Nas horas mortas da noite como é doce o meditar,
O corpo exausto que o repouso esquece.
Um corpo de fada – sereno, dormindo, tranqüila sorrindo num brando sonhar

Desculpe-me este gesto de impaciência e esse jeito de cansaço
Este amor tão lindo que se esconde nos confins do não sei onde,
Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar.

Quero dormir com você ou pelo menos te dar um beijo na boca,
Beija até o fim as minhas lágrimas de dor, porque eu te amo além do amor.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

Por todos os beijos cancelados pela eternidade
Na mão encostada à face saudosa, pensando em mim.
Isto pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Cada minuto na vida não é mais, é sempre menos,
Como aliviar a dor do que não foi vivido? Se iludindo menos e vivendo mais.
Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz.

São prantos cheios de dores – saudades dos meus amores,
A dor é inevitável, o sofrimento é opcional.
Dentro de mim mora o animal indômito e selvagem que talvez te faça mal.

Dá-me inda um beijo antes que a noite venha.
Que noite santa! Sempre o lábio mudo a dizer tudo.
Nunca eu tivera querido dizer palavra tão louca.

Porém que te importa a voz impotente que se perde sem ser escutada?
Quem pagará o enterro e as flores se eu me morrer de amores
E a minha vida está completa, não sou alegre nem sou triste, sou poeta..

Essa felicidade que supomos existe sim, mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

Eu não espero o bem que mais desejo
Clamo e não gemo; avanço e não rastejo
E vou de olhos enxutos e alma leve à galharda conquista do teu beijo.

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21/05/2007

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