Os frutos da
Lesa-Pátria no Neoliberalismo de FHC
A desestruturação do Banco do Brasil
Um banco com toda a
cara do que fazem com o Brasil
Tese
de doutorado esmiúça mudanças pelas quais o BB passou, entre a dualidade de dar
conta do mercado e, ao mesmo tempo, ser a caixa do governo
Porta do cofre da primeira sede de São Paulo: dificuldades
com as reformas |
Durante décadas, o Banco do Brasil foi sinônimo de identidade nacional, de
estabilidade financeira e de uma perspectiva de futuro inabalável para seus
funcionários, integrantes de uma elite invejável de trabalhadores brasileiros.
Nos anos 90, entretanto, com o processo de liberalização da economia iniciado
pelo governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992) e intensificado pelas duas
ignóbeis gestões de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a imagem do Banco do
Brasil foi alterada de forma absoluta. O pico ocorreu em 1995, com o processo
de reestruturação na forma de um amplo Programa de Desligamento Voluntário
(PDV).
"Esse programa de demissão foi como uma metáfora
das mudanças ocorridas no país, naquele momento", diz Lea Carvalho
Rodrigues, autora da teseBanco do Brasil:
Crise de uma Empresa Estatal no Contexto de Reformulação do Estado Brasileiro
, defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "O Banco do
Brasil tinha um significado no imaginário brasileiro, como instrumento de
desenvolvimento da nação e a estabilidade do emprego no BB, nas palavras de seu
então diretor de Recursos Humanos, era um valor nacional. Com a reestruturação,
esses valores foram postos em xeque."
O trabalho acompanhou as mudanças no banco, no período de
"A função do banco era promover o desenvolvimento
do país. Com as políticas neoliberais dos anos
A mudança estratégica do Banco do Brasil tinha como meta abandonar sua vocação
original e secular de ser um banco estatal no "estilo antigo",
passando a enveredar pelo caminho da competitividade, uma das palavras-chave
para entender o movimento macroeconômico dos anos
"As alterações do Banco do Brasil faziam parte do
programa do presidente Fernando Henrique Cardoso de conter o movimento sindical
no setor estatal. Em 1995, o governo federal tentava aprovar reformas
complexas, como a previdenciária, a tributária e a administrativa, e tudo
indica que, ao quebrar a estabilidade dos funcionários do Banco do Brasil,
objetivava conduzir mais facilmente essas reformas, que também exigiam uma
alteração paradigmática em culturas bastante arraigadas", explica a
pesquisadora. "O Banco do Brasil foi estratégico para essa reforma do
Estado", prossegue.
A reestruturação do BB fazia parte de uma orientação vinda de organismos
internacionais para reformulação do setor financeiro, cujo processo iniciou-se
no governo de José Sarney (1985-1989). Essas diretrizes apontavam que era
preciso adequar o sistema financeiro à nova ordem mundial, com a abertura do
mercado ao setor externo e a privatização de bancos estaduais e federais.
Com tais mudanças, o setor financeiro brasileiro alterou completamente suas
feições. Houve a privatização de muitos bancos estatais e o enfraquecimento dos
pequenos bancos privados, que foram adquiridos por grandes grupos financeiros
num amplo processo de fusões e aquisições. Ao mesmo tempo, esses mesmos grupos
começaram a se sentir ameaçados pela entrada de companhias estrangeiras no
país.
Diante da força dessas instituições estrangeiras, uma outra
discussão, também antiga, ficou mais moderada nos gabinetes do poder executivo:
a privatização do Banco do Brasil. "No fim dos anos 90, com o avanço dos
bancos espanhóis, parece que renasceu um certo nacionalismo e a idéia de
privatização perdeu força. Agora, com o novo governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, a tendência é que esse tema não tenha tanta relevância", acredita Lea.
"Mesmo assim, acho que a crise de identidade do banco é séria. O BB só tem
sentido se tiver ligado a um projeto de nação. Caso contrário, não faz sentido
estar nas mãos do Estado", continua a pesquisadora.
Déficit
A modernização do BB não implicava apenas a demissão de funcionários.
Paralelamente ao PDV, o banco anunciou o encerramento das atividades de 103
agências de um total de 600 unidades deficitárias, a maioria no Norte e
Nordeste do país. O fato provocou reações de insatisfação nas comunidades locais,
que acionaram seus representantes no Congresso para negociar as medidas. Muitos
parlamentares afirmavam que o fechamento das agências comprometeria a
possibilidade de desenvolvimento das regiões carentes em razão do tradicional
caráter do banco como fomentador do desenvolvimento local.
