Poeta é
assim mesmo, um sujeito até cansativo;
Vive andando a esmo, quase sempre pensativo.
Não sou diferente dos outros, sou até muito
igual,
E por serem tão poucos, não chega a ser banal.
Se um incomoda muito gente, dois incomodam muito
mais,
O poeta anda sempre em frente, mas olha muito
para trás.
Buscando sempre na memória, pelos amores
sentidos,
Vive sempre a mesma história: a dos corações
partidos.
Porque poeta que é poeta, ama muito sem ser
amado;
Não se afasta de sua meta, que é um novo amor
conquistado.
Ele ama com intensidade, vive cada amor
plenamente,
Ama mulheres de todas as idades, e com elas vive
só o presente.
Mesmo não sendo andrajoso, sempre mendiga
agrados,
Chega a ser até pegajoso, mesmo com seus amores
passados.
O poeta nunca esquece uma mulher que já esteve
em seus braços,
Pois nunca ama uma qualquer, sempre acompanha
seus passos.
O poeta também ama a Natureza, aprecia dos
pássaros os seus cantos;
Reveste sua alma de pureza, mesmo que por sua
face escorra o pranto.
O poeta é sempre um crítico, é mordaz em seus
comentários,
Nunca vai ser um bom político, até porque eles
são seres imaginários.
A língua de um poeta não se dobra, ele não cala
sua voz envolvente,
De um poeta nada se cobra, pois está ao lado do
povo, de sua gente.
Mas admito que seja um pouco egoísta, e quer
alguém sempre de seu lado,
Como se fosse um grande artista, que quer ver
seu trabalho aprovado.
Com tanta pureza que carrega n’alma, ele jamais
perde a sensibilidade,
Perde, pois, sua calma, quando se defronta com
quem teme a verdade.
Se o céu escurece pela ilusão perdida, ele vive
em um mundo de cores.
Assim vive o poeta sua vida, defendendo seus
ideais, amando seus amores.
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Isolda Nunes
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