REVISÃO DE LITERATURA
HOMEOPÁTICA
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Dr. Elias Carlos Zoby
- Homeopata Veterinário/p>
Boericke, Boger, Case, C. Coulter, Dudgeon, Dunham, Gypser, Hering, Jahr, Kent, Organon comparado, Pierce, Roberts, Yasgur
O objetivo desta página é divulgar boas obras
pouco conhecidas.
Não serão considerados aqueles livros já
famosos pela boa qualidade, então você não vai encontrar aqui
críticas sobre a Encyclopedia de Allen, MM de Hahnemann,
Repertório de Kent etc.
Novos títulos estarão chegando conforme forem
resenhados, ou publicados e adquiridos.
Há uma pontuação, seguindo o sistema de
barras grossas e finas de Hering:
/ - livro interessante, merece ser lido, útil;
// - interessantíssimo, comprovada utilidade,
todo homeopata estudioso deve ter;
/ - excelente, comprovado, um 'must';
// - sine qua non, característico mais do que comprovado,
indispensável.
Essa pontuação não envolve tanto o gosto do
revisor pela obra, mas sim o quanto ele julga ser útil aos
homeopatas. Assim poderá ocorrer de um livro que o revisor ache
maravilhoso vir apenas com uma barra fina, ou sem barra nenhuma.
O inverso já é mais difícil de ocorrer.
// BOERICKE, William. Pocket Manual of Homoeopathic Materia
Medica and Repertory. 9ª ed. Philadelphia: Boericke
& Runion, 1927. 1042 p. Há traduções para o português.
- Fiquei relutante em falar do 'Boericke'
nestas revisões porque me parece um clássico e estes
dispensam comentários. Tenho visto nos cursos e
palestras que diversas pessoas não o conhecem e por isso
incluí. É um livro fácil de ser lido, tem inúmeros
medicamentos pouquíssimo conhecidos e ainda um pequeno
indicador terapêutico muito útil quando há um caso sem
sintomas característicos - seja qual for o motivo disso.
Tenho dois exemplares dele, um fica ao lado de minha
mesa, ao alcance da mão e outro na maleta de consultas
em domicílio. É minha porta de entrada da MM para
comparar os pacientes; não para estudar MM porque ele
não foi feito e nem se presta a isso, são necessárias
as patogenesias. A edição da B. Jain é mais útil
ainda porque vem com um capítulo especial para os
medicamentos muito raros, originalmente vinham apenas na
comparação com os outros; outro para os med. indianos;
os Lados do Corpo e Relacionamentos de Bönninghausen;
mas não se compara ao prazer de ter um original da
Boericke & Runyon. índice
/ BOGER, Cyrus Maxwell. Boenninghausen's
Characteristics Materia Medica and Repertory. 3ª ed.
New Delhi: B. Jain, 1995 (reimp.). 1332 p.
- Ampliação e atualização dos
repertórios anteriores do Velho Barão, baseada no
modelo dos Anti-Psóricos com a inclusão do Taschenbuch
. BOGER diz ter incluído todas as correções feitas por
Bönninghausen num exemplar do Taschenbuch
presenteado a Carrol Dunham. Foram acrescentados novos
medicamentos. Há muitas rubricas feitas de forma mais
completa do que em Kent, além de outras que faltam neste
último. Como todos os repertórios do 1º modelo de
Bönninghausen, as rubricas vêm em cada capítulo
anatômico ou fisiológico (apetite, menstruação, febre
etc.) com seus complementos logo após, mas as
agravações, melhorias e concomitâncias ao fim do
capítulo. Uso-o com frequência. Muitos bons homeopatas
não o conhecem, mas nenhum que o conheça deixa de
usá-lo. índice
CASE,
Erastus Ely. Some Clinical Experiences of Erastus E.
Case, M.D.. Greenville: Van Hoy e Jay Yasgur, 1991. 329
p.
- O principal se ocupa dos casos clínicos,
sintomas bem definidos e já organizados. Poliomielite,
gangrena, malária, pleurisia, epilepsia... enfim, um
relato da clínica diária de um grande homeopata. Sua
credibilidade pode ser medida pelas pessoas que estavam
presentes e discutiram os casos, gente como Boger, R. F.
Rabe, Stuart Close, Kent... (geralmente apenas
comentando, mas por vezes contestando seriamente como no
caso à p. 45 em que ele usou psor após calc e só
depois o indicado pelos sintomas que era sulph, baseado
na crença de que certos medicamentos não devem ser
dados após certos outros. E Clark resumiu "Essa é
a velha idéia sob outra forma, de prescrever sob alguma
outra regra que não a lei dos semelhantes". O bicho
pegou!!) Ele sempre dá os sintomas que levaram à
prescrição, alguns têm até a ficha repertorial. Ele
usava diversos repertórios mas principalmente o Therapeutic
Pocket Book e seguia os princípios hahnemannianos
do Organon e Doenças Crônicas quase literalmente.