A movimentação contra as demissões e o fechamento das agências levou o
presidente da República – claro que FHC - a se manifestar a favor das medidas
com o argumento de que, se elas não fossem efetivadas, o BB iria à falência.
"Nesse período, o banco estava com a informatização precária e a situação
era caótica em termos administrativos. A inovação tecnológica só veio a ocorrer três anos depois, em 1998", explica Léa.
Um dos argumentos para a reestruturação do BB foram os prejuízos apresentados
pela instituição no período pós-Plano Real, o que causou uma perda de 87% nas
receitas do banco, apenas no segundo semestre de 1994, média bem superior a de
outros bancos. "O Banco do Brasil tinha de manter operações em dólar no
exterior para que o governo pudesse honrar seus compromissos externos, em vez
de aplicar esses recursos no mercado interno, ganhando com a valorização
cambial e com as altas taxas de juros então vigentes", observa.
É bem verdade que o BB fechou o ano de 2002 com lucro líquido de R$ 2,028
bilhões. O resultado é 87,4% superior ao lucro de
Estabilidade
Em 1995, foram registrados também 12 ocorrências de suicídio de funcionários do
banco, sendo quatro delas durante a plena execução do PDV, iniciada apenas no
segundo semestre daquele ano. De acordo com a tese, a estabilidade dos
funcionários do BB tinha uma importância para o futuro profissional de seus
funcionários, com garantia de salários e benefícios, possibilidade de ascensão
na carreira, adequação dos interesses da empresa ao funcionário, o que oferecia
também segurança na vida particular.
"O banco era uma extensão da casa. E, se por um
lado pode-se dizer que essa estabilidade gerava tranqüilidade, em muitos casos
acomodação, em outros, dificuldades para inovação, mas é também verdade que
esses vínculos estreitos com a empresa geravam um alto grau de comprometimento
e dedicação", analisa Lea.
Mesmo com críticas e crises, o Programa de Desligamento Voluntário foi
considerado um modelo internacional de sucesso pela forte adesão. Alcançou 80%
do pretendido pela empresa. No primeiro momento, foram desligados cerca de 13 mil funcionários e, dois anos mais tarde, a
redução do quadro era da ordem de 43 mil funcionários, ou 37% em relação a 1994.
Para Lea Carvalho Rodrigues, as mudanças do BB refletem as alterações do
próprio país, na égide da volatilidade dos mercados e da economia
internacional. "Mas, apesar de suas alterações, o BB ainda é o retrato do
Brasil", conclui a pesquisadora.
O Projeto
Banco do Brasil: Crise de uma Empresa Estatal no Contexto da Reformulação do
Estado Brasileiro
MODALIDADE
Bolsa de doutorado
OrientADOR
Guilhermo Raul Ruben - IFCH/Unicamp
Bolsista
Lea Carvalho Rodrigues - IFCH/Unicamp
O jornalista Helio Fernandes escreve sobre o desperdício da Vale do Rio Doce
Como a direção da Vale DOADA insiste em dizer que a empresa continua
brasileira e praticamente estatal, vou derrubar essa tese "mestrado"
da farsa. Digam o que disserem, nada se compara, em matéria de escândalos, a
essa DOAÇÃO. (Talvez ou certamente outro igual ou maior é o do abandono
da Amazônia. Aqui o desprezo é total, mas inclui o espanto domínio de minérios,
incluindo a PROVÍNCIA DE CARAJÁS).
Inicialmente, o BB
(Fundo Previ), BNDES e Bandespar foram os
personagens principais que permitiram a aventureiros de todos os tipos HERDAREM
o inacreditável patrimônio da Vale DOADA. Logo,
logo a composição acionária foi desbaratada, entraram o Bradesco-Bradespar,
a CSN, que abriram caminho para os "sócios e amigos"
multinacionais.
O BNDES e o Bandespar (além do Fundo Previ) entraram com a maior parte
do dinheiro, e hoje, na composição acionária, não valem nada. Têm apenas
"empréstimos" a receber.
O Bradesco, para
subscrever a criação da Bradespar e ficar com o
controle (por algum tempo), "tomou emprestado" do BNDES 243
milhões de dólares. Que na época representavam 859 milhões de reais. Com esse
dinheiro, foi criada a poderosa Bradespar-Bradesco,
cotada então a míseros reais, para o grupo poder subscrever. Puxaram para cima,
quando os trouxas chegaram, as ações já ESTAVAM LÁ
Por que o BNDES
não subscreveu ele mesmo os 859 milhões? Dizem como
justificativa: "O empréstimo é a mesma coisa, está garantido". Não
está coisa nenhuma, já perderam uma fortuna com a desvalorização do dólar. Se
ganharem, ganham apenas juros, enquanto o Bradespar-Bradesco
movimenta somas e-s-t-a-r-r-e-c-e-d-o-r-a-s. Ninguém
ganhou tanto quanto o Bradespar-Bradesco e a CSN.
