Mãe,
Eu já escrevi outras vezes para você. Já escrevi
poesias e mensagens do meu amor, embora muitas
vezes eu deixe prevalecer minha zanga, apenas
por não entender que o tempo tem passado
depressa demais e certas coisas que você me diz,
me causam irritação.
Mas acredite que eu reconheço seu esforço para
me agradar, cuidar de mim, embora eu já pudesse
ser avô se os meus filhos tivessem querido ter
filhos.
Eu hoje lido com muitas crianças e acho que eu
seria um avô como você tem sido uma boa avó para
os meus filhos, embora eles já sejam adultos e
já tenham pouco tempo para nós.
Todas as vezes que chega o dia das mães, eu me
lembro de um monte de coisas que fizemos quando
eu ainda era um menino de calças curtas. Ah como
eu odiava usar calças curtas mãe. E hoje, quando
estou em casa, uso bermudas o tempo todo.
Fazer o que você faz, na sua idade, não é para
qualquer um não. Precisa ter força, coragem,
vontade e principalmente muito amor. O perdão
mora dentro de você e, meu Deus, como tenho
desapontado você com a minha impaciência e com
meu temperamento. Mas saiba, mãezinha, que eu
amo você e que dou graças a Deus por tê-la ainda
comigo, me dando o mimo que eu tanto necessito,
mas que nunca tenho coragem de demonstrar.
Eu sei que você sabe disso, eu percebo, mesmo
quando me irrito com suas oferendas, o tamanho
do seu amor por mim. Pena que eu, apesar de ter
reconhecido isso, eu nunca manifeste a você o
meu contentamento. Não vou pedir perdão, pois eu
sei que você me dirá que não há o que perdoar e
que tudo o que faz, faz porque quer me agradar.
Sabe mãe, eu deveria agradecer a Deus, todos os
dias, por ainda tê-la em minha companhia e vou
fazer isso agora:
“Ó Senhor, meu Deus, eu Te agradeço por ter me
dado a mãe que eu tenho e que já está comigo há
mais de 60 anos de minha vida aqui na Terra. Eu
Te agradeço, Senhor, por fazer com que apesar de
todo o sofrimento e humilhações que ela passou
pela vida, ela nunca ter desistido de mim e
sempre estar ao meu lado em todos os momentos
alegres e tristes que eu tive em minha vida. Eu
agradeço pelo colo que ainda tenho em meus 60
anos e eu posso dizer que sou um homem de sorte.
Poucos, em minha idade, ainda têm mãe! Ó Deus!
Como sou privilegiado mas, ao mesmo tempo, tão
mal agradecido. Perdoe-me, Senhor, por minha
intransigência com ela e muito obrigado por
estar deixando-a comigo por tanto tempo. E por
falar em tempo, Senhor, se não for pedir muito,
deixe-nos juntos por mais tempo ainda.”
Pronto mãe, Deus já está sabendo o quanto eu
gosto de você. Só falta agora eu dizer-te isso
do jeito que eu sei: Eu te amo!
Seu filho,
Ivan Jubert Guimarães
11 de maio de 2008
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