Alguns artigos sobre 1ª e 2ª prescrições,
patogenesias de m-aust e kali-p etc.. É muito útil
principalmente para ser usado como banco de casos
clínicos no treinamento dos cursos de formação. Para o
homeopata experimentado muitos dos casos são óbvios mas
outros nem tanto.
- "Uma garota de dez anos, cabelos
castanhos, temperamento nervoso, teve escarlatina um ano
atrás e não tem estado bem desde então. Epistaxis
quase todo dia por várias semanas, algumas vezes vários
ataques num dia, usualmente com face corada,
frequentemente com calor e dor na testa que são
aliviados pela sangramento nasal. Transpiração fácil,
que é apta a ser ofensiva, especialmente nos pés. Bufo
cm de Fincke, um papel. Curou de imediato. Sua saúde
melhorou maravilhosamente." índice
// ou
// COULTER, Catherine R. Portraits of the Homoeopathic
Medicines: psychophysical analyses of selected
constitutional types. Berkeley: North Atlantic Books, 1986-. 3 v.
além de um complemento sobre indiferença.
- // para homeopatas experientes e // para os outros. Descreve em profundidade o
quadro psíquico dos maiores policrestos e passa mais
superficialmente sobre os sintomas físicos, é realmente
o que diz o título. Seus relatos dos quadros mentais,
motivações, reações mais típicas etc. são para quem
deseja entender o medicamento. Às vezes várias páginas
de texto são usadas para descrever apenas uma
característica mental, ilustrando com exemplos. Com
frequência ela cita sintomas de autores clássicos como
Hahnemann, Boger... Sintomas que não parecem ter maior
importância, sem modalização, diz como eles se
apresentam no paciente e faz o leitor perceber a
importância. Dá vida e cor à matéria médica. É uma
das poucas MM realmente clínicas, com tudo que isso
implica em utilidade e subjetividade. Uma aula de MM!
- "Durante uma aula sobre nat-m, que
enfatizava a natureza fortemente monogâmica desse tipo,
uma jovem aluna phos chegou para o professor e
compenetradamente disse, 'Agora eu sei que sou nat-m, eu
sou completamente monogâmica por natureza'. 'Estranho',
ele replicou, 'conheço você há cinco anos e durante
esse tempo você teve muitos namorados'. 'Sim', ela
respondeu, seus expressivos olhos iluminados, 'mas sempre
um de cada vez'." índice
// DUDGEON,
Robert Ellis. Lectures on the Theory and Practice of
Homoeopathy. New Delhi: B. Jain, 1994 (reimp.). 565 p.
- O pequeno tamanho desse livro engana. As
letras são pequenas e apertadas e se fosse feito com os
tipos mais comuns teria certamente um volume proporcional
ao seu valor. Começa pela biografia de Hahnemann, segue
com a Homeopatia antes dele, patologia, teorias de cura,
agravação, isopatia, experimentações, efeitos
primário e secundário, doenças crônicas, seleção do
remédio etc.. É um curso teórico completo, só falta a
prática e esta não pode ser posta em palavras. O estilo
mantido ao longo de toda a obra é primeiro discutir o
que outros autores pensam sobre o assunto e depois dizer
o que ele mesmo pensa. Apresenta as opiniões sem
distorcê-las, ainda que muitas vezes ao final discorde e
argumente contra elas. Dudgeon foi talvez o autor mais
meticuloso que conheço, sua tradução do Organon simplesmente compara todas as edições
parágrafo por parágrafo. índice
// DUNHAM, Carroll. Lectures on Materia Medica.
5ª ed. New Delhi: B. Jain, 1994 (reimp.). 419 p.
- São 2 volumes encadernados num só.
Contém alguns artigos teóricos, principalmente sobre
estudo da MM e prescrição. Os medicamentos, talvez uns
50, são mostrados como resultado do estudo analítico
dos sintomas (o que chamamos aqui no Brasil de 'método
de Jahr'). O autor vai descrevendo os principais usos
de cada medicamento nos diversos sistemas e ou partes do
corpo, seguindo mais ou menos a ordem hahnemanniana
clássica, e dizendo sobre quais sintomas patogenéticos
esse uso se baseia, analisando e comentando a
sintomatologia, falando de sintomas primários e
secundários, algumas vezes interpolando com casos
ilustrativos. Às vezes eu o utilizo para estudo das
patogenesias quando quero saber quais daqueles sintomas
são considerados importantes por um homeopata mais
experiente, literalmente consultando Carrol Dunham. índice
// Classical Homoeopathy Quarterly.