Fortunas, perdão, fortuníssimas.
Aí, o Bradesco-Bradespar
ainda recebeu mais dinheiro do BB (Previ), e com a maioria garantida para eles
e os "amigos" multinacionais (que vieram sem nada),
"aceitaram" o dinheiro verdadeiro dos subscritores incautos. As
multinacionais, imediatamente, com jogadas comuns no mercado financeiro
internacional, ficaram com 27 por cento e o controle total. SEM DINHEIRO.
O Bradesco (já de fora
vorazmente satisfeito) e o Bradespar (ainda lá
dentro, também vorazmente, só que esperançoso) continuam fábricas imorais de
lucros PARTICULARES com dinheiros ESTATAIS. Alguém pode avaliar
quanto valem esses 21% na maior empresa de minérios do mundo? Que República.
É impossível para o cidadão-contribuinte-eleitor entender qualquer coisa, são
dezenas e dezenas de firmas, de grupos e de ações que se fundem, se CRUZAM
e se DESCRUZAM. Depois de tudo isso, veio a
realização dos lucros do Bradesco-Bradespar, a
concretização da grande jogada do banco e da CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional). Foi o que chamaram na ética, na estética mas sem estática, de DESCRUZAMENTO.
Com GANHOS MIRABOLANTES.
O Bradesco saiu com
lucros INIMAGINÁVEIS, mas a Bradespar ficou I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E.
Tudo mobilizado, manipulado e materializado pelo cérebro financeiro do
"seu" Brandão, que ultrapassa e derrota qualquer computador do Bill
Gates. Ele saiu com montanhas de dinheiro, mas a Bradespar
está lá, FABRICANDO mais dinheiro do que o Tesouro Nacional ou a Casa da
Moeda são capazes de lançar no mercado.
Para permitir essa jogada tipo Las Vegas,
precisaram de fundos dos mais diversos lugares, e grupos
"participantes". Citarei alguns. 1 - Mitsui,
americana. 2 - Fundos Litel e Litela,
com 60% da Valepar. (Entenderam?). 3 - Essa mesma Valepar tem 50% das ações com direito a voto da Vale. 4 - Do capital total da Vale,
43% pertencem a estrangeiros, que não investiram nada. 5 - Inacreditável: o BNDES,
que com o BB e a Bandespar tinha 50% de tudo,
agora tem 4,2% e se mostra satisfeitíssimo. 6 - E para isso teve que comprar
8,5% das ações da Valepar, gastando 1 bilhão e 500
milhões.
PS - Chega por hoje. Acredito que nos
próximos dias jornais e televisões estarão cheios de entrevistas do
"seu" Brandão e do grupo da CSN. Neste caso, vários, r-i-q-u-í-s-s-i-m-o-s, não tinham dinheiro para o aluguel.
De banquinhos ou tamboretes falidos.
Depois de se desfazer de minerais raríssimos, a Vale desperdiçou
sua própria riqueza, doada a multinacionais
Eliezer Batista, e
família, cumprem o doloroso dever de comunicar ao País que participarão da
exploração de petróleo. Nada mais desastroso do que isso. Eliezer Batista, como
presidente da Vale, "vendeu" a preços
miseráveis todo o manganês do Amapá. Desde 1956 fiz (faço) vigorosa campanha
contra essa perda de uma das maiores riquezas do Brasil.
Por volta de 1960 (fim
do governo Juscelino, eu escrevia diariamente no Diário de Notícias), revelei e
fui sempre aumentando os dados, os números, a denúncia sobre a espantosa
exploração particular de um dos minerais mais raros do mundo, o manganês.
Basta consultar as coleções e verificar o que eu revelava e
ninguém desmentia.
1 - Os três maiores
produtores de manganês, no mundo, eram os EUA, o Brasil e a então União
Soviética.
2 - Os dois maiores
compradores desse manganês, a União Soviética e os EUA.
3 - Produtores, mas
sabendo que o mineral importantíssimo tinha quantidade escassa, eram assíduos
no mercado comprador.
4 - O Brasil,
displicente e desinteressado do seu próprio destino e objetivo de potência
mundial, era o maior VENDEDOR no mundo.
5 - Crime de
lesa-pátria, que quase 30 anos mais tarde FHC consumou, DOANDO a
Vale inteira.
