Sobre a Transposição do rio São Francisco

Autor: Prof Dr Francisco José Gondim Coutinho

 

 

A idéia da transposição vem desde 1886, proposta pelo engenheiro Tristão Alencar de Lima, abandonada por dificuldade técnicas a elevação das águas para transpor a chapada do Araripe. O atual projeto constará de duas tomadas de água para abastecer o eixo Norte para tranportar água para o rio Brígida em Pernambuco, Jaguaribe no Ceará, Apodi e Piranhas Açu no Rio Grande do Norte e Piranhas na Paraíba. No Eixo leste a captação será na barragem de Itaparica para levar água para as bacias do rio Moxotó em Pernambuco  e  Paraíba na Paraíba. Haverá a possibilidade  de transportar água para o agreste pernambucano em mais uma modificação do projeto inicial proposta pelo governo de Pernambuco poderá levar água a regiões de solo fértil do Semiárido pernambucano. A área utilizada será de 750 km²,  alcançando 34 munucipios do Nordestre Setentrional, canais barragens de regulação, estações elevatórias, usinas hidroelétricas, obras de drenagem, redes de distribuição de energia elétrica, instalações de bombeamento, 591 km de canais, 30 km de aquedutos, 22 km de túneis, 25 reservatórios, 5 km de adutoras, com previsão de 18 anos para terminar. A primeira fase terminará em quatro anos e cada modulo será implantado quandp a demanda suplante 50% da vazão de projeto.

O que nos preocupa nesse projeto é :

  1. O uso de canais- A adoção do uso de canais nos países pioneiros no uso da irrrigação como a Índia e a China, hoje estão as voltas com problemas do uso racional das águas, promovendo projetos que incluem  retificação e revestimento dos canais para diminuir as perdas com infiltração que aumenta 3,5 vezes em terrenos de aluvião.
  2. Perda total de água- No Projeto São Francisco estimou-se as perdas em percentuais muito baixos de 4%, sabendo-se que na região Nordeste as perdas por evapotranspiração alcançam niveis muito altos de 2000 mm ano alem das perdas por infiltração nas bacias dos rio perenizados. A quantidade de água que vai entrar numa ponta e quanto e em que condições de sanidade chegará na outra ponta em um sistema aberto .
  3. Poluição- Os nossos rios e barragens se transformaram em verdadeiras cloacas a qualidade da água que chegas nas estações de tratamento tem piorado principalmente nos períodos de estiagem. Como se vai cuidar das águas através de canais e rios perenizados ? Será que a tradição mundial  vai desaparecer no nosso projeto de transposição ? Dados da ONU dizem que nos países de terceiro mundo cada dez litros de água jogadas no rio 9 são de esgotos não trastados e metade dos ris no mundo estão pluidos.
  4. Burocratização- Em um projeto dessa magnitude multidisciplinar os executores usaram consultorias ignorando as comunidades científicas e tecnológicas do país e do estrangeiro. O que não estão fazendo a China e a Índia. Aqui existem universidades e instituições com recursos humanos e laboratórios na áreas de Geoprocessamento, Geomorfologia, Geologia, processamento de dados, Engenharia Civil, irrigação piscicultura e outros. Ignorou a experiência de outrosd países que usaram modelos semelhantes como: O aqueduto Tjao Segura na Espanha- O projeto não conseguiu o objetivo principal e induziu uma demanda maior de água, necessitando novos projetos de transposição a serem construídos. Apresentou problemas de salinização nos solos irrigados. Projeto Chavimochic no Peru- Retira água no rio Santa, com uma vazão média de 130 m³/s nos canais e adutoras. Existem graves problemas de salinização do solo e de manejo da irrigação, pois não foi elaborado um plano de irrigação e cultivo na região, como é o caso do nosso projeto não existe planos de irrigacão. Problemas financeiros de auto-sustentação, a tarifa paga não é suficiente para a amortização dos investimentos e manutenção. Colorado Big Thompson,  canal nos EUA, condtruido em 1938 ligando o rio Colorado ao rio Big Thompson. Apresentou problemas de conflitos sobre o direito das águas entre estados de fronteira e problemas técnicos de introdução de poluentes  e outros contaminantes nos reservatórios da bacia receptora.
  5. O estado da arte- Aponta para a experiência de Israel (Dov Sitton, Desarollo de lãs fuentes hídricas), onde abandonaram o transporte de água por meio de canais pelas tubulações de alta pressão permitindo o abastecimento uniforme e ininterrupto em lugares distantes.A alta pressão torna possível irrigar por aspessores em lugara da irrigação por inundação.  Incorporação de tanques de concreto e dos depósitos abertos para constante abastecimento de água. A água é bombeada a noite onde a energia é mais barata.
  6. Análise Comparativa- Vantagens do modelo israelense-Evita-se a salinização, poluição e as perdas. Uniformisa-se a distribuição, chegando água para todos até o final da linha, permitindo melhor gerenciamento para uso humano e animal,irrigação e industrial. Localisa-se o impacto ambiental no caso do São Francisco às margens da bacia nos últimos 15% do percurso do rio até o mar.As águas serão canalizadas para os polos de consumo humano, podendo-se fazer derivações para regiões propicias à agricultura irrigada.
  7. Revitalização-É preciso lembrar que viemos acordar para o problema do racional,  ou seja, a otimização do uso das águas do São Francisco quando 75% já estava comprometida na geração de energia e a vazão diminuída pelo uso predatório do manancial e sua matas ciliares. Há quanto tempo se clama pelo socorro ao velho Chico ? Estamos jogando um fardo pesado ao seu combalido ecosistema, quando apresenta sinais evidentes de exaustão. É preciso aplicar uma terapia intensiva de revitalização antes que aconteça o inevitável. Combater o desmatamento para a fabricação do carvão vegetal usado na fabricação do ferro guza. Restituir-lhe suas matas ciliares para barrar seu assoreamento. Revitalizar seus afluentes, alguns já morreram. O projeto São Francisco prevê a construção de barragens nos seus afluentes em Minas Gerais a fim de regulaizar suas vasões e gerar energia. A possibilidade da interligação das bacias do São Francisco e do rio Tocantins é uma necessidade evidente fica claro que a vazão do São Francisco não é suficiente para abastecer o consumo humano irrigação e industria de todo o Nordeste.para um futuro desenvolvimento desta região. João Suassuna pesquisador da FUNDAJ, aponta para a falha tectônica no estado de Tocantis nas lagoas de Jalapão e Veredão como uma possível local para transposição do Tocantins para o rio São Francisco.