Editada por K. H. Gypser e publicada pela Karl F. Haug. 40 p. em média.
- Há colaborações de Will Klunker, Jost
Künzli, Thomas Genneper etc. Realmente a melhor revista
que conheço. Artigos aparentemente simples, curtos, mas
úteis ao homeopata praticante. Alguns artigos versam
sobre obras clássicas ainda não traduzidas para o
inglês como os aforismos de Hipócrates comentados por
Bönninghausen, a MM de Hartlaub e Trinks etc.. Nota-se
claramente que foi escrita para quem usa. Não há
preocupação em convencer alopatas, nem provar que
funciona etc.. Ênfase em casos clínicos e sua
correspondência patogenética, confirmação de sintomas
e repertório. Tem coisa mais chata do que caso clínico
em que o escritor dá a doença e não dá os
característicos? Que Homeopatia funciona a gente já
sabe!! índice
// HAHNEMANN,
C. F. S. Organon of Medicine. Tradução da 5ª ed. por
R. E. Dudgeon. New Delhi: B. Jain, 1995 (reimp.). 224 p.
- O que a obra básica da Homeopatia está
fazendo aqui? Não é o Organon que está sendo
recomendado, é esta versão peculiar de Dudgeon. Baseada
na 5ª ed. com acréscimo da 6ª. Não é mais uma
simples tradução do Organon, é comparada. Ela é
talvez uma das poucas, se não a única que permite ao
leitor saber, por ex., que o § 161 diz até a 5ª ed.
que a agravação homeopática (como ação primária do
medicamento e apenas aparente aumento dos sintomas
originais) nos casos crônicos se dá nos primeiros 10
dias após uma dose que deve continuar a agir por
muitos dias; e na 6ª ed. diz
que tal aumento só pode aparecer ao final do tratamento
quando a cura estiver quase completamente finalizada se
o medicamento for administrado em dose suficientemente
pequena e em dinamizações gradualmente mais altas;
e, ainda mais, que esse § não consta nas duas
primeiras edições e nem na Medicina da Experiência
(protótipo do Organon). Ou que no § 145 da 1ª ed.
Hahnemann recomendava a alternância de medicamentos
quando não houvesse um único cobrindo quase
completamente os sintomas do caso. Dada a dificuldade
atual para aquisição das primeiras edições do
Organon, esse livro tenta suprir esta lacuna. índice
// The Journal of Homoeopathic Clinics;
editado por C. Hering e H. Noah Martin. Vol. 1 e 2. Reimpresso em 1990 pela
'The New England School of Homoeopathy'. 294 p.
- É uma coleção de artigos focados
principalmente em 274 casos clínicos, com citação da
origem. Muitos dos sintomas dos Guiding Symptoms de
Hering são provenientes do que ele chamava model
cures e muitas dessas estão nesse livro. Casos de
Jahr, Hahnemann, Lilienthal, Lippe (pai), Gross, Guernsey
etc. etc.. Inclui sintomas característicos dos
medicamentos, alguns resumos de aulas do Hahnemann
Medical College... Logo o primeiro artigo versa sobre
como são obtidos os característicos dos medicamentos,
por C. Hering, este é um 'must'. O livro é uma cópia
do exemplar que pertenceu a Wm. Boericke, inclusive com
sua assinatura, diversas anotações e até correções
manuscritas. Quer mais?! índice
// JAHR, G. H. G. A Prática da Homeopatia:
princípios e regras. Tradução por Marco Antônio M. Santos.
Rio de Janeiro: GEHJTK, 1987. 351 p.
- Mesmo sendo Jahr um clássico e deve ter
vendido bem, esse livro não é tão estudado como
deveria. Em minha opinião um aprendizado sólido da
teoria homeopática deveria começar pelo Organon, Prática da Homeopatia de Jahr, Filososfia de
Kent e Lectures on the Theory and Practice de Dudgeon. Jahr segue Hahnemann de perto mas tem um
estilo mais detalhado, esmiúça melhor suas posições e
fala do que ouviu e viu o mestre fazer. Tem um excelente
índice que é quase um resumo do livro. O estilo de
escrita com parágrafos muito longos é cansativo. É
como se uma 'metralhadora' estivesse falando. Ao falar
usamos muitas frases desnecessárias que tornam cansativa
a leitura de sua transcrição (mesmo defeito encontrado
em Dudgeon). Mas o conteúdo espetacular faz valer a
pena. Além disso há um capítulo referente ao Método
Analítico de estudo das patogenesias que sozinho vale
todo o esforço. Segundo Jahr, era o que Hahnemann
praticava. Com certeza Dunham, Kent, Nash e
outros usaram esse método pois isso pode ser comprovado
pela leitura de suas MM. índice
// KENT, J. T. Kent's Minor Writings on Homoeopathy.