6 - Por que vender
minérios por setor de propriedade da Vale, se podiam ENTREGAR
logo a Vale toda?
Agora o filho mais
esperto, mais ardiloso e mais ambicioso de Eliezer Batista aparece em todos os
grandes negócios sem risco. Petróleo, gás, portos, licitações que deveriam
merecer uma CPI, pois representam os maiores escândalos já realizados no
Brasil. Agora, tudo tem a mão inteira do filho pródigo.
Moço, avassalador,
teria que explicar a essa CPI (que será sempre imaginária) onde foi buscar
tanto dinheiro, pelo menos para fazer esses "investimentos"
colossais. Ele falseia os dados, cita números não verdadeiros, usa de "menas" verdade. Diz: "Hoje todo mundo no Brasil
tem celular porque a Telebrás foi dividida em blocos". Ha! Ha! Ha!
Farsa, falsidade,
fantasia, apenas para favorecer os exploradores multinacionais aos quais é
ligadíssimo. Por quê? Ganharam F-O-R-T-U-N-A-S com o pai, acreditam que
com o filho será muito melhor. Só que há 8 anos o celular estava surgindo, a
afirmação do filho mais esperto de Eliezer não tem qualquer credibilidade.
As licitações criadas
por FHC com a famigerada lei 4897 (a saída de FHC, que não conseguiu DOAR
a Petrobras, era demais, ficou com medo) empobreceram o Brasil no setor de
petróleo, enriqueceram ainda mais as multinacionais. Agora, o filho mais
portentoso de Eliezer quer entrar nessas licitações. Como 41 delas foram sábia mas surpreendentemente retiradas do leilão-licitação,
dá várias entrevistas através de órgãos de comunicação apaniguados.
Malandro, não ataca o
governo ou a Petrobras. Diz que eles estão com a razão, mas se esconde de
maneira amável e nada hostil: "Queremos participar com preços que sejam
bons para os dois lados. NINGUÉM QUER MACHUCAR NINGUÉM".
Faz reunião para
"exibir projetos de portos no Norte do Rio" (segundo ele, o primeiro
se chamaria Açu) mas pretende CONSTRUIR muito mais, principalmente uma
fortuna pessoal maior do que tem hoje.
PS - Generoso, diz que
vai investir 700 milhões nesse porto. De onde vem tanto dinheiro?
PS 2 - Ainda mais
generoso, só quer explorar petróleo em águas rasas ou em terras de superfície.
A prospecção em 5 ou 7 mil metros de profundidade deixa para a Petrobras. Não
podemos esquecer tanta generosidade, vem naturalmente do berço.
"Numa noite de
inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando
Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no
Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil
dólares. Nasce o Cebrap".
Esta história, assim
aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154
do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da
jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora
Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de
1969" era fevereiro de 69.
Há menos de 60 dias, em
13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do
terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos
Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos
estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham
sido presos.
E Fernando Henrique
recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil
dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na
Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos
americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
Os americanos não estavam
jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados.
Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro
"Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois
defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam
desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros
países mais ricos. Como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no
dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade
internacional" e passou a dar "aulas" e fazer
"conferências" em universidades norte-americanas e européias.
Era "um homem da
Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos
braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
Acaba de chegar às
livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a
máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais:
"Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da pesquisadora
inglesa Frances Stonor Saunders
(editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).
Quem "pagava a
conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues
pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma
coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas,
minuciosa e magistralmente escritas:
"Consistente e
fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma martelada, e que
estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as
energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito
recente" ("The Times").
1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações
autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie,
eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os
financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente
ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos
de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas"
(pág. 153).
2 - "O uso de fundações
filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para
projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de
3 - "A liberdade cultural não
foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na
verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização
sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com
a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág.
147).
4 - "Não conseguíamos gastar
tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como
podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era
impressionante" (pág. 123).
5 - "Surgiu uma profusão de
sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na
Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia),
mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na
Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão
e no Brasil" (pág. 119).
6 - "A ajuda financeira teria de
ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais
ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade
ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique
foi facinho.
Todas as DOAÇÕES
foram inqualificáveis, diminuíram o tamanho das nossas esperanças.
Comprometeram o passado não tão distante, o presente lamentável, não sabemos o
que nos reserva para o inimaginável futuro. Mas não há dúvida que o símbolo de
tudo foi a entrega da Vale, já uma das maiores
empresas do mundo. E FHC só não entregou outras como Petrobras, Furnas,
Correios, Banco do Brasil, e mais e mais, porque é covarde, encontrou resistência,
recuou.
