi simples, tão simples que nem
houve a troca de alianças, tão simples que
os noivos nem se puderam tocar e o “sim” foi
dado através de um interfone. O noivo ainda
tem muitos anos a cumprir pela frente em
Regime Disciplinar Diferenciado, e não
possuem regalias e nem direito a receber
visitas íntimas. Estranho esse caso de amor!
Talvez ao formar-se, Cynthia adquira o
direito de ser constituída advogada do
marido e aí, quem sabe, poderão ter seus
momentos de intimidade. Essa moça sabe muito
sobre o PCC e agora, como esposa do líder da
facção, se calará para sempre para não
prejudicar seu amado marido. Creio que nem
mesmo deverá ser convocada para testemunhar
mais nada.
Como é de praxe, só resta dizer: “Felicidade
aos noivos!”
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