8.      Panorama Global-A água doce é um bem escasso no mundo, do total da água 97 %                           está nos oceanos, 2% nas calotas polares e 1% da água doce nem toda potável , há quem estime 0,7%.O Brasil detém 12% da água doce disponível  no mundo, sendo 3% no nordeste e 80% na região amazônica onde está localizada apenas 5% da nossa população.

           O diretor do instituto Hidrológico de São Petersburgo Igor Chiklamanov autor de um                 trabalho de comparação estatística sobre recursos hídricos mundiais  que
se tomou referência, escreve no World Water Resources (elaborado pela Unesco).

"Em 2025 a maioria da população do planeta enfrentará condições de abastecimento

 fracas ou catastroficamente fracas".

9. Projeto de Integração Nacional -Considerando que o problema da água, ennvolve  uma necessidade básica,  com a visão de um bem finito e precioso para a vida, ele deve ser encarado com a devida prioridade e competência, para isso, é necessário que se crie um órgão especifico com status de ministério para gerencia-lo um Ministério de Recursos Hídricos- que englobaria todas as instituições técnicas e científicas correlatas.

O Brasil detem 12% da água doce do mundo  mal distribuída. O desabastecimento não é um problema do Nordeste ele se faz notar nas grandes capitais como é o caso  de São Paulo, é verdade que os problemas não são os mesmos do Nordeste, mas ha falta de planejamento e racionalização do uso dos recursos disponíveis. Hoje contamos com ferramentas poderosas para o planejamento o GPS o GIS e as imagens de satélite em 3D, que nos guiarão pelos caminhos das águas.A estratégia no país seria de mapear as depressões e depósitos subterrâneos, para onde seriam direcionados todo o excesso de água das cheias e dos períodos de inverno, servindo de pulmões para o abastecimento de água nos períodos secos.

10- Projeto setorial do Nordeste -Alem das transposições do São Franciscoo, Tocantins e outros estudos de viabilidade de interligações. Aprofundar os pequenos e médios açudes para diminuir o espelho d’água com a finalidade de minimizar  a evaporação e construir mais cisternas. A perfuração de poços é um problema que merece uma abordagem mais realista, pois contrariando a visão de alguns que afirmam que o problema da água será resolvido pela perfuração de poços, temos de considerar que, 75% do semi­árido estão situados na formação geológica do cristalino, onde as vazões são geralmente baixas e as águas subterrâneas são muito duras, isto é, impróprias para o consumo humano, pela grande concentração de sais dissolvidos, necessitando passar por um processo de dessalinização. Estes poços podem ser utilizados em locais de baixo consumo. Os outros 30% do semi-árido estão situados na formação sedimentar, aí então, poderemos ter boas chances na exploração das águas subterrâneas Como vemos o projeto das águas é muito mais complexo do que a transposição do rio São Francisco, uma vez que, a mesma não vai abranger todo o nordeste.É preciso planejar para o futuro, criar um sistema integrado competente de distribuição e  uso racional dos nossos recursos hídricos, sem interesses paroquiais e que funcione em beneficio de todos,dirigido por técnicos experientes, sem vinculação eleitoral.

Visite os sites abaixo você poderá encontrar informações importantes sobre a racionalização do uso dos recursos hídricas e sobre irrigação em diversos países.


China Efficient Irrigation
150 Years Water California History
India 2003 Map
Land and Water