Tentando defender o
indefensável FHC, o atual presidente da empresa afirma: "A Vale só
cresceu porque deixou de ser estatal". Ele se chama Roger Agnelli, mas nem é parente do gigante da Fiat. A Vale sempre foi potência, mesmo nos tempos de Eliezer
Batista e seu grupo. Que também destruiu e vendeu a "preço de banana"
(royalties para o presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, que criou a
frase em 1903) todo o manganês do Brasil.
Generoso, complacente, hipoglicêmico, iconoclasta, troglodita mas sempre
consciente, FHC não tirou Eliezer da jogada, apenas acrescentou, na
época, o primeiro filho. Se Petrobras, Furnas, Cemig, Itaipu-Binacional
e outras são prósperas como estatais, por que entregar a Vale? Isso se parece
muito mais com a definição-libelo do Aporelly que
coloquei como título. A Vale sempre esteve marcada
para morrer. Mas foi assassinada por FHC.
Os prejuízos da desadministração FHC não param aí. Devastou o
sistema financeiro, foi DOANDO o que podia, sempre com a justificativa
injustificável e mentirosa: "Precisamos conseguir recursos para pagar os
juros da dívida". E enquanto a "dívida" atingia níveis
alucinantes, o patrimônio ia ficando cada vez menor. Perdão, cada vez maior, só
que já na propriedade das multinacionais ou fantoches delas.
Agora, inesperada e
surpreendentemente, jogam na televisão e nos jornalões a discussão contraditória: "Precisamos DIMINUIR
O TAMANHO DO ESTADO, com esse tamanho é impossível administrá-lo". Desmentem a eles mesmos, o próprio FHC à frente, e
logo atrás dele os servos, submissos e subservientes Alckmin e Serra. FHC
mudou a ótica da ética, quer (ou tenta) se explicar, não consegue. Quem
destruiu o que pertencia ao povo não tem salvação.
O
"presidenciável" já Geraldo Alckmin, mediocríssimo,
sem convicção e sem força de expressão, se enrola todo, não sabe o que fazer,
mergulha na contradição: "Não vou PRIVATIZAR NADA, mas sou a favor
delas". Além de tudo, covarde. Se é a favor das
privatizações, deveria assumir e dizer: "VOU CONTINUAR A PRIVATIZAR,
ESSE É O PROGRAMA DO MEU PARTIDO. DAREI CONTINUIDADE AO QUE O PRESIDENTE
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO NÃO PÔDE TERMINAR".
Agora surge outro aspecto
calamitoso do governo FHC: o APAGÃO, fonte de mais escândalos e
irregularidades, mais prejuízos para empresas brasileiras. Esse assunto foi
ligeiramente sugerido na época, mas FHC no Poder era absoluto. Agora,
quem faz a revelação pública é Pinguelli Rosa, que
foi presidente da Eletrobrás. (Foi um péssimo presidente, mas conhece os fatos.
Só que Pinguelli é honesto em matéria de dinheiro).
Denúncia comprovada. Em
2001 houve o APAGÃO, FHC teve o cinismo de dizer que não sabia de
nada. (A mesma coisa que seus acólitos e apaniguados
dizem de Lula). Depois de "informado", FHC impôs um racionamento de
20%. Todos, comércio, indústria, serviços e a população inteira, tiveram que
cumprir. O que fez FHC, "generosamente"? Aumentou as tarifas
de energia TAMBÉM EM 20%.
Mas esse aumento foi
apenas para as DISTRIBUIDORAS, multinacionais e particulares, que GANHARAM
8 BILHÕES A MAIS. As geradoras, que são estatais (com exceção da Tractebel,
no Sul), não tiveram aumento algum, tiveram que ficar com o prejuízo. Essa
discriminação atingiu Furnas, Chesf, Eletronorte.
Aceitemos que FHC NÃO
SABIA DO APAGÃO. Mas é impossível confessar que não sabia do aumento de 20%
para as MULTINACIONAIS e de ZERO para as estatais. Que farsante.
Esses 8 BILHÕES
DOADOS às multinacionais de energia, nada a ver com o tamanho do Estado.
Tem a ver, e muito, com o tamanho das contas bancárias. De muitos. De quase
todos.
PS - O artigo acima foi publicado em
24 de maio de 2004. Está completando 4 anos, um dia completará 40. FHC
jamais será esquecido. Na sua campa, escreverão, "AQUI, JAZ",
e cada um completará da forma que bem entender. Todas N-E-G-A-T-I-V-A-M-E-N-T-E.