New Delhi: B. Jain, 1988. 766 p.(esgotada, mas ainda é editado
pela Haug na Alemanha.) Editado e compilado por K. H. Gypser.
- São os escritos menores de Kent em ordem
cronológica, com a fonte bibliográfica original do
texto e inclui 49 artigos que ficaram de fora dos Lesser
Writings (editado por Sherwood). Um desses novos
artigos - "Typhoid Fever"- pode-se dizer que é
fundamental ao entendimento da técnica kentiana de
repertorizar os casos agudos. A leitura cuidadosa dele,
junto com o "Diphtheria", tira de vez todas as
dúvidas sobre o assunto. Nos escritos menores está
registrado com maior fidelidade seu pensamento e
técnica. É bom lembrar que na Filosofia estão as aulas
dadas para alunos do curso de formação, enquanto nos
escritos menores são dirigidos aos homeopatas.
Exemplificando, na Filosofia Kent diz que numa
faculdade de medicina não poderia falar muito sobre a
susceptibilidade à psora; nos escritos menores ele vai
além e fala sobre a correspondência de órgãos como
entendida pelos seguidores de Swedenborg. Além disso o
ordenamento cronológico permite acompanhar a evolução
do pensamento do autor. índice
/ PIERCE, Willard Ide. Plain Talks on Materia Medica
with Comparisons. New Delhi: B. Jain, 1995 (reimp.). 792
p.
- É uma espécie de MM comentada feita
sobre o Handbook de T. F. Allen. O autor começa com um
pequeno repertório do texto, na MM mesmo ele analisa os
medicamentos, comenta, dá seus usos clínicos e diz em
que dinamizações costuma usá-lo (na maioria das vezes
em baixas). Gosto muito dele porque é um texto fácil,
enxuto e dá os principais aspectos do medicamento. Não
inclui os medicamentos de rara prescrição. Uso-o quando
quero 'dar uma lida' num medicamento. índice
/ ROBERTS, Herbert Alfred. Sensations As If.
Philadelphia: Boericke & Tafel, 1937. 519 p. Editado também
pela B. Jain.
- Feito sobre trabalho anterior com o mesmo
título de A. W. HOLCOMB. Talvez o 1º rep.
exclusivamente de sintomas subjetivos. Abrange todas as
partes do corpo. Está longe de ser completo mas é de
imensurável ajuda em casos oligossintomáticos com uma
sensação rara e estranha, e ele foi feito para isso. Eu
mesmo já o utilizei num caso de uma cadela que ao andar
parecia como se o chão fosse mais alto, ou como se a
cada passo fosse subir um degrau. E foi muito fácil,
bastou procurar ground no capítulo mental e
achar Ground or stairs came up to meet him,
depois foi só conferir na MM. A maioria de suas rubricas
mentais estão indevidamente como ilusão nos atuais
repertórios, muitas ficam totalmente em desacordo com o
texto patogenético quando tiradas do conceito
'sensação como se'. As rubricas das partes continuam
sendo encontradas apenas nele e no Unabridged de
James WARD. Guardo o exemplar que pertenceu a Elizabeth
Wright-Hubbard e William Boyson. índice
// YASGUR,
Jay. A Dictionary of Homeopathic Medical Terminology.
3ª ed. Tempe: Van Hoy, 1994. 230 p.
- Quantas vezes o homeopata, novato ou
experiente, não se depara com termos de significado
obscuro mesmo para os que têm domínio do inglês?
Expressões como caduca, milkleg, miserere,
mogigraphia... a maioria são termos em latim, que
nós atualmente desconhecemos, mas outros são antigas
expressões inglesas caídas em desuso. Milkleg,
o mesmo que phlegmasia alba dolens, é flebite
ocorrendo no pós parto, com grande edema, geralmente nos
membros inferiores e tem esse nome porque pensavam que
fosse devida a uma condição doentia do leite das
mulheres. Plastic exudation é o exudato que
ocorre nas áreas feridas e é agente curativo. Este
dicionário esclarece esse tipo de palavreado e me tem
sido utilíssimo na leitura das patogenesias. Por vezes
há uns deslizes, como em herpes circinatus que
é simplesmente dermatofitose e ele define como dermatite
herpetiforme. Mas são excessões e talvez já estejam
até corrigidas na 4ª ed. Ao final do livro há um
obituário de homeopatas famosos. índice
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