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GRÊMIO SER SUDESTE |
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Informativo nº G33502 Ref.: Desafios do Novo Governo Federal na Área da Infância e Juventude; |
S. Paulo, 12 de dezembro de 2002. |
Para: Assessorias de Imprensa e comunidade em geral
A Febem/SP e seus 280 milhões de motivos...
Se ainda hoje temos campos de concentração, onde se praticam toda forma de torturas, castigos cruéis e tratamentos desumanos é porque existem muitas pessoas e entidades interessadas na manutenção e continuidade das “febens brasileiras”.
Vejam que a Comissão de Diretos Humanos da OAB/SP propôs o fechamento da Febem/SP em 1997. Mas, um grupo de pessoas e entidades disseram ao Governador Covas que a proposta era, tão somente, “uma mudança de nome” (sic). Até mesmo a relatora da CPI da Febem/SP (1998-1999) foi ludibriada neste quesito, produzindo um relatório final no qual alegava que a própria OAB/SP havia proposto uma “reorganização e mudança de nome da fundação”.
A falta de Política Pública para Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente é resultado direto do boicote das entidades e corporações que não querem ser fiscalizadas pela comunidade local. Por isso, as eleições dos conselhos tutelares e conselhos de direitos (municipais, estaduais e federal) são freqüentemente manipulados a fim de impedir que pessoas e entidades independentes assumam e, conseqüentemente, realizem uma fiscalização independente nos diversos programas voltados à criança e ao adolescente.
No caso dos Conselhos de Direitos, as manipulações permitem que agentes públicos (autarquias, sindicatos, conselhos de classe e fundações) usurpem as vagas da sociedade civil, deturpando completamente a diretriz constitucional que prega o controle social dos atos do Poder Público.
Em SP, a OAB paulista, ocupando uma vaga da sociedade civil no Condeca (Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente), chegou mesmo ao absurdo de votar contra a proposta de fechamento da Febem/SP, em 1998. Vejam que nenhum dos programas da fundação tem o aval do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de S. Paulo) conforme determina o artigo 90 da lei Federal 8069/90.
O Dr. Luiz Fernando Camargo de Barros Vidal, Juiz do 1º Tribunal do Júri da Capital, já fizera o seguinte questionamento sobre a Febem/SP: “Por que o Juiz coloca lá dentro? Por que o Promotor pede a internação? Onde está o advogado?(...) É muita cara-de-pau colocar na Febem e depois vir discutir...” (Debate – Adolescentes em conflito com a Lei – OAB/SP – 25/07/2002 – 18h30).
Destaque-se que até mesmo o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) compõe-se de corporações de agentes públicos e fundações (CUT, OAB, Conselho Federal da Assistência Social, CNBB – Fundação S. Paulo, Fundação Abrinq, Associação Brasileira dos Magistrados, etc) representando a sociedade civil (sic). Isto impede que tenhamos uma verdadeira política pública. Vejam que chegaram a propor um “vale” para que as próprias entidades interessadas captassem recursos junto às empresas privadas, assim como ocorre com os “incentivos à Cultura”, modelo falido, o qual permite que cada empresa ou corporação crie seu “instituto cultural” e aplique os recursos incentivados (recursos públicos) em projetos de seu próprio interesse.
Curiosamente, identificamos que várias corporações presentes no Conanda também estão presentes no CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), o qual está sendo investigado por suspeita de conceder certificados de filantropia a entidades que não prestam serviços gratuitos nos termos legais: Pontifícia Universidade Católica, Hospital Sírio Libanês, Hospital Santa Catarina, Hospital Albert Einstein, etc. Este último declarou que atende 10 mil crianças na favela Paraisópolis, o que é desconhecido das autoridades publicas locais. Além disso, a distribuição de 10 mil “cestas básicas” em dezembro, no valor aproximado de R$ 400 mil, representa 0,1% dos cerca de R$ 400 milhões que o hospital fatura sem recolher os impostos que seriam devidos se não houvesse a irregular isenção.
O “novo governo federal” não será muito diferente dos governos anteriores, pois as corporações que dominam os conselhos continuarão as mesmas. Quem é que vai abrir mão do Poder de manipular R$ 280 milhões (orçamento da Febem/SP para o ano de 2003)? As entidades e corporações estão umbilicalmente ligadas à Fundação, pouco importando que até mesmo um Ministro do STF tenha dito que era melhor um adolescente ficar na cadeia do que na febem.
Finalizando, lembramos que o exemplo da Cidade de São Paulo indica que um futuro “Governo da Reconstrução Federal” ficará muito parecido com o governo descrito por George Orwell na sua fábula “A Revolução dos Bichos”, no qual “até mesmo os ratos são considerados companheiros”.
Fechar a Febem/SP. Diga não à tortura. – www.oocities.org/fecharfebem