PALAVRA
Calma obscura de minh'alma
Dor atroz que me tortura!
O meu olhar perdido
em turvas águas
se ensombrece nesta calma,
calma idiota, uma tortura
feita de fel e mágoa.

E tu que és a Esperança
o doce enlevo do poeta
a me ferir de modo atroz!
E tu a me atirar lanças,
_Palavra, seta cruel em linha reta
que magoa, faz-me sufocar a voz.

E eu, pobre alma sonhadora,
amealhado sonhos juvenis
para ofertar-te em ara!
Mas uma palavra acusadora
descobre em mim sentimentos vis
e eu me perco num "Saara".